Um mini-guia sobre o Final Four da Liga das Nações, uma nova ...

14 Junho 2023

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Durante os próximos dias, a Liga das Nações coroará o campeão de sua terceira edição. E a competição, que pareceu uma ideia muito boa de início, não engrenou tanto dessa vez. O fato de dividir atenções com a preparação à Copa do Mundo tirou embalo dos times na fase de grupos, numa Data Fifa longuíssima em junho de 2022 e os atos finais em setembro. Também há reflexos do Mundial na empolgação dos times que, agora, buscarão o caneco no Final Four, em partidas que acontecerão em Roterdã e Enschede. Entretanto, permanecem as esperanças de que a fase final garanta mais animação. Foi assim em 2021, por exemplo, quando os finalistas entregaram um ótimo torneio mesmo depois da Eurocopa. Desta vez, são muitos times em busca de um troféu que pode valorizar trabalhos.

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Foto Trivela

A Croácia, pelo que fez na Copa do Mundo, deveria ser vista como favorita. É um time que se acostumou aos grandes palcos nos últimos anos e possui bons talentos. A questão é lidar com desfalques importantes, sobretudo na zaga. E o desafio na semifinal será grande, contra Países Baixos / Holanda, que joga em casa e possui um dos conjuntos de jogadores mais qualificados. Do outro lado da chave, a Itália reúne a base campeã europeia e vem mordida depois da ausência na Copa do Mundo. Encara uma Espanha que tateia o caminho em meio à renovação e que vê seu elenco perder forças, mas ainda capaz de brigar em alto nível.

Abaixo, preparamos um mini-guia sobre a fase decisiva do torneio. Holanda e Croácia se pegam nesta quarta, às 15h45, com transmissão na ESPN, no Star+ e no SporTV. Já na quinta-feira, no mesmo horário e nos mesmos canais, é dia de Espanha x Itália. A decisão acontece às 15h45, no próximo domingo.

Croácia Modric, da Croácia (Richard Heathcote/Getty Images) O que a Nations pode significar

Não dá para dizer exatamente que um título da Liga das Nações seria mais marcante do que as duas campanhas recentes da Croácia na Copa do Mundo. A marca desta geração está expressa através dos Mundiais, com a caminhada até a decisão de 2018 e também o sucesso em busca das semifinais de 2022. O troféu continental, no fim das contas, seria mais um complemento ao impacto dos croatas – e a taça mais acessível, pensando que o caminho tende a ser mais duro rumo à Euro 2024. Também pode ser a última oportunidade para Luka Modric. O meio-campista continua jogando o fino mesmo com 37 anos, mas a idade elevada não transmite tantas certezas quanto à sua presença na Eurocopa. Os axadrezados precisam aproveitar seu maestro ao máximo, especialmente considerando sua sede por novas façanhas.

Como foi a campanha

A Croácia estava no grupo da Liga das Nações em que a França aparecia como favorita, enquanto a Dinamarca vinha em ótima fase. Apesar disso, os balcânicos buscaram a liderança mesmo com um péssimo início. Durante a primeira rodada, a Croácia perdeu por 3 a 0 para a Áustria em Osijek, num resultado que poderia ter sido pior. Também só empataram com a desinteressada França em Split, antes de fecharem a Data Fifa de junho de 2022 com vitórias sobre a Dinamarca em Copenhague e sobre a própria França em Saint-Denis. Já na reta decisiva, bastou aos croatas ganharem dos dinamarqueses em Zagreb e darem o troco sobre os austríacos em Viena. Terminaram com um ponto à frente dos escandinavos na liderança.

O clima desde a Copa

A Croácia pode não ter repetido seu desempenho na Copa do Mundo de 2018, mas de novo saiu muito melhor do que a encomenda. Quando existiam desconfianças sobre o fôlego da geração envelhecida no Catar, a equipe ganhou corpo durante a competição e registrou seu grande feito ao eliminar o Brasil. Mais importante, novos protagonistas ascenderam no elenco de Zlatko Dalic e mostraram que dá para esperar um alto nível competitivo mesmo sem contar mais com a mesma gama de protagonistas – após o adeus de nomes como Mario Mandzukic e Ivan Rakitic. O recomeço da Croácia na Data Fifa de março guardou resultados satisfatórios. O empate por 1 a 1 cedido contra Gales em Split não foi dos melhores, mas o time se recuperou ao derrotar a Turquia por 2 a 0 em Bursa. Está na liderança do Grupo D das eliminatórias da Euro 2024.

