Xabi Alonso revê Milan: as lembranças de quem protagonizou 'Milagre de Istambul' quase 20 anos depois

Milan

1º de outubro de 2024, às 05:00.

Xabi Alonso se destacou como um dos principais personagens de uma das finais mais memoráveis da história do futebol. No dia 25 de maio de 2005, o Liverpool saiu para o intervalo derrotado por 3 a 0 contra o Milan. Contudo, pouco mais de uma hora depois, a equipe conseguiu reverter a situação, empatando em 3 a 3 e garantindo a vitória na disputa por pênaltis. Esse confronto é lembrado até hoje como 'O Milagre de Istambul'.

Nesta terça-feira (1º), quase duas décadas depois, o espanhol reencontra o Milan, agora como técnico do Bayer Leverkusen, em partida que ocorrerá na BayArena, às 16h (horário de Brasília), pela segunda rodada do torneio europeu.

Apesar de já terem se passado muitos anos – e de ter vivido inúmeras experiências em outros times –, Xabi ainda guarda lembranças muito vívidas daquele dia marcante. "Quando você entra no túnel, está totalmente focado. Olha para o outro lado e avista a equipe do Milan. A bagagem que eles trazem, a qualidade dos jogadores, é realmente impressionante. E ali, a poucos metros de distância, está o troféu. Minha esposa estava presente. Meu pai e meu irmão também...", contou ao site da Uefa.

"Almejávamos demais aquele troféu; ele teve um grande significado após tantos anos. Para nós, foi a primeira final da Liga dos Campeões. Estávamos bem nervosos, cientes da responsabilidade que carregávamos", acrescentou.

A narrativa daquela partida é reconhecida por diversos aficionados do futebol ao redor do globo. Sob a liderança de Carlo Ancelotti, o Milan apresentou um primeiro tempo impressionante. Paolo Maldini marcou no primeiro minuto, seguido por mais dois gols de Hernán Crespo antes do intervalo, estabelecendo um confortável 3 a 0 no placar, resultado que os colocava perto de conquistar o troféu.

"[O Milan] estava jogando de maneira bastante tranquila e com grande facilidade. Estávamos tornando tudo mais simples para eles. Claro, nós possuíamos a bola, mas não estávamos gerando oportunidades. Não representávamos uma ameaça e me recordo que, durante o intervalo, fiquei bastante decepcionado comigo mesmo. Alguns jogadores estavam muito desanimados, dizendo coisas como 'uau, já era' e 'não temos chances'", recordou Xabi.

Certamente, especialmente ao observar jogadores como Dida, Nesta, Cafu, Pirlo e Kaká do lado oposto, tudo parecia desfavorável ao Liverpool na etapa final. Foi nesse momento que a tática de Rafa Benítez ganhou destaque.

“O Rafa, em vez de oferecer um discurso carregado de emoções, nos apresentou uma fala bastante estratégica, onde discutiu os problemas que enfrentávamos e as alterações necessárias. Nós respondemos: 'Vamos observar o que acontecerá’”, contou o ex-meia.

No entanto, aos 9 minutos, Steven Gerrard anotou o primeiro gol dos Reds. Seis minutos mais tarde, o placar foi igualado, com gols de Vladimir Smicer e do próprio Xabi Alonso.

"Foi o meu primeiro pênalti em um jogo profissional. Estava bastante seguro sobre o lugar onde iria chutar, e a cobrança não foi má, porém, Dida conseguiu fazer uma excelente defesa. No entanto, tive a reação mais ágil da minha trajetória e, ao pegar aquele rebote, foi como se eu tivesse voltado à vida", contou.

No entanto, ainda restava bastante tempo para ser jogado (exatamente uma hora, incluindo a prorrogação). E, apesar da firme reação do adversário, o Milan conseguiu se reerguer na partida, criando oportunidades evidentes para reassumir a liderança.

"Estávamos cientes de que havia uma nova chance em jogo, que tínhamos uma vida a mais e que precisávamos lutar para nos mantermos vivos. Após conseguirmos o terceiro gol, nossa confiança aumentou, mas o Milan era como um leão ferido: quando se levanta, se torna ainda mais ameaçador. Precisamos proteger a vida que havíamos resgatado. E, a partir desse momento, o apito final da prorrogação pareceu... interminável", declarou Xabi.

Após o empate se manter durante o jogo, a definição do campeonato europeu foi para a cobrança de pênaltis. "Quando esse momento chegou, estávamos cientes de que tínhamos avançado muito... isso provavelmente indicava que era nosso destino e que tínhamos uma boa oportunidade (de nos tornarmos campeões). Foi uma situação extremamente tensa e dramática. Ao observar isso, parecia como se um de nossos colegas de equipe estivesse indo sozinho para a batalha."

Nas cobranças de pênaltis, Dudek se destacou com duas defesas impressionantes (e teve um pouco de sorte em uma terceira) para garantir a vitória do Liverpool por 3 a 2 e conquistar o troféu.

"Uma onda de alegria. A sensação de euforia tomou conta de mim. Iniciei uma corrida, sem refletir sobre o que fazer a seguir. O mais gratificante, além da alegria pela conquista, é perceber o quanto você trouxe felicidade às pessoas. O quão feliz você fez os torcedores do Liverpool. E isso é o que perdura em nossa memória e nos enche de orgulho. Acredito que, após tantos anos, é para isso que jogamos", concluiu Xabi.

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