Medalha inédita: Caio Bonfim celebra a glória prateada na marcha atlética
Ao se virar durante o momento crucial da competição, Caio Bonfim não apenas notou a presença do atual campeão mundial em seu encalço. Álvaro Martín, da Espanha, estava se aproximando, porém o atleta brasileiro também estava lidando com lembranças ruins de sua trajetória esportiva.
Ele seguia em direção ao pódio nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, quando foi punido e terminou em quarto lugar.
Participar das Olimpíadas ia de encontro às previsões médicas. Quando criança, as pernas de Caio eram excessivamente curvas. Mesmo após uma operação, os médicos não conseguiram assegurar que ele voltaria a andar.
No entanto, no dia 1º de quinta-feira, Caio se destacou desde o início da corrida. Ele liderou a competição em várias partes do percurso de 20 km. Uma foto do momento em que o atleta brasileiro estava na frente se destacou. Ao ser refletida, os corredores formam uma representação semelhante ao formato do Brasil - com Caio na liderança.
Faltando apenas 2 km para terminar, o competidor brasileiro foi alertado duas vezes. Na marcha atlética, é fundamental manter contato com o chão o tempo todo. Levantar os dois pés simultaneamente ou dobrar a perna de maneira incorreta são considerados infrações. Se cometer três infrações, o atleta recebe uma penalização de dois minutos, o que poderia significar o fim da prova para o brasileiro.
Procurar por Brian Pintado, o equatoriano, se mostrava uma tarefa impossível. Mesmo assim, o cansaço não o deteve de cruzar o Rio Sena com determinação nos últimos metros.
Há 36 anos, o Brasil vem competindo na modalidade de marcha atlética nos Jogos Olímpicos, e esse feito é fruto de uma parceria familiar. Gianete Bonfim, oito vezes campeã nacional, atualmente orienta os treinos de seu filho.
Há três décadas, João Sena trabalha como treinador de marcha atlética.
Um evento de família no dia em que Caio desfilou para motivar as futuras gerações.
Karine Alves, jornalista: Então, onde está a medalha? Você ainda não a tem. Apenas amanhã?
Caio Bonfim: Amanhã teremos a entrega dos prêmios no estádio de atletismo. É uma tradição. Mal podemos esperar para receber essa medalha tão desejada.
Entrevistador: A tão almejada conquista de uma medalha não apenas para você, mas também para seus pais. Como foi a importância de tudo isso para sua família?
Caio Bonfim: Um desejo que surgiu a partir do projeto, de ver minha mãe se tornar atleta e realizar o sonho olímpico. Conseguimos chegar à nossa primeira Olimpíada. E realizar esse sonho e poder dizer: 'Nós somos medalhistas olímpicos'. Sou orientado pelos meus pais. Acho incrível quando temos a oportunidade de vivenciar esses momentos com os nossos pais. O esporte me proporcionou muita felicidade, experiências e me tornou amigo deles. Isso foi muito significativo para mim.
Jornalista: Além disso, a marcha atlética tem se mostrado de grande relevância para o Brasil. Para você, o que simboliza essa conquista, essa medalha de prata, para os brasileiros e para o desenvolvimento desse esporte?
Caio Bonfim: Sempre tivemos o sonho de tornar a marcha atlética mais popular. Sabíamos que as conquistas individuais poderiam promover essa popularização. Com a conquista da medalha olímpica, acredito que isso acontecerá naturalmente. Estou contente porque dará mais importância a essa medalha, e trará mais responsabilidade para que outras pessoas tenham a oportunidade de surgir novos marchistas no Brasil.