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Luka Modric, da Croácia (Alex Grimm/Getty Images) O destaque

A Croácia sabe que não contará com Luka Modric por muito tempo. Aos 37 anos, o meio-campista segue com um nível de comprometimento altíssimo e a qualidade intacta dentro de campo. Porém, o adeus claramente está mais próximo para o maestro, mesmo que ele prefira não falar sobre aposentadoria. Depois da Copa do Mundo, o capitão croata prometeu seguir em frente pelo menos até 2023, com o Final Four na Liga das Nações no horizonte. Não parece ser este o momento da despedida do craque, mas é uma ocasião para que ele busque um troféu pelos axadrezados. Tendo em vista a cátedra de Modric pelo Real Madrid, é bem possível que ele guie os croatas a mais uma decisão. Não há outro jogador no torneio mais vitorioso que ele, e certamente usará essa influência em busca de atalhos pelo caneco. Será uma ocasião, sobretudo, para apreciar sua magia.

O elenco

O elenco da Croácia não muda muito em relação ao que se viu durante a Copa do Mundo. Dominik Livakovic mais uma vez chama atenção no gol. O momento deve ser crucial ao goleiro, especialmente quando a tendência é a de que ele deixe o Dinamo Zagreb em busca de uma oportunidade nas grandes ligas europeias. Por conta dos desfalques na zaga, Josip Sutalo poderá se valorizar diante do bom trabalho que faz no Dinamo Zagreb, com a companhia de Domagoj Vida, em alta após o título grego com o AEK Atenas. Na lateral, Josip Juranovic vem de uma reta final de temporada muito boa desde que se transferiu ao Union Berlim e pode aparecer ainda mais depois da ótima Copa. No meio-campo, Marcelo Brozovic é uma das referências da Internazionale vice-campeã europeia e mais um que se sobressai pelo momento. Segue dando sustentação ao lado de Luka Modric e Mateo Kovacic, este com mais dificuldades no caótico Chelsea. Já no ataque, Ivan Perisic vem de meses agridoces com o Tottenham e precisa se reerguer, enquanto Andrej Kramaric e Bruno Petkovic são as principais alternativas para a faixa central. Já o único estreante do time é o atacante Dion Drena Beljo. O garoto de 21 anos vira uma aposta, após ganhar espaço no Augsburg durante a última Bundesliga.

O treinador

Zlatko Dalic chegou ao comando da Croácia num momento crítico, quando o time não engrenava em meados de 2017, durante as Eliminatórias para a Copa do Mundo. Tinha um currículo limitado como treinador e pouca certeza ao redor do seu nome. No fim, se tornou uma figura decisiva para o sucesso dos axadrezados. Pode não ser um técnico tão inventivo, mas não se nega o senso coletivo que criou ao redor dos croatas e a maneira como conseguiu extrair o melhor de seu elenco em dois Mundiais. Possui um status respeitabilíssimo dentro do país e também uma longevidade invejável no cargo, com seis anos de trabalho. Não tem o mesmo cartaz de outros concorrentes na Liga das Nações. Compensa com uma relação bastante próxima com seus jogadores. Manteve a estabilidade mesmo em meio a resultados não tão inspiradores no último ciclo e conduz um processo de renovação interessante, mesmo sem abrir mão de seus veteranos. Possui uma experiência valiosa ao Final Four.

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Os convocados

A lista da Croácia não é necessariamente a melhor possível. Há desfalques sentidos na convocação de Zlatko Dalic. O principal deles é Josko Gvardiol, lesionado depois da estupenda Copa do Mundo que fez. Vale lembrar que outra ausência na zaga é Dejan Lovren, que se despediu da seleção. No meio-campo, um nome em ascensão também lesionado é Luka Sucic, destaque recente do Red Bull Salzburg. Já no ataque, não aparecerão coadjuvantes como Marko Livaja e Mislav Orsic.

