Lula compara situação em Gaza a Holocausto e Israel convoca embaixador; entenda o que aconteceu

Lula

A referência a Lula foi feita num bate-papo concedido após a reunião de cúpula.

Durante uma entrevista em Adis Abeba, na Etiópia, o presidente compareceu a uma reunião da cúpula da União Africana realizada no fim de semana e proferiu sua mensagem.

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Foto BBC Brasil

Durante sua entrevista, Lula abordou a situação dos palestinos, tema que já tinha sido mencionado em seu discurso anteriormente. A declaração teve um impacto significativo, e Netanyahu exigiu que o embaixador brasileiro em Israel comparecesse a fim de dar explicações.

Os recentes ataques de Israel à Faixa de Gaza resultaram na morte de mais de 28,8 mil palestinos, incluindo civis de todas as faixas etárias, mulheres e crianças. Em outubro do ano anterior, o país iniciou uma guerra contra o Hamas como resposta à morte de 1.200 pessoas e ao sequestro de 253 reféns pelo grupo em Israel.

Compreenda as palavras de Lula a respeito do confronto e da resposta de Israel.

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Lula: Suas Declarações

Lula havia contestado a medida de determinados países em interromperem o financiamento à agência das Nações Unidas responsável por prestar auxílio aos palestinos, a UNRWA.

A interrupção ocorreu devido às acusações de Israel contra membros da agência por colaborarem com o Hamas.

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Lula declarou que é imprescindível manter o auxílio humanitário aos palestinos e ressaltou a necessidade de responsabilização caso seja confirmada a ocorrência de falhas na UNRWA.

O mandatário expressou sua preocupação com a postura dos países opulentos que, ao cessarem o auxílio humanitário aos palestinos, levantam a questão sobre o nível de consciência política destes indivíduos.

"Qual é a magnitude do espírito benevolente dessas pessoas que não percebem que na Faixa de Gaza não se trata de uma guerra, mas sim de um genocídio?" declarou.

A situação atual na Faixa de Gaza e o sofrimento do povo palestino são inéditos na história. A única outra vez que algo similar ocorreu foi durante o extermínio dos judeus promovido por Hitler.

De acordo com o presidente, a situação atual não se trata de um confronto militar entre exércitos, mas sim uma disputa desigual entre uma força altamente treinada e inocentes mulheres e crianças. Embora erros possam ter sido cometidos por indivíduos dentro da organização responsável por administrar os recursos, a ajuda humanitária para o povo que passou décadas lutando para estabelecer seu próprio estado não deve ser suspensa.

Lula sublinhou que continua a condenar firmemente o Hamas e sua prática de realizar ataques.

Afirma-se que o Brasil reprova o Hamas, mesmo assim o país não pode se abster de rejeitar as ações de Israel na região de Gaza.

No dia 17 de sábado, Lula teve uma reunião com Mohammad Shtayyeh, o primeiro-ministro da Autoridade Palestina.

O governo do Palácio do Planalto declarou que o Presidente do Brasil condenou atos agressivos do Hamas durante o encontro e reafirmou a importância de assegurar a paz no Oriente Médio e de criar um Estado Palestino. De acordo com o governo brasileiro, Shtayyeh expressou sua gratidão a Lula pela sua solidariedade para com o povo palestino.

Controvérsia Causada Pela Fala Controversa

O extermínio de mais de seis milhões de pessoas de origem judaica, além de inúmeros outros indivíduos como homossexuais, comunistas, ciganos e outros grupos perseguidos pelo regime nazista, durante a Segunda Guerra Mundial, é um assunto extremamente delicado.

As declarações de Lula despertaram uma grande reação por parte de organizações judaicas, que argumentam que fazer uma comparação entre a difícil situação dos palestinos que sofrem ataques de Israel e o genocídio do povo judeu perpetrado pelos nazistas é uma maneira de "desvalorizar" o Holocausto.

A Confederação Israelita do Brasil, conhecida como Conib, expressou sua desaprovação em relação ao discurso de Lula que justificava as ações do Estado de Israel.

A organização afirmou que os nazistas eliminaram seis milhões de judeus indefesos na Europa unicamente por sua condição de judeus. Enquanto isso, Israel está se protegendo de um grupo terrorista que invadiu o país, assassinou mais de mil pessoas, cometeu estupros em massa, incendiou indivíduos vivos e inclui em seus princípios a eliminação do Estado judeu.

