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27 Junho 2023
Nossa Senhora do Perpétuo Socorro

Professores se reuniram na Assembleia de Legislativa de MS após a servidora ser alvo de ataques no plenário

Na manhã desta terça-feira (27), professores da Rede Municipal de Ensino (Reme) e da Rede Estadual de Ensino (SED) se manifestaram na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul em defesa de uma servidora que é alvo de ataques por supostamente ensinar ideologia de gênero em sala de aula.

A professora Luciana Zambillo, servidores das redes municipal e estadual, foi alvo de críticas realizadas pelo deputado Rafael Tavares (PRTB), em vídeo publicado nas redes sociais, por meio dos quais ele acusa a professora de doutrinação de ideologia de gênero. 

Tudo começou em função de um edital de bolsa-atleta da Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul (Fundesporte), em que, para realizar a inscrição, era necessário que o interessado identificasse seu gênero e sexualidade. 

No edital, foram incluídas opção para as pessoas se identificarem como homem ou mulher cisgênero [pessoas que identificam com o gênero biológico, ou seja, de nascença], e homem ou mulher transgênero [pessoas que não se identificam com o gênero biológico]. 

No que diz respeito à orientação sexual, deveriam marcar entre as opções: hétero, bissexual ou homossexual.

A variedade e opções foi o estopim para as críticas do deputado, tendo como alvo o inicial o edital da Fundesporte. 

Posteriormente, a professora Luciana ministrava uma aula em que falou sobre o edital, surgindo dúvidas dos alunos em relação às opções de identificação de gênero e sexualidade. 

Desse modo, ela explicou o que cada termo significava, levando exemplos cotidianos para os alunos entenderem melhor do que tudo se referia. Ouça o áudio gravado por um aluno durante essa aula: Conforme é possível ouvir no áudio, a professora não realiza juízo de valor e nem induz os alunos a pensarem de alguma forma específica. Abordando o assunto de forma instrutiva, considerando que os alunos não sabiam os significados dos termos. 

Mesmo assim, o deputado Rafael Tavares teceu críticas à professora, acusando-a de ensinar ideologia de gênero e apresentou um requerimento à Assembleia Legislativa de MS contra à servidora. 

“Queremos apresentar Projeto de Lei pensando em solucionar esse problema, já que alguns professores aí não se restringem à ocupação de ensinar, e acabam adentrando em algumas situações em ambiente escolar, que não estão na ossada de professores, principalmente tratando ideologia de gênero. Nenhum pai ou mãe no Mato Grosso do Sul coloca uma criança na escola para aprender sobre isso”, disse o deputado. 

Tal requerimento, para investigar a professora, foi aprovado pela maioria dos deputados, entre eles Paulo Corrêa (PSDB), Pedrossian Neto (PSD), Londres Machado (PP), Lia Nogueira (PSDB) e Mara Caseiro (PSDB). 

Diante desses ocorridos, a classe de professores se reuniu em defesa de Luciana, protestando contra as críticas, consideradas injustificáveis pela categoria. 

Entenda 

Os professores manifestantes usaram do Pequeno Expediente para lerem, em uníssono, uma nota da Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul (FETEMS), a qual defende a liberdade de ensino em sala de aula.

Como base foi destacado o artigo 206 da Constituição Federal, que prevê o “pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino”. 

“A Fetems defende a liberdade de ensino e repudia veementemente toda e qualquer atitude que venha expor a trabalhadores(as) ferindo a sua honra, sua dignidade profissional e sua vida pessoal, bem como a exposição em grupos de whats e redes sociais que desconhecem a realidade de uma sala de aula”, diz a nota. 

Segundo o presidente do Sindicato Campo-grandense dos Profissionais da Educação Pública (ACP), Gilvano Kunzler Bronzoni, os professores passam por um momento de muita desvalorização e sucateamento. 
 
“O professor e a professora têm o dever de trabalhar também com alguns temas transversais”, explica. 

Ele pontua que falar sobre algum assunto não é o mesmo que forçar o aluno a seguir alguma ideologia ou posicionamento político. 
 
“Agora, no caso em específico da professora que foi acusada aqui na tribuna, a professora simplesmente estava explicando alguns pontos que está inclusive em um edital, no formulário do Governo do Estado da Fundesport”, disse. 

O professor Jaime Teixeira, presidente da Fetems, repudia o acontecido e diz que o deputado criou um fake news. 

“O professor está exercendo ali a profissão dele, a liberdade de cátedra, né? A liberdade de ensinar, liberdade de fazer o seu trabalho com autonomia, e aí ele pega aquele vídeo que se transforma numa fake news e fica na nas redes sociais”, disse. 

A manifestação aconteceu apenas durante esta manhã e já foi encerrada. 

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