Lula diz que dificilmente o governo vai cumprir a meta de zerar o rombo nas contas públicas

Lula

O mandatário Lula dialogou com o ministro da Economia, Fernando Haddad, momentos antes de se reunir com profissionais da imprensa durante um café matinal. Durante o encontro, Lula afirmou ter tomado nota da disposição de Haddad, mas demonstrou ceticismo em relação à viabilidade da meta fiscal zero até o ano de 2024.

Estamos fazendo todo o possível para atingir a meta fiscal. No entanto, é importante manter em mente que a meta não precisa ser zero. Não quero estabelecer uma meta que nos obrigue a cortar bilhões de obras prioritárias para o país. Muitas vezes, o mercado é muito ganancioso e exige uma meta irrealista. No entanto, o Haddad e eu estamos determinados a alcançar nossos objetivos. Devo esclarecer que é improvável que alcancemos a meta mais rigorosa.

Em seguida, houve uma reação do mercado. O índice principal da Bolsa de Valores do Brasil começou a declinar. No decorrer da tarde, o Ibovespa apresentou uma pequena recuperação e fechou com uma baixa de 1,29%. De manhã, nesta sexta-feira (27), o dólar comercial teve uma queda. Foi negociado por R$ 4,93. Depois, começou a subir e terminou em alta de 0,46% - custando R$ 5,01.

Os players do mercado financeiro estão vigilantes quanto ao compromisso do governo quanto ao equilíbrio das finanças públicas. Quando o Congresso Nacional aprovou o novo marco fiscal, a equipe econômica assumiu a meta de eliminar o déficit fiscal até 2024.

Haddad previu que em 2023 o déficit do governo seria inferior a R$ 100 bilhões, porém o secretário do Tesouro anunciou hoje (27) que as contas públicas de 2023 sofreram um agravamento de mais de R$ 80 bilhões. A receita está diminuindo, ao mesmo tempo em que as despesas estão aumentando. Agora, a projeção de desequilíbrio já ultrapassa R$ 140 bilhões.

O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, indicou que o panorama econômico para o ano que vem é bastante difícil e não descarta a hipótese de mudança na meta zero para 2024.

Não estou afirmando que haja ou não uma discussão sobre mudanças. Apenas estou destacando que o cenário atual se tornou mais difícil devido a alguns acontecimentos que surgiram e adicionaram pressão à busca por resultados, que por si só já é um desafio. No entanto, mesmo com esses novos impactos, o processo de reverter a situação ou alcançar o resultado desejado ainda continua. Estou sendo honesto ao mencionar que existem pressões adicionais surgindo, que podem ter efeito, e é importante manter a calma para enfrentá-las com habilidade e transparência, a fim de manter nossa credibilidade. Esta é a opinião de Rogério Ceron.

O responsável pela elaboração da Lei de Diretrizes Orçamentárias, que determina as bases para o Orçamento do próximo ano, afirmou que é crucial ter conhecimento dos princípios estabelecidos pelo governo.

"Temos como objetivo claro retomar o crescimento econômico e incentivar investimentos privados. Para isso, é imprescindível que o governo mantenha sua credibilidade. O ministro Haddad se esforçou bastante para atingir a meta fiscal zero e garantir isso, porém a fala do presidente prejudica não só essa iniciativa, mas também constrange o trabalho do Ministério da Fazenda. Isso ocorreu em um momento em que o Congresso Nacional estava em sintonia para votar essas medidas no final do ano", destaca Danilo Forte, do partido União Brasil – CE.

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