Ex-democrata, ex-lobista e apoiadora antiga de Trump: quem é Pam Bondi, escolhida para procuradora-geral dos EUA após desistência de Matt Gaetz | Mund
A nomeação de Gaetz suscitou contestações devido à sua carreira, que muitos consideram insuficiente para ocupar a posição de Procurador-Geral.
Pam Bondi, por sua vez, não deve encontrar obstáculos nesse aspecto: natural de Tampa, na Flórida, ela foi procuradora-geral do estado de 2011 a 2019, sendo a primeira mulher a assumir essa posição. Antes disso, trabalhou como promotora no Gabinete do Procurador do Estado no Condado de Hillsborough, também na Flórida, durante 18 anos.
Na sua função como promotora, concentrava-se em casos relacionados à violência doméstica e sexual. Ao assumir o cargo de procuradora-geral da Flórida, deu ênfase a casos de tráfico de pessoas.
Ao mesmo tempo, vale ressaltar que Bondi possui uma longa trajetória como defensora de Trump: ela foi uma das primeiras, entre os atuais apoiadores do presidente eleito, a manifestar seu apoio a ele, no começo de 2006, durante a primeira prévia entre os candidatos republicanos.
Ela também atuou como advogada de Trump durante seu primeiro impeachment, em 2019, no qual o republicano foi inocentado. Além disso, tornou-se comentarista do canal norte-americano Fox News, sempre defendendo o atual presidente eleito.
Entretanto, o percurso de Bondi em apoio a Trump difere de sua trajetória política anterior: a ex-procuradora-geral da Flórida foi membro do Partido Democrata — adversário do Partido Republicano de Trump — até a década de 2000.
Contudo, após sua mudança de posição, seu desempenho dentro do Partido Republicano passou a se destacar.
Em 2016, durante sua participação na Convenção Nacional Republicana, onde Trump se afirmou como o inesperado candidato do partido, ela ouviu da audiência críticas à então candidata democrata, Hillary Clinton.
Ela foi membro da equipe de transição de Trump em 2016 e, além disso, presidiu o America First Policy Institute, um centro de estudos fundado por ex-integrantes do governo Trump com o objetivo de preparar as diretrizes para um possível segundo mandato.
Caso seja aprovada pelo Senado sob a liderança dos republicanos, Bondi se tornará uma das figuras mais relevantes do novo governo de Trump. Isso se deve ao fato de que, durante sua campanha, o republicano sinalizou que retaliaria seus opositores, e os democratas se preocupavam com a possibilidade de ele colocar o Departamento de Justiça sob controle de seus aliados para utilizá-lo em benefício próprio.
Se receber a aprovação do Senado — nos Estados Unidos, os senadores precisam aprovar os nomes sugeridos pelo presidente para os cargos de alto escalão — ela liderará os 115.000 funcionários do departamento e supervisionará um orçamento aproximado de US$ 45 bilhões.
Sua indicação indica a intenção de Trump de reformular o Departamento de Justiça, que o republicano acusou de favorecer um partido durante a administração do democrata Joe Biden.
A própria Bondi já fez críticas aos procedimentos judiciais contra Trump e ao advogado especial Jack Smith, que faz parte do departamento.
Pam Bondi em um comício em apoio a Trump na Carolina do Norte, no dia 2 de novembro de 2024 — Imagem: Brian Snyder/Reuters
Depois de sua saída como Procuradora-geral da Flórida, Pam Bondi direcionou sua trajetória profissional para o lobbying, atuando na Ballard Partners, uma influente firma localizada na Flórida, liderada por Susie Wiles, que foi designada como chefe de gabinete de Trump.
Entre os clientes da companhia, estavam a General Motors e uma organização religiosa que combate o tráfico humano. Bondi também atuou como intermediária para uma empresa do Kuwait, conforme demonstram os registros de agentes estrangeiros no Departamento de Justiça e os documentos de lobby apresentados no Congresso.
Também se inscreveu no Congresso como representante estrangeiro em nome do governo do Catar, com ênfase em iniciativas de combate ao tráfico de pessoas durante a Copa do Mundo, que aconteceu no país em 2022.