'Não penso em parar com a música', diz Lô Borges - 17/08/2023 ...

17 Agosto 2023
Milton Nascimento

Foi no Edifício Levy, em Belo Horizonte, em meados dos anos 60, que Lô Borges, então com 10 anos e na busca por um lanche, conheceu Milton Nascimento, no episódio que seria o início de uma amizade de longa data, que se consolidou com a composições e gravações que marcaram a Música Popular Brasileira, além da fundação conjunta do Clube da Esquina, grupo de músicos que contava ainda com Toninho Horta, Wagner Tiso Beto Guedes e Márcio Borges. 

No ano passado, Milton se despediu dos palcos em um show para mais de 60 mil pessoas no Estádio Governador Magalhães Pinto, o Mineirão, com a participação do amigo de longa data e apresentação dos sucessos que juntos construíram na mesma cidade de Belo Horizonte. A realidade de Bituca – como é apelidado Milton Nascimento –, porém, está longe de acontecer na vida de Lô Borges, que aos 71 anos afirma ao Diário estar em uma grande fase criativa.

“De fato, Milton encerrou sua longa trajetória na música em 2022. Inclusive participei do último show dele, no Mineirão. Foi um espetáculo incrível e muito emocionante para todos os presentes, mas eu não penso em parar com a música”, diz o músico, que segue a todo vapor e desembarca no Grande ABC para um show que revisita os 50 anos de carreira.

O músico se apresenta amanhã, no Sesc Santo André (Rua Tamarutaca, 302 - Vila Guiomar), apresentando sucessos do próprio Clube da Esquina – como O Trem Azul, Um Girassol da Cor do Seu Cabelo, Paisagem da Janela, entre outras, além de relembrar faixas do clássico Disco do Tênis (1972). Lô Borges leva aos palcos também novidades de cinco discos de inéditas: Rio da Lua (2019), Dínamo (2020), Muito Além do Fim (2021) – no qual retoma a parceria com o irmão Márcio Borges, após 10 anos –, Chama Viva (2022), e seu mais recente álbum, lançado em janeiro deste ano, Não me Espere na Estação.

“Estou numa fase muito criativa, como foi o começo da minha carreira. No ano de 1972, lancei dois discos: o Clube da Esquina e, no 2º semestre, o Disco do Tênis. E a partir de 2019 venho lançando um disco de inéditas por ano. Foram cinco álbuns na sequência e para 2024 tenho mais um em produção”, diz Lô Borges. “Continuo em pleno processo criativo, com um álbum de inéditas em produção, previsto para 2024. E, ao longo do 2º semestre de 2023, sairá um DVD gravado no final de 2022 com a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, DVD este acredito que irá impactar muitas pessoas”, finaliza o artista. 

No show, acompanham Lô Borges (voz e guitarra) os músicos Henrique Matheus (guitarra e vocais), Renato Valente (baixo), Robinson Matos (bateria) e Felipe D''Ângelo (teclados e vocais).

AMIZADE

Na entrevista ao Diário, Lô Borges relembra a infância. Segundo o artista, em sua casa, os pais e irmãos mais velhos sempre gostaram de música. Foi nessa época, meados dos anos 60, que Milton Nascimento mudou-se para o prédio (Edifício Levy) onde a família de Ló morava. Em uma tarde, a mãe do compositor pediu para ele comprar o lanche da tarde, e então, nas escadarias do prédio, ambos se encontraram pela primeira vez.

“Eu tinha 10 anos e ele tinha 20. Esse encontro com o Bituca mudou minha vida! Milton começou a gravar as minhas primeiras composições. Por exemplo, Para Lennon & McCartney lançada no álbum Milton (de 1970) fez enorme sucesso e desde então não parei mais de compor”, relembra. “Em 1971, ele me fez um convite para dividir com ele um novo disco de inéditas, que se tornaria o Clube da Esquina”.

Foi então que Lô Borges se mudou para o Rio de Janeiro, onde passou a morar numa casa na beira da praia, em Mar Azul, uma região de Niterói, junto a Milton Nascimento e Beto Guedes. Nesta casa, foi composta a grande maioria das músicas que estão no álbum Clube da Esquina. “O resto é história”, finaliza Lô Borges, a estrela principal do show da noite desta sexta-feira, no Sesc, em Santo André.

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