"Uma manipulação maligna da verdade que ultraja o legado das pessoas que sofreram no Holocausto e seus familiares", declarou.

O mandatário do Museu do Holocausto em Jerusalém, Dani Dayan, declarou que as declarações de Lula são indignas e constituem uma "mistura de animosidade e desconhecimento".

Membros do corpo ministerial do governo manifestaram apoio ao ex-presidente Lula por meio das plataformas sociais.

Expresso plenamente meu apoio às inquietações do presidente Lula acerca do conflito que tem impactado os civis de Gaza de forma cruel, fruto da gestão de extrema-direita do governo de Israel. Tal declaração foi feita por Paulo Teixeira, responsável pela pasta do Desenvolvimento Agrário, em uma plataforma de mídia social.

As palavras do presidente Lula referentes aos acontecimentos em Gaza são de coragem e importância. O número de vítimas palestinas, já ultrapassando os 20 mil, é resultado dos ataques vindos de Israel. É desejável que tal manifestação estimule outros países a repudiarem a inumanidade que temos presenciado diariamente. Comentou Sônia Guajajara, representante dos Povos Indígenas.

Como Israel Reagiu?

O comunicado emitido por Benjamin Netanyahu, presidente de Israel, denuncia a fala de Lula e convoca o embaixador do Brasil em Israel para uma reunião marcada para segunda-feira.

Em uma declaração, Netanyahu enfatizou que a comparação de Israel com o Holocausto nazista e Hitler é extremamente imprópria. Ele salientou que Israel está lutando bravamente para proteger seus interesses e garantir um futuro próspero. A meta é alcançar a vitória total.

Ele também afirmou que o "trivializar do Holocausto representa uma tentativa de causar danos ao povo judeu e ao legítimo direito de Israel de proteger-se".

Após ofensivas israelenses em Gaza, 28,8 mil indivíduos vieram a óbito.

Relação Diplomática Brasil-Israel: Mudanças?

O país sempre estabeleceu relações diplomáticas amistosas com ambas as partes, Israel e as autoridades palestinas, expressando sua defesa pela solução do conflito mediante a convivência de dois Estados: Israel e um Estado palestino.

O Brasil manifestou sua reprovação às investidas do Hamas em Israel, responsáveis pela morte de 1.200 pessoas e pelo sequestro de 253 indivíduos.

Desde essa ocasião, o Brasil tem censurado igualmente a resposta ativa de Israel, a qual resultou em 28,8 fatalidades na região da Faixa de Gaza.

O posicionamento do Brasil é favorável à interrupção das hostilidades na localidade.

O Brasil também deu suporte à causa da África do Sul em seu litígio com Israel perante a Corte Internacional de Justiça em época pretérita.

Em janeiro, a Corte permitiu que a ação continuasse e agora a África do Sul está acusando Israel de praticar genocídio contra os palestinos.

O tribunal ordenou a Israel que proibisse seus soldados de praticar atos que possam ser interpretados como genocídio, impedisse e sancionasse o estímulo ao genocídio e garantisse a ajuda humanitária para os habitantes de Gaza.

O tribunal não fez um apelo ao governo israelense para que cesse imediatamente as ações militares em Gaza, mesmo que esse fosse o pedido da nação africana.

Analistas consideram a convocação do embaixador brasileiro em Israel para uma reunião uma atitude "radical". É aguardado que a conferência resolva o "incômodo" ocasionado pelas palavras de Lula.

Rubens Barbosa, que já foi embaixador do Brasil em Londres e é diplomata, disse à GloboNews que a declaração de Lula foi feita sem preparação e que o Ministério das Relações Exteriores discorda dessa posição.

Barbosa afirmou à GloboNews que se trata de uma circunstância sensível. Ele não acredita que o referido acontecimento possa prejudicar as relações entre Israel e Brasil, pois há muitos interesses envolvidos, até mesmo na esfera militar.

Enquanto isso, Gaza vive uma situação dramática. A Organização Mundial da Saúde reportou que o hospital Nasser foi alvo de um ataque das forças israelenses, deixando-o fora de operação. As Forças de Defesa Israelense afirmaram que sua ação foi "precisa e limitada", e acusaram o Hamas de fazer uso oportunista de hospitais para o terrorismo.

Os esforços empreendidos para intermediar um acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas estão em curso no Cairo. No entanto, os mediadores do Qatar afirmaram que o progresso recente não é muito animador.

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