Tensões na Universidade de Lyon-3: políticos condenam ataques a Yaël Braun-Pivet

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Lyon

Diversas reações, mas ainda são escassas as respostas: o que ocorreu no campus de uma universidade em Lyon, que é famosa por sua resistência à agitação política?

Na sexta-feira, defensores da causa Palestina protestaram contra a visita da presidente da Assembleia Nacional da França, Yaël Braun-Pivet, à Universidade de Lyon-3.

As ofensas verbais, incluindo algumas de caráter antissemitas, direcionadas ao terceiro em comando do governo francês, geraram rejeição tanto da presidência da universidade quanto dos líderes políticos.

"Yaël, sai fora", "Gaza livre", "viva a resistência armada palestiniana" e outras mensagens foram espalhadas durante a noite nas paredes e nas proximidades do campus da Manufacture des Tabacs, localizado no 8º arrondissement de Lyon.

Conforme relato de um docente que estava no local na manhã da sexta-feira, em contato com a Euronews, alguns dos grafites estavam "sendo removidos" algumas horas antes do evento, promovido pela associação estudantil Poli'Gones, que se intitula "Presidente da Assembleia Nacional: da taverna ao hemiciclo, a trajetória impressionante de uma mulher na política".

Os colaboradores da escola destacaram que a visita de Yaël Braun-Pivet não foi divulgada pelos meios oficiais da Lyon-3 e que não parece ter havido nenhuma comunicação visual exposta no campus. Não está claro se essa ação ocorreu em função de possíveis protestos.

Uma postagem na conta do Instagram do Poli'Gones indica que o acesso à conferência foi financiado.

Os veículos de comunicação locais e a AFP informam que Yaël Braun-Pivet não teve contato com nenhum manifestante e conseguiu conversar por "um pouco mais de uma hora" com "aproximadamente 200 estudantes".

Em um vídeo compartilhado no X, a presidente da Assembleia Nacional expressou sua gratidão ao reitor da universidade pela organização do evento. "O diálogo é fundamental para a nossa democracia. Ele deve ocorrer em qualquer situação e em todos os espaços, especialmente em nossas universidades", complementou.

Ocorreram manifestações com bandeiras palestinas em diversos locais, incluindo um pátio interno da universidade. Gritos como "fora cúmplices do genocídio das nossas universidades" puderam ser ouvidos.

Gravações compartilhadas nas redes sociais também revelam os estragos nas dependências da UNI, uma entidade estudantil de orientação extremista.

Em uma comunicação dirigida a docentes e alunos no sábado à noite, à qual a Euronews teve acesso, o recém-eleito presidente da Lyon-3, Gilles Bonnet, confirmou ter solicitado a atuação da polícia e informou que encaminhou ao poder judiciário "todas as transgressões ocorridas durante esses tumultos".

"Todos os princípios da nossa universidade repudiamos o antissemitismo, assim como os chamados à censura de um representante eleito da nação, além de toda e qualquer forma de violência e agressão", afirmou Gilles Bonnet.

Até agora, não está claro se os indivíduos que participaram dessas manifestações eram estudantes da Universidade Lyon-3.

Diversos integrantes do governo expressaram seu apoio à Sra. Braun-Pivet e repudiaram as agressões direcionadas a ela.

O ministro da Educação Superior, Patrick Hetzel, declarou no sábado que iria submeter um "relatório" ao Ministério Público de Lyon.

Anteriormente, o Ministro do Interior, Bruno Retailleau, criticou o que chamou de uma "tendência fascista" por parte de ativistas de "extrema-esquerda" que "se aproveitam da tragédia enfrentada pelos palestinos".

Yaël Braun-Pivet tem sido constantemente criticada desde o início da ação do Tsahal em Gaza, que ocorreu em resposta aos ataques de 7 de outubro.

No dia 22 de outubro de 2023, em uma postagem no Twitter onde criticava a visita da presidente da Assembleia a Israel, Jean-Luc Mélenchon a acusou de "se instalar em Telavive para promover o massacre", o que provocou uma polêmica sobre o uso desse verbo e as possíveis conotações antissemitas que ele pode implicar.

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