Holanda / Países Baixos O time da Holanda (Dean Mouhtaropoulos/Getty Images) O que a Nations pode significar

Lá se vão 35 anos desde o último título conquistado pela Holanda, a solitária Euro 1988. A Oranje possui outras tantas campanhas de relevo em sua história, mas sempre falta um passo além na hora de levantar as taças. E a Liga das Nações não deixa de ser uma porta aberta em busca de um reconhecimento a mais. Até existia certa empolgação ao redor do time na Nations de 2019, mas a equipe perdeu a final diante de Portugal. Desta maneira, persiste inclusive um sentimento entre os jogadores para buscar uma volta por cima em relação ao que não se confirmou há quatro anos. E, logicamente, influencia o fato de que os holandeses sediarão o torneio em seus próprios estádios. O apoio da torcida será um diferencial. Até auxilia a sede principal em Roterdã, não apenas pelo reconhecido fanatismo da cidade, mas também pela boa onda após o título do Feyenoord na última Eredivisie. Pode ser outro gás a mais.

Como foi a campanha

A Holanda estava num grupo relativamente aberto da Liga das Nações e sobrou. Seu grande desafio era a Bélgica, mas a Oranje deu um show logo na primeira rodada em Bruxelas, com a goleada por 4 a 1. Assim, o caminho se tornou bem mais tranquilo. Os holandeses arrancaram depois um suado 2 a 1 nos acréscimos contra Gales, em Cardiff, e empataram com a Polônia por 2 a 2 em Roterdã. Depois, auxiliou também os 3 a 2 diante dos galeses, com mais um tento no apagar das luzes no De Kuip. A classificação estava praticamente encaminhada na penúltima rodada, com o triunfo por 2 a 0 sobre a Polônia em Varsóvia. Só um desastre tiraria a vaga no Final Four durante o reencontro com a Bélgica em Amsterdã e bastou o triunfo por 1 a 0, gol de Virgil van Dijk.

O clima desde a Copa

Não dá para dizer que a Copa do Mundo da Holanda foi ruim. Entretanto, também não foi aquele desempenho que embalou a Oranje. A equipe de Louis van Gaal fez uma fase de grupos arrastada, antes de sobrar diante dos Estados Unidos nas oitavas de final. Isso até que o duelo contra a Argentina nas quartas de final fosse insano, entre os melhores de todo o Mundial. Deu para ver o copo meio cheio pela forma como a equipe saiu de cena, mas não que parecesse haver um futebol inspirador para a sequência do trabalho. Já a Data Fifa de março guardou um choque de realidade. Tudo bem que a estreia nas eliminatórias da Euro era duríssima, com a visita à França, mas os 4 a 0 dos Bleus implodiu os holandeses rapidamente. Depois, os 3 a 0 sobre Gibraltar não mostraram tão bem a cara desse time. A impressão é de que o trabalho de Ronald Koeman não começou. É a deixa do Final Four.

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Frenkie de Jong, da Holanda (Foto: Catherine Ivill/Getty Images/One Football) O destaque

Não foi uma temporada que valorizou os jogadores holandeses de verdade. Pelo contrário, muitos dos protagonistas da seleção andam em baixa com seus clubes – a pegar o exemplo de Virgil van Dijk. Entretanto, Frenkie de Jong conseguiu se destacar no Barcelona. Por um momento, o meio-campista pareceu uma figura descartável no Camp Nou. Era o escolhido para ser vendido pelo clube e contornar os problemas no caixa. O negócio com o Manchester United não saiu e o jovem reafirmou sua importância em campo, a despeito da falta de consideração sobre si. Mesmo que não tenha se tornado um astro mundial, não se nega que De Jong entregou bastante nas últimas quatro temporadas com o clube e se manteve entre os melhores jogadores blaugranas. Teve seu prêmio, com a conquista de La Liga, figurando entre os principais termômetros do time. Também deve chegar com moral alto para ser o condutor da Holanda na Liga das Nações.

