Netanyahu diz que Lula 'cruzou a linha vermelha' e convoca embaixador brasileiro para reprimenda

Lula

No dia 18 de dezembro de 2016, o líder do governo de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou que o presidente brasileiro, Lula, ultrapassou um limite ao comparar a ação militar israelense na Faixa de Gaza ao genocídio cometido pelo regime nazista de Adolf Hitler contra os judeus na Alemanha. Como consequência, determinou que o embaixador brasileiro em Israel seja chamado para uma conversa de repreensão intensa na segunda-feira seguinte.

O discurso do líder do país é extremamente preocupante e vergonhoso. Ele está minimizando a gravidade do Holocausto e buscando prejudicar as comunidades judaicas e o direito de Israel de se proteger. Essa comparação cruel entre Israel, o Holocausto nazista e Hitler vai além de qualquer limite. Israel está lutando por sua sobrevivência e pela garantia de um futuro próspero, seguindo os princípios do Direito Internacional. O primeiro-ministro se manifestou sobre o assunto em seu perfil oficial no X/Twitter, neste último domingo (18).

A reação de Netanyahu ocorreu em decorrência das declarações de Lula em uma entrevista com jornalistas nessa manhã na Etiópia, país onde o presidente brasileiro estava cumprindo sua agenda até o último domingo. Durante a coletiva, Lula equiparou o ataque realizado pelas forças israelenses na Faixa de Gaza à perseguição que os judeus sofreram durante a Segunda Guerra Mundial, promovida pelo líder nazista Hitler.

O presidente expressou que o que está ocorrendo na Faixa de Gaza com os palestinos é sem precedentes em qualquer outro momento histórico. Ele comparou esta situação somente com o momento em que Hitler decidiu exterminar os judeus. O discurso foi proferido pouco antes do seu retorno para o Brasil, após participar da 37ª Cúpula da União Africana na Etiópia.

Lula se pronunciou depois de mais um episódio de ataques por parte das forças militares de Israel à frágil infraestrutura hospitalar na Faixa de Gaza. Com o pretexto de capturar terroristas, essas forças invadiram o hospital Nassar, o segundo maior da região sul de Gaza, na última quinta-feira (15).

Após a invasão, o fornecimento de oxigênio do local foi interrompido, ocasionando a morte de pelo menos cinco pacientes por asfixia. Em sua conta oficial no Twitter, neste domingo, Tedros Adhanom, o diretor geral da Organização Mundial da Saúde, informou que o hospital foi desativado.

O hospital Nasser, em Gaza, não está mais em funcionamento. Após uma semana de bloqueio, seguida de ataques contínuos, a equipe da OMS foi impedida de avaliar as condições dos pacientes e suas necessidades médicas críticas, mesmo tendo chegado ao complexo hospitalar para entregar combustível em parceria com outros profissionais. O diretor da OMS confirmou essa notícia.

O Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos declarou que a ação ocorrida no hospital Nasser aparenta estar "inclusa em um conjunto de investidas das forças israelenses contra infraestruturas civis cruciais para a preservação de vidas em Gaza, sobretudo em hospitais".

O assunto que ocupou o centro das atenções durante a visita do presidente Lula de cinco dias ao Egito e Adis Abeba foi a situação na Faixa de Gaza. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, no sábado (17), o presidente teve uma reunião bilateral com o primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Mohammad Shtayyeh, durante a cúpula da União Africana. Durante o encontro, o líder palestino expressou a sua opinião de que o que está ocorrendo em Gaza é equivalente a um genocídio.

Biden faz defesa de trégua imediata.

No dia 16 de sexta-feira, o líder norte-americano e principal parceiro de Israel, Joe Biden, exigiu uma suspensão das hostilidades na área e a retirada imediata dos cidadãos que estão confinados no território palestino.

Biden afirmou com firmeza que é imprescindível estabelecer uma trégua breve, a fim de resgatar os prisioneiros e reféns. Durante seu pronunciamento na Casa Branca, o presidente explicou que teve longas discussões a respeito desse tema com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e que as tratativas para encontrarem uma solução continuam em andamento.

Durante a semana passada, emissários dos mediadores do confronto - Catar, Egito e Estados Unidos - se encontraram no Cairo na tentativa de chegar a um acordo que contemple a cessação das hostilidades e uma transação de prisioneiros do Hamas por palestinos detidos em Israel.

Na última quinta-feira (15), Turquia e Egito se uniram em prol de uma solicitação de cessar-fogo imediato. Além disso, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, condenou veementemente os ataques perpetrados por Israel e destacou a gravidade das mortes de mulheres e crianças inocentes. Segundo ele, o comportamento do país "não tem qualquer tipo de justificativa, já que alega estar derrotando o Hamas, mas na verdade está cometendo atrocidades nunca antes vistas em uma guerra".

Após o jornal The Washington Post reportar que diversos países, incluindo os Estados Unidos - o maior companheiro político e militar de Israel - estão ideando uma proposta de paz para solucionar o reconhecimento do Estado palestino, Netanyahu declarou que é contrário a esse plano e ressaltou que não recebeu de maneira alguma nenhuma novidade de proposta por parte do Hamas referente à libertação de reféns.

Ler mais
Notícias semelhantes
Notícias mais populares dessa semana