VÍDEO: Otoni de Paula, ex-tropa de choque de Bolsonaro, rasga elogios a Lula em evento evangélico
Redigido em POLÍTICA em 16/10/2024 · 07:06 h
O deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), que até recentemente era um defensor fervoroso de Jair Bolsonaro e um dos principais integrantes da sua "tropa de choque" no Congresso, decidiu se distanciar da extrema direita e iniciar um diálogo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Representando a Bancada Evangélica, Otoni de Paula esteve no Palácio do Planalto nesta terça-feira (15) para a cerimônia em que o presidente Lula assinou a lei que institui o Dia Nacional da Música Gospel. A iniciativa, proposta pelo deputado federal Raimundo dos Santos (PSD-PA), que também é cantor e sanfoneiro gospel, determina que a data será celebrada anualmente em 9 de junho.
Junto a líderes evangélicos e um grupo de cantores de música gospel, o deputado federal, que durante o governo Bolsonaro ofendia Lula chamando-o de "ladrão" e chegou a ameaçar o presidente dizendo que o receberia "a tiros", fez uma oração em favor do chefe do Executivo e teceu diversos elogios ao mandatário.
"A grande parte dos evangélicos deste país possivelmente não escolheu Vossa Excelência nas urnas, e o senhor é consciente disso. No entanto, é provável que estejamos entre os brasileiros que mais se beneficiam dos programas sociais de sua administração, uma vez que os mais carentes e necessitados, aos quais Jesus sempre dedicou a maior parte de seu tempo, representam a imensa maioria de nossos irmãos", afirmou Otoni de Paula.
"É devido à perspectiva social implementada pelos seus governantes que essa população humilde conta com a oportunidade de se alimentar graças ao Bolsa Família. Eles também têm um lugar para viver, proporcionado pelo Minha Casa, Minha Vida. Ademais, essa mesma abordagem social possibilitou que nossas igrejas contassem com mais profissionais qualificados, como doutores e professores. Pessoas que, de outra forma, nunca teriam podido obter um diploma de nível superior, caso não fosse pela visão do governo que Vossa Excelência representa", afirmou o parlamentar.
No evento com Lula, o deputado Otoni de Paula também demonstrou sua intenção de estreitar laços entre o presidente e o público evangélico, que, nos últimos anos, se voltou predominantemente para Bolsonaro. De acordo com o parlamentar, os evangélicos "não pertencem a ninguém" – uma alusão direta ao pastor Silas Malafaia, a principal figura do movimento evangélico bolsonarista no Brasil.
"Não temos um proprietário, senhor presidente. Ou, com todo o respeito que temos pelos irmãos católicos, não temos um papa, nem uma liderança superior. Somos um organismo diverso em nossa perspectiva de mundo, fundamentados no nosso entendimento das sagradas escrituras, tendo Cristo como nosso principal líder e guia. A igreja, senhor presidente, não se alinha à direita ou à esquerda. E não pertence a este partido ou àquele. Não somos meros seguidores. Somos ovelhas do bom pastor. E as divisões políticas não vão desviar nossa missão de sermos, como disse Cristo, o sal da terra e a luz do mundo", disse ele.
Otoni de Paula solicitou ainda que Lula se aproxime dos evangélicos "de maneira aberta".
"Há espaço na mesa do Pai para que possamos ter comunhão. Independentemente de nossos sentimentos políticos em relação a Vossa Excelência e suas opiniões, não nos resta outra alternativa, segundo a Bíblia, a não ser orar por Vossa Excelência. A responsabilidade de interceder pelas autoridades nos foi determinada pelo nosso Senhor", afirmou.
Diálogo Aberto No Rio
Otoni de Paula, que até recentemente era visto como um dos apoiadores mais extremistas de Bolsonaro na Câmara, entrou em conflito com o presidente ao anunciar seu apoio ao prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), aliado de Lula, em vez de apoiar o candidato bolsonarista à prefeitura, Alexandre Ramagem (PL).
A aproximação de Otoni de Paula com Lula, após ter apoiado Paes, é interpretada como uma chance para que o presidente recupere o apoio dos eleitores evangélicos na principal base eleitoral de Bolsonaro.
