Mercado francês tem dia de estresse após Macron convocar eleições | CNN Brasil

Nesta segunda-feira (10), a moeda única europeia foi vítima de uma queda enquanto os papéis e as ações francesas sofreram um duro golpe após o anúncio do presidente Emmanuel Macron convocando uma eleição parlamentar antecipada. Tal decisão foi tomada por conta da derrota sofrida por Macron em uma votação da União Europeia, ocasionada pela extrema direita.

O valor do euro está em US$ 1,073, o que representa uma queda de 0,59% no dia. As ações das empresas francesas estão sofrendo uma queda de quase 2%, especialmente os bancos BNP Paribas e Société Générale, fazendo com que o índice CAC 40 seja o que apresenta o pior desempenho na Europa.

A bolsa STOXX 600 da Europa apresentava uma redução de aproximadamente 0,6%.

As cotações dos títulos públicos franceses também apresentavam queda, o que provocou a aproximação dos rendimentos de 10 anos em relação ao seu pico máximo deste ano, situado em cerca de 3,19%.

Os grupos políticos do centro, liberais e socialistas devem continuar sendo a maioria depois das eleições do Parlamento Europeu, mas os nacionalistas eurocéticos obtiveram o maior crescimento, trazendo à tona discussões na habilidade das principais lideranças em governar as políticas na União Europeia.

Assumindo um risco considerável para recuperar seu poder, Macron convocou uma eleição legislativa com o primeiro turno em 30 de junho.

Caso o partido de direita radical Reunião Nacional conquiste a maioria, Macron perderá sua capacidade de influenciar questões internas.

Talvez esta seja uma novidade desfavorável para os segmentos de economia, afirmou o líder econômico da instituição Berenberg, Holger Schmieding.

"Isso adiciona uma surpreendente dose de imprecisão."

No dia 4 de julho, está programado para acontecer uma eleição geral no Reino Unido, e em novembro será a vez das eleições nos Estados Unidos. Enquanto isso, os mercados estão instáveis devido à redução das expectativas em relação à queda das taxas de juros americanas.

Em uma observação, Kathleen Brooks, diretora de pesquisa da plataforma comercial XTB, afirmou que a decisão de Macron de chamar uma eleição antecipada terá um impacto chocante nos mercados europeus na segunda-feira. Contudo, o vitorioso nas eleições pode ter um peso ainda maior.

Ela afirmou que investidores do euro e dos mercados de ações europeus estão preocupados com o quão extremistas Marine Le Pen e Jordan Bardella poderão ser após o sucesso nas eleições parlamentares francesas, ambos são líderes de partidos de extrema-direita na França.

O prêmio requisitado pelos investidores para manterem a dívida do governo francesa, em vez dos títulos alemães de referência, atingiu o pico em seis semanas, subindo para 53,47 pontos com um incremento de 5 pontos-base.

Investidores observam a discrepância entre a dívida da Alemanha e da Itália como um indicador de aversão ou preferência por riscos na área. Recentemente, essa diferença alcançou 138,6 pontos, o valor mais alto registrado desde o fim de abril.

"Com certeza, a realização de eleições antecipadas acarreta em uma nova fonte de insegurança que provavelmente terá um impacto desfavorável tanto na confiança econômica quanto no mercado francês", afirmou Jan von Gerich, que atua como o principal analista de mercado na Nordea.

Entretanto, ele constatou que os desfechos das eleições na União Europeia nem sempre são espelhados em resultados eleitorais internos, decorrente das distintas formas de votação e pela característica de que as eleições na UE costumam atrair um maior voto de protesto.

Com isso dito, os bancos franceses estavam passando por um momento difícil, com o Société Générale apresentando uma queda de quase 7% e o BNP Paribas em declínio de 5%. Isso se deve ao fato de que os investidores estão preocupados com a possibilidade de que os custos de financiamento dos bancos aumentem se os empréstimos soberanos franceses se tornarem mais caros devido a maiores gastos, como informaram profissionais da área bancária.