Opas eleva risco de febre do Oropouche nas Américas para alto

4 Agosto 2024
Oropouche

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), que faz parte da Organização Mundial da Saúde nas Américas, emitiu um alerta epidemiológico de alto risco para a febre do Oropouche no continente, neste sábado (3).

Segundo a organização, a decisão foi tomada devido a "recentes mudanças extremamente preocupantes" nas características médicas e epidemiológicas da doença, incluindo a ocorrência de casos em áreas fora das regiões endêmicas tradicionais.

Outros elementos considerados para a divulgação do alerta de alto nível são as duas mortes causadas pela febre do Oropouche confirmadas no interior de São Paulo e a detecção de uma possível transmissão vertical do vírus (da mãe para o bebê durante a gravidez ou parto). A Opas também acompanha os casos de morte fetal e de recém-nascidos com anencefalia que podem estar associados à infecção.

"A entidade destacou que, mesmo sabendo que essas observações estão em estágios iniciais de pesquisa e que a real evolução da doença ainda é desconhecida, o nível de perigo para a região foi elevado para alto".

"Essa conclusão foi tirada a partir dos dados presentes e acessíveis, com um grau de confiança moderado e muita precaução", afirmou a Opas.

Conforme o documento, os parâmetros levados em conta para atualização do nível de risco regional da febre do Oropouche incluem o potencial de risco para a saúde humana. Os sintomas clínicos da infecção pelo vírus geralmente variam de leves a moderados, com sintomas autolimitados que costumam desaparecer em até sete dias. Embora complicações sejam pouco comuns, casos isolados de meningite séptica foram registrados. Recentemente, dois óbitos relacionados ao vírus foram registrados no Brasil durante um surto da doença no país. Estes são os primeiros casos fatais da doença no mundo.

Para a tomada de decisão, a organização levou em consideração também a possibilidade de transmissão do vírus de forma vertical, a qual está sendo investigada. Em 12 de julho, o Brasil comunicou à Opas sobre suspeitas de transmissão vertical da febre do Oropouche e suas consequências. Até 30 de julho, cinco possíveis casos de transmissão vertical do vírus foram relatados no Brasil, incluindo quatro casos de óbito fetal e um caso de aborto espontâneo em Pernambuco, além de quatro casos de recém-nascidos com microcefalia nos estados do Acre e do Pará. As investigações estão em andamento.

A Organização Pan-Americana da Saúde também aponta o perigo de disseminação da doença, destacando que, no período de 1° de janeiro a 30 de julho de 2024, foram registrados 8.078 casos confirmados em pelo menos cinco países da América, como Bolívia (356 casos), Brasil (7.284 casos), Colômbia (74 casos), Cuba (74 casos) e Peru (290 casos). No Brasil, a região amazônica concentrou 76% dos casos confirmados.

Segundo a Opas, ao menos 10 estados do Brasil fora da região amazônica já registraram transmissão autóctone ou local da febre do Oropouche, com alguns casos inéditos para a doença. Essa informação indica que nos últimos três meses foram reportados casos em novas regiões e em novos países, indicando a propagação do vírus pelas Américas.

Desde que foi descoberto em 1955, o vírus tem causado epidemias em várias nações da América do Sul e da região amazônica, principalmente devido ao vetor Culicoides paraensis, ao possível vetor Culex e aos seus hospedeiros, como preguiças e primatas.

A possibilidade de disseminação de vetores e, por consequência, da propagação da febre do Oropouche está se intensificando devido às alterações climáticas, ao desmatamento, à urbanização desenfreada e não planejada e a outras ações humanas que impactam o ambiente e favorecem a interação entre vetor e hospedeiro. A Opas afirmou que, até agora, não foram encontradas evidências de transmissão do vírus entre pessoas.

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