Festas de Nossa Senhora dos Navegantes e Iemanjá devem reunir ...

2 Fev 2023
Nossa Senhora dos Navegantes

Por Cíntia Piegas
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Depois de dois anos de espera, pescadores da Colônia Z-3 e moradores do balneário dos Prazeres voltam a receber a população para as festas de Nossa Senhora dos Navegantes e de Iemanjá. Os preparativos para homenagear a santa protetora dos pescadores e a orixá das águas movimentaram as duas comunidades desde o início da semana. No Barro Duro, a quarta-feira (2) foi de montagem dos acampamentos das terreiras, limpeza do local, e a chegada dos ambulantes. Na Z-3, fiéis dedicaram a tarde para os enfeites da paróquia e dos barcos.

"Eu venho sempre um dia antes, pois não consigo caminhar, e assim o carro desce até em frente à Iemanjá", disse a aposentada Nata Silveira, 70. Com dificuldades para subir a escadaria, ela contou com apoio da bengala para poder entregar flores, acender velas e orar. "Eu peço que a santa proteja todas as pessoas que lidam com o mar ou trabalham na água", falou ela, se referindo a um sobrinho que adora pescar. Ela fez questão de agradecer pelas graças alcançadas. "Agradecer por uma vida limitada, mas muito útil", reconheceu.

Em meio à polêmica da limitação de espaços na área considerada de Preservação Permanente Ambiental (PPA), o cacique da terreira que fica no bairro Getúlio Vargas, Márcio Brum, 30, mais conhecido como Márcio Sete Encruzilhadas, divide o espaço com outra sessão que fica na Bom Jesus, no Areal. O espaço inicial era de sete por oito metros quadrados. Mas segundo a federação, ganhou mais alguns centímetros para poder acomodar os grupos. Ele lamenta as imposições, pois a participação de umbandistas na festa chegaria a 200 pessoas, sendo que liberam apenas 70.

"Nossa vida religiosa é feita por etapas e ao longo do ano homenageamos todos os orixás. Mas costumamos dizer que o ano começa com a festa de Iemanjá. E este em especial, pois é depois de dois anos de pandemia". Para o umbandista, poder celebrar e divulgar a festa é uma quebra de tabu. "Muitos acreditam que é coisa de diabo. Pois eu digo: não há religião ruim, existem pessoas ruins em todas as religiões." Depois das celebrações da Federação Sul-riograndense de Umbanda e Cultos Afro-brasileiros, prevista para ocorrer até a meia noite de quinta (3), a terreira de Márcio dará início aos trabalhos de corrente e de passe, com encerramento dos atendimentos à beira da Lagoa com os pretos-velhos.

Para a Federação Sul-riograndense de Umbanda e Cultos Afro-brasileiros, esse é o evento que mais reúne público em Pelotas, depois do Carnaval - que este ano é cercado de incertezas -, e por isso, não deveria ter restrições. "Além da área que demarcaram, nos deram autorização para a descida de apenas 30 carros. Mas basta vir qualquer dia da semana para vermos várias infrações ao meio ambiente", observou o presidente da entidade, Joabe Bohns. Diante da realidade, ele diz não ter como impedir as pessoas de fazerem oferendas. Bohns garante que em todas as reuniões da Federação foi passado aos religiosos que procurem não levar barquinho de madeira e flores de plásticos, muito menos deixar garrafas e isopor, pois poluem a lagoa e levam milhares de anos para se decompor. "No entanto, a Prefeitura abre espaço para ambulantes que vendem esses artigos. Sem falar da praça da alimentação que vai dispor de copos plásticos", disse indignado. Para ele, a questão ainda recai sobre o preconceito religioso. Apesar das barreiras, Bohns garante que será uma linda festa. O momento mais esperado das duas festas deve ocorrer nesta quinta-feira (3), por volta das 15h, com o encontro das duas imagens, tradição que se repete há anos.

Na Colônia
Com a estimativa de uma boa safra do camarão, os organizadores da festa de Nossa Senhora dos Navegantes na Z-3 esperam receber mais de três mil pessoas. "Foram dois anos sem poder homenagear a santa, então estão todos muitos motivados aqui na comunidade", disse a ministra da igreja Rosimeri Ribeiro, enquanto pegava as bandeirolas para enfeitar o barco que levará a imagem da santa na procissão lacustre. Rosimeri não tem uma previsão de quantos barcos irão participar, mas a expectativa é boa, pois como o clima está propício para a captura do crustáceo, o momento é de agradecer a padroeira dos pescadores. "Estamos preparando uma linda festa para receber o público aqui na comunidade."

Para quinta, a programação se inicia às 10h com a chegada da imagem da Paróquia do Porto, com realização da Santa Missa. Logo depois tem almoço festivo ao lado da igreja da Z-3. Às 15h tem a procissão lacustre, onde a imagem de Nossa Senhora dos Navegantes da paróquia local vai até o Valverde e retorna, e a da Paróquia do Porto segue até seu destino. No trajeto, o encontro com as imagens de Iemanjá, no balneário dos Prazeres, e com centenas de fiéis que lotam as areias das praias do Laranjal para ver a procissão religiosa. Às 18h, está previsto a acolhida da imagem no Quadrado, com procissão até a Matriz Sagrado Coração de Jesus. No Valverde, a missa ocorre às 19h.

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