O elenco

Andries Noppert virou sensação na Copa do Mundo, mas quem assume a titularidade no gol durante a Liga das Nações é Justin Bijlow, valorizado pelo título do Feyenoord. A defesa reúne vários nomes experimentados no nível mais alto, como Virgil van Dijk, Denzel Dumfries e Daley Blind. Chama mais atenção o momento de Nathan Aké após a Tríplice Coroa com o Manchester City. Já Sven Botman poderá estrear na seleção diante da excelente temporada que fez com o Newcastle. O meio-campo é ainda mais renovado, apesar das presenças de jogadores como Georginio Wijnaldum e Marten de Roon. Teun Koopmeiners vem de bons momentos com a Atalanta, mas mais empolgantes ainda são as promessas da Eredivisie. Tijjani Reijnders encheu os olhos com a camisa do AZ e ganha a primeira chance, enquanto Mats Wieffer é reconhecido pelo trabalho com o Feyenoord. Também despontam do PSV as figuras de Joey Veerman e Xavi Simons, este em impressionante temporada de afirmação como um dos melhores da Eredivisie. Já no ataque, uma série de jogadores que não atravessa o melhor momento. Cody Gakpo, Steven Bergwijn e Wout Weghorst não foram bem nas mudanças de time. Donyell Malen, apesar de crescer de produção, se frustrou com o Borussia Dortmund na Bundesliga.

O treinador

Ronald Koeman deixou uma impressão ruim por sua passagem à frente do Barcelona. Entretanto, o retorno à seleção da Holanda reata o bom trabalho que o treinador fazia antes de se mudar à Catalunha. Assumiu a Oranje em 2018, disputou o Final Four da Liga das Nações em 2019 e conseguiu a classificação para a Euro 2020. Só não treinou a equipe na fase final da competição por causa da pandemia e da oferta para assumir o Barça, depois da hecatombe ocorrida na Champions 2019/20. É ver se o trabalho à frente da seleção não consegue recobrar um pouco de seu prestígio. Koeman possui uma história que o respalda entre os alaranjados e também uma proximidade com vários jogadores do elenco – entre aqueles que conhece desde sua passagem anterior e até mesmo alguns com quem trabalhou no Barcelona. Não vai ser o mais inventivo e arrojado dos comandantes, mas tem condições de fazer um bom trabalho e armar uma equipe agressiva.

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Os convocados

O elenco da Holanda não conta com alguns medalhões. Lesionado, Matthijs de Ligt é o principal desfalque na defesa. Também ficou de fora Jeremie Frimpong, em ascensão no Bayer Leverkusen, chamado para a Data Fifa de março. Ryan Gravenberch perdeu espaço no meio-campo, enquanto Steven Berghuis e Davy Klaassen foram só pré-convocados, de fora da lista principal. Já no ataque, a lesão de Memphis Depay é a que mais chama atenção. O atacante rendeu pouco no Atlético de Madrid, mas segue como uma das principais lideranças da Oranje.

Itália Roberto Mancini, técnico da Itália (ALBERTO PIZZOLI/AFP via Getty Images) O que a Nations pode significar

A Itália é a atual campeã da Eurocopa, mas o título parece distante, entre as decepções que vieram depois. Nem tanto pela campanha até as semifinais da edição anterior da Liga das Nações. Problema maior foi a ausência na Copa do Mundo, que deixou a Azzurra num limbo durante os últimos meses. Roberto Mancini pareceu perder o fio da meada em seu trabalho e investiu mais o tempo na busca de promessas para o elenco, sobretudo ao dar chances para jogadores menos conhecidos e até aqueles com dupla nacionalidade. A esta altura, a Nations serviria para mostrar que a Euro não foi um ponto fora da curva – e, de fato, os italianos vinham em evolução, diante dos novos protagonistas que surgiram na equipe nacional. Também seria legal um troféu para homenagear Gianluca Vialli, um dos principais nomes nos bastidores durante a Eurocopa, que faleceu em janeiro.

