Novembro Azul: prevenção de câncer de próstata deve ser o ano todo
O Instituto Nacional de Câncer (Inca) projeta aproximadamente 71,7 mil novas ocorrências de câncer de próstata anualmente no Brasil, conforme uma pesquisa publicada em 2022. De acordo com dados de 2023, o Ministério da Saúde informou que esse tipo de diagnóstico é o segundo mais frequente entre os homens no país, correspondendo a 30% dos novos casos de câncer registrados a cada ano.
Os dados apenas reforçam a relevância de iniciativas de conscientização como o Novembro Azul, uma vez que a única maneira de reduzir esses números é através da prevenção.
A iniciativa visa conscientizar e motivar os homens a se submeterem a exames de prevenção, abordando não apenas o câncer, mas também outros perigos à saúde, como enfermidades cardíacas, distúrbios respiratórios, diabetes e questões relacionadas à saúde mental.
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"Os homens precisam estar atentos à sua saúde ao longo de todo o ano, e não apenas em Novembro Azul. É importante ter uma perspectiva ampla sobre a saúde", diz Oren Smaletz, oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein.
Smaletz considera que este mês proporciona à sociedade a chance de se informar sobre o câncer de próstata e outras questões relacionadas à saúde dos homens, especialmente aquelas que enfrentam obstáculos culturais.
No que diz respeito ao câncer de próstata, a prevenção é fundamental, pois a condição apresenta sintomas discretos em seus estágios iniciais. Os indicativos começam a surgir nas fases mais avançadas, ou seja, quando a situação se torna visível, as probabilidades de cura diminuem.
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De acordo com Alexandre Sallum Bull, responsável pela equipe de urologia da Rede de Hospitais São Camilo em São Paulo, muitos homens hesitam em fazer exames preventivos por conta de estigmas e crenças errôneas ligadas à sua masculinidade.
Ainda há uma certa relutância entre os homens em fazer exames de rotina. É fundamental que eles entendam que zelar pela saúde não representa um sinal de vulnerabilidade, mas sim de responsabilidade e cuidado pessoal.
No entanto, para que a prevenção seja realmente efetiva, não é suficiente apenas realizar exames anualmente e considerar isso um trabalho satisfatório. Os profissionais enfatizam a necessidade de adotar e sustentar hábitos saudáveis durante todo o ano.
As principais orientações incluem a completa erradicação do tabagismo, a diminuição do consumo de bebidas alcoólicas, a adoção de exercícios físicos frequentes e a manutenção de uma alimentação balanceada, rica em frutas, legumes e grãos integrais.
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Smaletz ressalta que “os homens precisam procurar atendimento médico para cuidar da saúde de maneira geral, e não apenas em relação ao câncer de próstata. A atenção deve ser abrangente e constante”.
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A relutância de muitos homens em se submeter ao exame de toque retal continua sendo um obstáculo, e conforme aponta Bull, essa resistência está profundamente enraizada na cultura, associada ao conceito de masculinidade e à crença de que o exame é algo a ser evitado por ser considerado "vergonhoso" ou "diminuir a masculinidade".
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“A avaliação por toque é fundamental para a detecção precoce do câncer de próstata. É crucial desfazer esse mito repetidamente, para que um número maior de homens possa ter acesso ao tratamento apropriado", esclarece.
O urologista ressalta que as iniciativas e campanhas têm surtido efeitos positivos na conscientização, já que ele notou um aumento no número de homens em busca de atendimento. Além disso, o especialista acredita que a presença feminina exerce uma grande influência nesse contexto, com base em sua própria vivência.
"Um número considerável de mulheres – esposas, mães, irmãs – está estimulando os homens a procurarem um urologista, o que também ajuda a aprimorar a qualidade de vida deles", afirmou Bull.
O câncer de próstata é frequentemente classificado como uma doença discreta em suas etapas iniciais, o que implica que muitos homens só notam sinais em estágios mais avançados. “Quando um homem começa a manifestar sintomas, é provável que ele já tenha um tumor em fase avançada”, adverte Smaletz.
Segundo o especialista em oncologia, os sinais mais frequentes são dificuldade ao urinar, a presença de sangue na urina ou no sêmen, além de dores nos ossos, especialmente em situações de metástase.
Portanto, é essencial que os homens estejam vigilantes a qualquer mudança em sua saúde e busquem a orientação de um médico sem demora se perceberem algo que não esteja habitual.
No que diz respeito à prevenção, o exame de PSA (Antígeno Prostático Específico) possibilitou progressos no diagnóstico antecipado, diminuindo a quantidade de casos identificados em estágios mais avançados.
A orientação atual sugere que homens com 45 anos ou mais realizem exames preventivos, incluindo o PSA e o exame de toque retal. Aqueles que têm antecedentes familiares de câncer de próstata devem começar as avaliações a partir dos 40 anos.
Bull destaca que o histórico familiar e a idade são elementos que aumentam o risco para a doença. Além disso, foi notado que homens negros possuem uma probabilidade maior de desenvolver câncer.
"O câncer de próstata é insidioso nas suas etapas iniciais, apresentando-se sem sinais. Por essa razão, as visitas periódicas ao urologista são fundamentais para a detecção antecipada, o que permite um tratamento mais eficaz e aumenta a probabilidade de cura para acima de 90%."
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No que diz respeito ao câncer, os profissionais enfatizam que cada situação é única. Por exemplo, Smaletz defende que os testes de prevenção não precisam ser realizados a cada ano para todo mundo, pois isso pode variar de acordo com os níveis de PSA e o exame de toque retal.
“A periodicidade dos exames depende dos resultados do PSA, que é um exame de sangue que quantifica uma proteína gerada pela próstata. Os níveis de PSA tendem a elevar-se com a idade, por isso, a análise do PSA deve levar em conta tanto a idade do paciente quanto o tamanho da próstata. Se os resultados do PSA e do exame de toque não sinalizarem risco de câncer, os testes podem ser feitos a cada dois ou três anos”, esclarece.
A campanha Novembro Azul, que começou em 2011 no Brasil, tem como objetivo aumentar a conscientização sobre a saúde masculina, incentivando os homens a procurarem cuidados preventivos e a realizarem exames periódicos. Bull ressalta que “a prevenção é muito mais eficaz do que o tratamento” quando se refere ao câncer de próstata.