Novo 'sistema de grupo sanguíneo' é descoberto por cientistas britânicos; achado resolve mistério de 50 anos

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Novo sistema de grupo sanguineo

A nova descoberta esclareceu um enigma que persistiu por 50 anos e foi realizada por cientistas do sistema de saúde britânico em parceria com a Universidade de Bristol. Eles identificaram a origem genética do enigmático antígeno AnWj.

???????? IMPORTANTE: O termo "antígeno" é fundamental para compreender a descoberta e o conceito de "sistemas sanguíneos", que nós comumente conhecemos como tipos de sangue.

Com essa nova descoberta, os médicos são capazes de identificar com maior exatidão indivíduos que possuem esse tipo extremamente raro de sangue, o que ajuda a prevenir complicações durante as transfusões.

O Enigma Dos Anos 70

O antígeno AnWj foi identificado em 1972, mas até pouco tempo atrás, os pesquisadores tinham poucas informações a seu respeito. O enigma estava ligado ao fato de que a sua composição genética — isto é, qual segmento do DNA é encarregado de sua produção — ainda não havia sido totalmente elucidata.

Os cientistas britânicos identificaram um elemento crucial deste enigma: eles constataram que o antígeno AnWj está associado à proteína Mal, que se encontra na superfície das hemácias, as células responsáveis pelo transporte de oxigênio e pela coloração vermelha do sangue.

Cerca de 99,9% da população global apresenta o Antígeno AnWj positivo e produz a proteína Mal de forma plena em suas hemácias, algo que não ocorre nas células dos indivíduos que são AnWj-negativos.

"A relevância dessa descoberta reside no fato de que agora é viável criar testes para reconhecer pacientes e doadores que apresentem o raro fenótipo AnWj-negativo, o que possibilita a realização de transfusões sanguíneas mais seguras", afirmou ao g1 Lilian Castilho, especialista em Hematologia e Hemoterapia pela Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH), que não participou da pesquisa.

Nicole Thornton (à direita) e Louise Tilley, do NHS Blood and Transplant (NHSBT). — Imagem: NHS Blood and Transplant

A maior parte dos indivíduos que possuem o tipo de sangue AnWj-negativo apresenta essa característica por conta de doenças, como determinados tipos de câncer ou distúrbios sanguíneos, que impedem a manifestação do antígeno AnWj.

No entanto, na pesquisa, os cientistas também descobriram que existe um grupo reduzido de indivíduos que apresentam AnWj-negativo devido a uma razão genética, ou seja, porque carecem do gene MAL (responsável pela síntese da proteína Mal), que é fundamental para a formação desse antígeno.

Na pesquisa, os pesquisadores identificaram cinco indivíduos que apresentavam o tipo sanguíneo AnWj-negativo devido a fatores genéticos, incluindo um clã de árabes-israelenses.

Uma das amostras de sangue pertencia a uma mulher que, na década de 1970, foi reconhecida como a pioneira a apresentar esse tipo sanguíneo.

"Demanda-se um esforço considerável para demonstrar que um gene, de fato, é responsável pela codificação de um antígeno no sangue. No entanto, é exatamente isso que nos motiva: realizar essas descobertas a fim de auxiliar pacientes raros ao redor do planeta. Atualmente, é possível desenvolver testes genéticos que identificam pacientes e doadores que são geneticamente AnWj-negativos. Esses exames podem ser incorporados às plataformas genéticas já em uso", finalizou.

A fim de verificar que a proteína Mal é a responsável pela interação com os anticorpos AnWj, os cientistas conduziram uma série de experimentos.

Primeiramente, eles incorporaram o gene MAL saudável em células e notaram uma resposta específica, o que indicou que a proteína Mal estava presente e operando normalmente.

Entretanto, ao utilizarem o gene mutante, que não opera corretamente, essa reação não se manifestou. Isso evidenciou que a proteína Mal é fundamental para a interação com os anticorpos AnWj.

É extremamente fascinante que conseguimos aplicar nossa habilidade de alterar a expressão genética em células sanguíneas em formação para desvendar a identidade do grupo sanguíneo AnWj, que permaneceu um mistério por cinquenta anos.

— Ash Toye, docente de Biologia Celular e responsável pela Unidade de Pesquisa em Sangue e Transplante da Universidade de Bristol.

Com essa revelação, Castilho esclarece que a próxima etapa consiste em criar testes mais exatos, como exames de PCR (procedimentos laboratoriais altamente sensíveis), para identificar a ausência desse gene.

Ela afirma que isso tornará mais simples a identificação de pessoas com esse fenótipo incomum e assegurará que elas recebam transfusões de sangue adequadas.

Adicionalmente, é necessário realizar investigações futuras para entender a função da proteína Mal nas células sanguíneas e de que forma a sua falta pode afetar a saúde, contribuindo para a melhoria do diagnóstico e do tratamento dessas enfermidades raras.

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