Lula desdenha de compromissos fiscais, Ibovespa cai e dólar sobe

Lula

O titular da pasta da Economia enfrenta um grande desafio para alcançar a meta fiscal de déficit zero até 2024, com uma margem de erro de 0,25 pontos percentuais para mais ou menos. Embora tenha havido reconhecimento de seus esforços, não há confiança absoluta em seu êxito por parte do mercado. Parece haver pouca vontade política em torno do ex-prefeito Fernando Haddad.

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Foto Valor Investe

Acima dele, ainda menos.

Durante uma fala em voz alta no início da tarde, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pareceu ignorar seu compromisso anterior de garantir a estabilidade financeira do país. Em suas próprias palavras, "isso não é necessário".

As atenções estiveram voltadas para a próxima quarta-feira (1º), quando o banco central americano (Federal Reserve ou Fed) anunciará se o maior nível de juros em 22 anos é satisfatório ou não. Devido à falta de dados confiáveis referentes à atividade e inflação, a cautela prevaleceu em todos os aspectos.

No entanto, no Brasil ocorreu um certo distanciamento. A disposição para correr riscos era cada vez mais evidente. Embora a inflação tenha se mantido sob controle, conforme indicado pelo IPCA-15 de outubro, os super-ricos foram tributados pela Câmara sob a liderança do Centrão, após a indicação do presidente da Caixa. Isso foi feito para reduzir o déficit fiscal e ampliar a margem para a Selic continuar cortando juros.

O Brasil sempre causa emoção.

Lula manteve-se discreto após seu encontro com o líder do Banco Central, Roberto Campos Neto. Entretanto, nos dias que antecediam a reunião monetária, ele expressou sua opinião com veemência. O antigo interesse pelo risco se transformou em uma forte tendência de aversão nesta sexta-feira.

Há alguns meses, o governo aprovou um plano fiscal que foi sancionado pelo presidente. De acordo com as regras, os gastos podem aumentar até 70% em um determinado ano, dependendo do crescimento das receitas nos 12 meses anteriores, até julho. No entanto, isso só é possível se as metas fiscais forem cumpridas. Caso contrário, o aumento nos gastos para o próximo ano será limitado a 50%.

Ao falar dessa forma, parece que Lula está se prejudicando deliberadamente ao menosprezar as metas que assumiu. É mais do que isso. Ele não está apenas demonstrando irresponsabilidade financeira, mas também está criando um risco para as instituições. Isso significa que ele está adicionando uma sensação de risco duplo à economia, e, portanto, não adianta pedir por "criatividade" no gerenciamento das taxas de juros, como também foi solicitado.

Por acaso, atualmente a economia do Brasil pode requerer menos criatividade.

O que é necessário é aquilo que é evidente.

Haddad é extremamente claro em suas palavras quando se trata de harmonizar as políticas fiscais e monetárias. É algo que Campos Neto concorda plenamente. Ambos defendem equilíbrio nas contas públicas para permitir a redução da inflação e taxas de juros. Esse é o caminho básico para alcançar um maior crescimento econômico e, consequentemente, aumentar a renda da população.

Essa publicação instrutiva foi fundamental para o êxito dos dois mandatos presidenciais de Lula. Sem eles, ele não teria retornado à sede do governo, em Brasília, vinte anos após sua primeira eleição. Contudo, aos 78 anos de idade, completados nesta sexta-feira, o líder político negligencia suas conquistas passadas e ameaça o porvir.

Ao decodificar esses dados, os investidores incorporaram nos valores uma redução na taxa Selic de 12,75% anual para 11% precisa até a última sexta-feira. No começo do dia, a expectativa era de alcançar 10,50%. Entretanto, ao término da semana, chegou-se aos 10,75%.

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