Primeiro óbito fetal por febre Oropouche preocupa autoridades

4 Agosto 2024
Oropouche

Ontem, o Ministério da Saúde confirmou um caso de morte fetal devido à transmissão vertical da febre Oropouche em Pernambuco. A mulher grávida tem 28 anos e estava no 30º semana de gestação. A pasta está investigando mais oito casos da infecção, sendo que em quatro deles resultaram em morte fetal e os outros apresentaram anomalias congênitas, como a microcefalia.

Os especialistas consideram a enfermidade como um surto, devido ao registro de mais de 7 mil casos confirmados neste ano, em 21 estados do Brasil, com três óbitos - os primeiros do mundo. A maioria das ocorrências ocorre no Amazonas e em Rondônia.

O Ministério da Saúde ressaltou que a confirmação levou em conta diversos dados, incluindo resultados que eliminaram outras possibilidades de diagnóstico e resultados positivos em testes RT-PCR e imunohistoquímico.

O governo federal também anunciou a criação de um documento técnico com diretrizes para a metodologia de análises laboratoriais, vigilância e assistência à saúde, indicando procedimentos adequados para gestantes e bebês recém-nascidos com sintomas que possam ser relacionados à doença. Este material será enviado para os estados e municípios.

Os oito casos sob investigação estão localizados em Pernambuco, Bahia e Acre. Entre esses casos, quatro resultaram em morte fetal e quatro apresentaram malformações congênitas, incluindo microcefalia. As análises estão sendo realizadas pelas secretarias de saúde estaduais e por especialistas, com o apoio do Ministério da Saúde, para determinar se há alguma relação entre o vírus Oropouche e os casos de malformação ou aborto.

Na semana passada, foram registradas duas mortes por febre Oropouche no interior da Bahia, que estavam sendo investigadas. Esses foram os primeiros casos confirmados no país. As pessoas que faleceram eram mulheres com menos de 30 anos e sem outras doenças associadas. Elas manifestaram sintomas parecidos com os da dengue hemorrágica.

Segundo informações do Ministério da Saúde, não havia nenhum relato de mortes decorrentes da doença na literatura científica global. Um caso semelhante está sendo investigado em Santa Catarina. O órgão emitiu um alerta sobre o aumento e disseminação da infecção no país em maio, uma vez que o número de diagnósticos da doença aumentou cinco vezes entre 2023 e 2024.

Conforme anunciado pelo governo, nos próximos dias será divulgado o Plano Nacional de Combate às Arboviroses, que incluem a dengue, zika, chikungunya e Oropouche. No último mês, o Ministério da Saúde emitiu duas notas técnicas direcionadas aos gestores estaduais e municipais sobre essas doenças. Uma delas destaca a importância de intensificar a vigilância dos casos e alerta para o risco de transmissão vertical, ou seja, quando o vírus é transmitido da mãe para o bebê durante a gravidez ou parto.

A área de estudo de vírus transmitidos por artrópodes e febres hemorrágicas do Instituto Evandro Chagas examinou amostras de sangue e líquido cerebroespinhal guardadas na instituição, coletadas para investigar doenças causadas por esses vírus e que deram negativo para dengue, chikungunya, zika e febre do vírus do Nilo Ocidental. Durante essa pesquisa, foi identificado em quatro bebês com microcefalia a presença de anticorpos contra o vírus da febre do Oropouche.

Isso comprova que o vírus pode ser transmitido verticalmente, mas as limitações do estudo impedem de estabelecer uma ligação direta entre a infecção pelo vírus durante a gestação e as anomalias neurológicas nos recém-nascidos", ressaltou o relatório.

No mês de julho, uma pesquisa em laboratório de um caso de morte fetal com 30 semanas de gravidez descobriu o material genético do vírus da febre Oropouche no sangue do cordão umbilical, placenta e em diversos órgãos do feto, como tecido cerebral, fígado, rins, pulmões, coração e baço.

O Instituto Evandro Chagas informou que esta é uma prova de que o vírus está sendo transmitido verticalmente. Estão sendo feitas análises laboratoriais e de dados epidemiológicos para concluir e classificar este caso.

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