Como foi a campanha

A Itália compôs o chamado “grupo da morte” da Liga das Nações. E o que aconteceu naquela chave não deixou de ser uma grande surpresa, até pelos adversários mais credenciados. A Azzurra estreou com empate diante da Alemanha, em Bologna. Depois, ganhou da Hungria em Cesena e voltou com o empate diante da Inglaterra em Wolverhampton. O fim da Data Fifa de junho de 2022 guardou um trauma, com os 5 a 2 sofridos diante dos alemães em Mönchengladbach. A esta altura, os húngaros eram as sensações, com direito a goleada por 4 a 0 sobre os ingleses. Contudo, os italianos se recuperaram na reta final. Primeiro, pelo triunfo diante da Inglaterra no San Siro. Depois, por ganharem o confronto direto com os magiares em Budapeste. Os 2 a 0 na Puskás Arena permitiram que a Azzurra tomasse a primeira colocação e assegurasse a classificação, um ponto à frente da Hungria.

O clima desde a Copa

A Itália se limitou a fazer dois amistosos durante o final do ano. Ganhou da Albânia por 3 a 1 e perdeu da Áustria por 2 a 0, numa partida ocorrida no mesmo dia da abertura do Mundial. Já o início das eliminatórias da Eurocopa também não empolgou tanto. A retomada das atividades teve a derrota por 2 a 1 para a Inglaterra no Estádio Diego Armando Maradona, no principal confronto da chave. Depois, os italianos fizeram sua parte com o triunfo sobre Malta em Ta'Qali, mas sem dar show. A Liga das Nações aparece como o principal desafio desde que o time viu a Copa de casa. Em teoria, a Azzurra estará faminta para dar uma volta por cima e representar sua capacidade de competir contra adversários que estiveram no Catar.

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Gianluigi Donnarumma, goleiro da Itália (MIGUEL MEDINA/AFP via Getty Images) O destaque

Gianluigi Donnarumma ainda não caiu totalmente nas graças do Paris Saint-Germain. O goleiro lidou com a disputa com Keylor Navas e, mesmo quando tomou a posição, não teve sequências tão constantes na equipe. Mesmo assim, chegou a fazer grandes partidas nesta temporada e a segurar as pontas de um PSG desinteressado na reta final da Ligue 1 – apesar de algumas falhas também dolorosas. Além do mais, sua estatura dentro da seleção da Itália é bem maior. O goleiro foi o principal herói na conquista da Eurocopa e fez uma reta final de campanha estupenda. Continua sendo um diferencial dentro da Azzurra. Se outros jogadores de relevo envelhecem dentro do elenco e não transmitem a mesma confiança, a exemplo de Leonardo Bonucci, Gigio continua com muito tempo em alto nível pela frente. Poderá provar isso durante a fase final da Nations, cotado como o melhor dos quatro goleiros titulares que integram a competição. Já tinha sido decisivo na classificação contra a Hungria em Budapeste, com uma série de milagres.

O elenco Uma das forças da Itália atual está em seu conjunto de laterais. Giovanni Di Lorenzo gastou a bola no Scudetto do Napoli e ainda há a opção de Matteo Darmian na direita. Já na esquerda, fica até difícil de escolher o titular, entre o sucesso de Federico Dimarco com a Inter e os serviços prestados por Leonardo Spinazzola, tanto na Roma quanto na própria Itália campeã da Euro. No centro da defesa, Alessandro Bastoni chega com moral depois da ótima final de Champions, assim como Francesco Acerbi. No meio, Marco Verratti e Jorginho são os mais rodados, mas Nicolò Barella é outro que brilhou demais com a Inter e Lorenzo Pellegrini é o grande nome da Roma. Já na frente, Ciro Immobile é o veterano ao lado de várias alternativas mais jovens, como Nicolò Zaniolo, Federico Chiesa e Giacomo Raspadori. Mateo Retegui causou sensação depois de chegar do Tigre e marcar dois gols em dois jogos na Data Fifa de março, enquanto Wilfried Gnonto foi uma grande aposta que se paga com agressividade nas pontas. O treinador

