Maguila aceitou doar cérebro à USP há 6 anos; saiba como funciona o processo

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Neste artigo, o g1 detalha o procedimento completo da doação realizada pelo ex-boxeador.

Seis anos atrás, Maguila assinou um documento expressando sua intenção de ceder o cérebro à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Essa instituição possui uma equipe que investiga os efeitos de traumas cranianos recorrentes em atletas de esportes como futebol, boxe e rúgbi.

De acordo com a universidade, o documento precisa ser assinado e ter a firma autenticada em cartório em duas cópias — uma delas será retida pela instituição de ensino e a outra ficará com o ex-atleta ou sua família. Essa é a etapa inicial do procedimento.

Depois do falecimento do doador, inicia-se a próxima etapa. A família de Maguila deve registrar um boletim de ocorrência informando sobre sua morte e, posteriormente, entrar em contato com o Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) localizado na capital paulista, dentro da própria Faculdade de Medicina.

Na sequência, o corpo é transportado até o SVO, onde a "manifestação de vontade" é apresentada e a área de Topografia — que receberá o cérebro — é informada.

"Depois disso, o corpo é preparado diretamente no SVO e, em seguida, enviado para a disciplina de Topografia, onde ficará armazenado e preservado na câmara fria, com temperaturas extremamente baixas", esclareceu a FMUSP.

O g1 buscou se comunicar com os familiares do boxeador para confirmar se a doação realmente ocorrerá, mas não recebeu resposta até a última atualização desta matéria.

Imagem do boxeador brasileiro Adilson Rodrigues Maguila durante uma entrevista em 18 de janeiro de 1990 — Crédito: FLÁVIO CANALONGA/ESTADÃO CONTEÚDO.

O lutador peso-pesado nasceu em 12 de junho de 1958, em Aracaju, no estado de Sergipe. Sua trajetória no boxe se estendeu de 1983 a 2000. Ao todo, ele participou de 85 lutas profissionais, conquistando 77 vitórias — das quais 61 por nocaute —, além de registrar sete derrotas e um empate técnico. Entre os combates mais memoráveis, destaca-se a célebre disputa contra George Foreman, na qual o americano conseguiu nocauteá-lo.

O ex-lutador de boxe atuou como comentarista econômico no programa "Aqui Agora", do SBT, durante a década de 90. Além disso, ele integrou o elenco principal do "Show do Tom", um programa de comédia da Rede Record, em 2004.

Antes de atingir 50 anos, o pugilista recebeu o diagnóstico de Encefalopatia Traumática Crônica (ETC). No entanto, antes desse diagnóstico, um equívoco médico levou ao tratamento inadequado para Alzheimer até 2015, quando o neurologista Renato Anghinah iniciou a abordagem correta, focando na causa principal que contribuiu para o desenvolvimento da ETC: os impactos na cabeça que ele sofreu ao longo de sua trajetória como boxeador.

Em 2022, Maguila concedeu uma entrevista ao GE em uma unidade de saúde localizada no interior de São Paulo. Naquele momento, ele estava recebendo cuidados paliativos.

"Quero enviar um forte abraço a todo o povo brasileiro que me acompanhou na luta. Estou me sentindo bem, então fiquem calmos. Infelizmente, não poderei mais lutar, mas estou em boas condições. Essa enfermidade, que nem consigo pronunciar o nome, é complicada. É importante que o povo saiba que estou bem", afirmou Maguila na ocasião.

O ex-boxeador estava se recuperando da ETC no Centro Terapêutico Anjos de Deus, localizado em Itu, no interior de São Paulo. Segundo dados fornecidos pela instituição, Maguila apresentou uma piora em seu estado de saúde.

Ele deixa sua esposa e três filhos: Edimilson Lima dos Santos, Adenilson Lima dos Santos e Adilson Rodrigues Júnior.

Faleceu o ex-boxeador Maguila, aos 66 anos de idade.

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