Quem é Rivaldo Barbosa, delegado que teria planejado a morte de Marielle? | CNN Brasil

Marielle

A revelação de que o delegado Rivaldo Barbosa estava implicado na morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes deixou a família surpresa. Anteriormente, Barbosa era responsável indiretamente pelas investigações. Marinete da Silva, mãe de Marielle, expressou choque e tristeza ao saber que o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro estava entre aqueles que teriam ordenado o assassinato em março de 2018. Ela lembrou que Barbosa havia afirmado que era uma questão de honra resolver o caso.

Com 54 anos de idade, Rivaldo Barbosa graduou-se em Direito pela Unisuam em 1998. Com mais de duas décadas de experiência, atuou como delegado no Rio de Janeiro. Durante sua carreira, destacou-se por liderar as investigações que culminaram na identificação de policiais militares como assassinos da juíza Patrícia Acioli, em 2011, na cidade de Niterói, e do pedreiro Amarildo de Sousa, em 2013, na favela da Rocinha.

Antes de assumir o cargo de Chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, em março de 2018, um dia antes da morte de Marielle e Anderson Gomes, ele trabalhou na Divisão de Homicídios, bem como em outras delegacias e em vários departamentos da Polícia.

Após deixar a posição de liderança, foi designado para a Coordenadoria de Comunicações e Operações Policiais da Secretaria. Segundo informações do portal de transparência do Governo do Estado do Rio, em fevereiro o delegado recebeu um salário líquido de mais de R$ 32 mil.

Para além de exercer a função de delegado, Rivaldo tinha mais de 20 anos de experiência lecionando Direito na Universidade Estácio de Sá e, desde o mês de julho deste ano, também ocupava o posto de Coordenador Adjunto do curso na instituição. No entanto, depois de ser preso, a Estácio declarou que o professor já não fazia parte do seu corpo docente e que todas as medidas necessárias para a sua substituição e para a continuidade das aulas foram tomadas. A nota ainda ressaltou que a atuação da universidade sempre se pauta pelos valores de ética, moralidade e não-violência.

Rivaldo não é muito ativo nas redes sociais, porém de vez em quando publica algumas informações relacionadas ao seu trabalho na polícia e na academia, e também compartilha mensagens inspiradoras da Bíblia.

Nos meios de comunicação, Rivaldo era considerado um delegado atento, cortês e que exibia habilidade e eficiência. No entanto, a Polícia Federal descobriu que essas virtudes eram utilizadas de maneira imprópria. A investigação do caso Marielle indicou que Barbosa foi o responsável por instruir os perpetradores a cometerem o crime longe da sede da Câmara dos Vereadores, com o objetivo de evitar que fosse identificado como um "crime político". Assim, isso garantiria que o caso não fosse tratado pela PF.

Conforme os investigadores, o assassinato de Marielle estava envolto em garantias de impunidade que surgiram como mais uma oferta de negociação da Divisão de Homicídios naquele período. Orlando Curicica, um ex-policial militar que operava como miliciano e foi injustamente implicado na morte de Marielle, denunciou um esquema no qual as milícias pagavam propina às delegacias do Rio em uma base mensal.

Conforme o relatório da Polícia Federal, ele alega que a Delegacia de Homicídios recebeu uma soma estimada entre R$60.000 e R$80.000 mensalmente, com o propósito de cegar as investigações dos responsáveis por determinados delitos. Além disso, a DH supostamente obteve uma quantia adicional por conta de certos crimes que deixaram rastros/provas.

A CNN entrou em contato com o representante legal do delegado Rivaldo Barbosa, Alexandre Dumans, e aguarda resposta. Na entrada da sede da Polícia Federal, no último domingo, Dumans afirmou que não chegou a ter diálogo com o delegado ou adquirido acesso ao registro do caso, o que o impedia de tecer alguma consideração a respeito.

Informações do Estado do Rio de Janeiro revelaram que três delegados da Subsecretaria de Inteligência da Polícia Civil participaram das ações que envolveram Barbosa, o delegado Giniton Lages e um comissário. Os últimos dois foram alvos de mandados de busca e apreensão.

Será efetuada uma investigação minuciosa para punir de forma exemplar qualquer envolvimento de funcionários públicos neste crime. A gestão liderada pelo desembargador Antônio José Ferreira Carvalho irá investigar diligentemente a conduta destes policiais, através da Corregedoria Geral Unificada. Continuamos a apoiar as organizações responsáveis pelo desfecho definitivo deste incidente, conforme o comunicado.

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