Roberto Mancini está na história da seleção italiana como responsável por uma grande redenção. A conquista da Euro 2020 gira bastante ao redor do treinador, que conseguiu recuperar os brios do time após a ausência na Copa do Mundo de 2018 e montou um grupo bastante jovem, que bateu adversários mais badalados e apresentou um futebol consistente na Eurocopa. O problema dos italianos é que, pela segunda edição consecutiva, eles acabaram se ausentando do Mundial. Mancini segue em frente com seu trabalho, agora para mostrar como tal conquista continental não foi por acaso e que permanece com ótimos recursos para recobrar o prestígio da Azzurra. A Liga das Nações pode oferecer uma injeção de moral neste sentido. O importante é que o treinador manteve a confiança nos corredores da federação e continua credenciado para buscar mais uma Euro em 2024, assim como para recolocar a Itália na Copa em 2026. Não se nega que o time ganhou bem mais recursos sob as suas ordens.

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Os convocados

A lista da Itália possui alguns bons jogadores que acabaram deixados de lado. A começar por Ivan Provedel, melhor goleiro da Serie A pela Lazio, mas preterido por Roberto Mancini. A defesa também abriu mão de Alessio Romagnoli, outro que foi bem com os biancocelesti. No meio, as principais ausências são de Sandro Tonali ou Manuel Locatelli, figuras que tiveram moral em outros tempos. Também não foram chamados os prodígios juventinos Nicolò Fagioli e Fabio Miretti. Já na frente, se por um lado Domenico Berardi não vai por lesão, Mattia Zaccagni merecia mais atenção pela ótima forma com a Lazio na Serie A. Também não foram chamados outros que poderiam ser úteis, a exemplo de Matteo Politano e Vincenzo Grifo.

Espanha Gavi e Ferran Torres (11) comemoram gol da Espanha (Buda Mendes/Getty Images) O que a Nations pode significar

A Espanha vem de campanhas longas nas competições internacionais, mas nada que necessariamente se aproxime do período dourado encerrado há uma década. O time mereceu elogios pela Eurocopa, em que melhorou seu desempenho e teve boas atuações nos mata-matas, mesmo com um elenco bastante renovado. Também fez uma boa campanha na última Liga das Nações, com direito a goleada histórica sobre a Alemanha e a caminhada até a decisão, perdida contra a França. O problema é que as últimas duas Copas do Mundo ficaram bastante aquém para os espanhóis, entre o caos vivido na Rússia e a equipe que esfarelou com o passar dos jogos no Catar. O caneco da Nations até serviria para mostrar novamente como a Roja pode sonhar com as conquistas, e não só se contentar com o quase. As mudanças de ciclos continuam e é preciso confiança, entre um treinador que não possui tanta bagagem e um elenco que também deixa a desejar em relação a outros tempos.

Como foi a campanha

A Espanha tinha um grupo nivelado por baixo na Liga das Nações. O grande desafio era Portugal. Durante a rodada inicial, a Roja empatou com a Seleção das Quinas em Sevilha. Depois, empatou também com a República Tcheca em Praga e só foi ganhar da Suíça em Genebra, antes de bater também os tchecos em Málaga. Quando o time já podia encaminhar a classificação, perdeu em Zaragoza para os suíços. Isso criou a necessidade de derrotar os portugueses em Braga para selar a liderança na rodada final. Deu certo, graças ao triunfo por 1 a 0 garantido por Álvaro Morata no apagar das luzes, depois de uma atuação salvadora de Unai Simón e da entrada providencial de Nico Williams. A Espanha fechou a campanha com somente um ponto a mais que Portugal, mas sem empolgar tanto.

O clima desde a Copa

Não foi a Copa do Mundo mais tranquila para a Espanha. O time que começou voando contra a Costa Rica depois perdeu para o Japão e terminou emperrado por Marrocos, com a queda nos pênaltis durante as oitavas de final. Luis Enrique não se furtou a armar uma coleção de tumultos e estava claro como, se o desempenho no Catar não fosse um sucesso, os dias do técnico estavam contados. A escolha para substituí-lo passou longe da badalação, com Luis de la Fuente vindo da própria estrutura da base e tendo um perfil mais moderado. Mas não que todos pareçam convencidos com a escolha. Na Data Fifa de março, a Espanha ganhou da Noruega num jogo que demorou a se resolver e perdeu para a Escócia em Glasgow. Permanece uma impressão de apequenamento do time que assombrou o mundo na virada da década passada.

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Rodri, da Espanha (Icon Sport) O destaque

Rodri já seria naturalmente um dos principais jogadores da Espanha. Com a aposentadoria de vários medalhões e a ausência de outros companheiros renomados, o meio-campista carrega consigo uma experiência fundamental dentro da Roja. Melhor ainda quando vem de uma temporada excepcional com o Manchester City. O volante foi uma das peças principais na ascensão recente do time de Pep Guardiola e funcionou como motor da máquina durante a Tríplice Coroa. Teve grandes atuações e anotou gols fundamentais, em especial na Champions, contra o Bayern de Munique e com o tento do título diante da Internazionale. Chega ainda mais credenciado para protagonizar a Roja. Durante a Copa do Mundo, atuou muito bem como zagueiro e pode ser uma alternativa diante das ausências no setor. A tendência, entretanto, é que seja mesmo a principal liderança no meio-campo – onde as opções dos espanhóis também não possuem tanta bagagem quanto ele.

O elenco

Unai Simón permanece como a opção principal no gol da Espanha, mas David Raya pede passagem pelo destaque na Premier League. A defesa ainda se vale de medalhões como Jordi Alba e Jesús Navas, este em alta após o título da Liga Europa, mas já aos 37 anos. A novidade fica por conta de Robin Le Normand, estreante depois de receber a cidadania espanhola e em ótima forma na Real Sociedad. Pode vir já como titular, numa posição carente diante da falta de zagueiros. Outro novato é Fran García na lateral, com moral pela temporada no Rayo Vallecano. O meio-campo tem a ascensão de Martín Zubimendi, mais um que se valorizou demais na Real Sociedad. Gavi até desponta como um veterano pela rodagem na seleção, mesmo com apenas 18 anos. Só não tem mais partidas que Rodri no setor. Já na frente, Álvaro Morata é o capitão e o homem com mais gols. Por talento, figuras como Dani Olmo e Marco Asensio são mais credenciadas. Joselu correspondeu bem na última Data Fifa, enquanto Yeremy Pino e Ansu Fati são as principais apostas entre os jovens.

O treinador

Luis de la Fuente é funcionário da federação espanhola desde 2013. Tinha trabalhado na base de clubes como Sevilla e Athletic Bilbao, além de passar brevemente pelo Alavés. Dirigiu as equipes sub-19 e sub-21 da Roja, com títulos europeus nas duas categorias. Possui como diferencial conhecer quase todos os jogadores desde muito jovens e saber a melhor maneira de utilizá-los, além de ter uma relação próxima. O problema é que nada disso garante que vai segurar a bucha, depois de períodos bastante atribulados e cheios de picuinhas dentro da federação. Os resultados ruins na primeira Data Fifa já começaram a assar sua batata e surgiram até questionamentos se ele poderia mesmo dirigir um projeto de longo prazo. Até por isso, a Liga das Nações será importante para mostrar serviço e provar que pode ser o nome certo para dar sequência ao ciclo. Os espanhóis parecem em constante mudança desde a saída de Vicente del Bosque.

A convocação

A Espanha pode não contar com sua melhor geração, mas a impressão é de que o time sequer oferece o melhor possível. A defesa perdeu David García, que se lesionou e vinha ganhando espaço pela forma no Osasuna. Alejandro Balde, Pedro Porro e Pau Torres são outras ausências. O meio-campo começa a se estabelecer sem Sergio Busquets, que se aposentou da seleção. Pedri é a perda mais sentida, por lesão. Mas também os torcedores não verão jogadores influentes como Koke e Thiago Alcântara, ou então mais jovens como Dani Ceballos. Já no ataque, Nico Williams e Gerard Moreno também ficam de fora por lesões, enquanto Ferran Torres perdeu espaço. A lista ainda poderia contemplar Mikel Oyarzabal, Iago Aspas e Borja Iglesias, todos de fora. É uma Roja com menos tarimba do que se imagina.

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