Paul McCartney compensa show repetido com emoção, sucessos e vitalidade em São Paulo

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Paul McCartney

O artista de 82 anos deu início ao primeiro de seus três concertos no Brasil com uma pontualidade digna dos britânicos, levando em conta os 30 minutos de atraso programados para que os admiradores conseguissem driblar o trânsito intenso da área.

Durante um período de pouco mais de duas horas e meia, Paul realizou uma apresentação muito similar às oito que fez durante sua visita ao país no final de 2023.

E de fato estava. Interpretou músicas, apresentou coreografias, trocou de instrumentos, prestou tributo a velhos amigos, animou e comoveu.

Tudo meticulosamente planejado e perfeitamente colocado, mas com a descontração de quem possui o espetáculo – e os admiradores – sob controle há décadas. Ele ainda se apresenta em São Paulo nesta quarta-feira (16) e em Florianópolis no sábado (19).

Da Arquibancada Para O Palco

Após selecionar "A Hard Day's Night" para iniciar o show, uma das raras mudanças na turnê "Got Back", o ex-Beatle optou por apresentar faixas gravadas com o Wings. Essa escolha afastou um pouco os espectadores, que estavam ansiosos por clássicos do quarteto de Liverpool.

Inteligente, o cantor aproveitou a ocasião para apresentar seu conjunto de instrumentos de sopro na arquibancada, aproximando ainda mais os fãs da apresentação.

"Let Me Roll It" foi a primeira canção da banda pós-Beatles que realmente cativou o público, que cantou em uníssono do início ao fim.

Entre uma canção e outra, Paul se divertiu ao remover o paletó, fez algumas dancinhas no local e ainda conseguiu tempo para arrebentar na guitarra com um trecho de "Foxy Lady", uma homenagem a Jimi Hendrix.

Aos teclar no piano pela primeira vez em "Let'em in", ele revelou a vastidão de sua trajetória repleta de sucessos – nessa altura, o grupo composto por trombone, trompete e saxofone já havia retornado ao palco.

Após uma sequência impressionante com "Maybe I'm Amazed", "I've Just Seen a Face" e "In Spite of All the Danger", "Love Me Do" cativou os fãs com suas letras despretensiosas e o som marcante da gaita do tecladista Paul "Wix" Wickens.

Clássicos: Antigos E Novos

Toda essa energia foi utilizada imediatamente depois. Sozinho no palco com seu violão, a partir de sua habitual posição elevada, o cantor conduziu o coro de milhares de pessoas em "Blackbird" – marcando o início da fase emocional e "acústica" do espetáculo.

Comemorada desde os primeiros acordes, "Now and then" pode ser vista, neste momento, como um clássico do quarteto, sendo bem recebida pelos fãs. A apresentação contou com uma linda homenagem aos antigos companheiros do cantor, exibida em imagens nos telões.

Ex-colega de Paul nas turnês, este foi o instante em que a guitarra de Rusty Anderson se destacou com os acordes majestosos e harmoniosos da canção.

Com um ukulele presenteado por George Harrison (1943-2001), chegou o momento de "Something" em uma versão mais alegre, mas igualmente tocante.

A versão acústica foi rapidamente trocada pela interpretação mais tradicional, acompanhada pela banda – a felicidade do público durante essa mudança se destacou em contraste com os momentos mais emocionais da apresentação.

Logo em seguida, Paul tocou "Ob-La-Di, Ob-La-Da", que foi recebida com gritos entusiasmados e danças alegres, o que se aproximou mais do que a noite poderia ter de um verdadeiro bate-cabeça.

O som ainda pareceu insignificante em comparação com "Get Back" que veio logo a seguir. O êxito foi amplificado pelas impressionantes imagens do documentário recente, além de proporcionar a Brian Ray (guitarra e baixo) a oportunidade de brilhar em alguns solos rápidos.

Pouco depois da bela melodia de "Let it be", o espetáculo de fogos de artifício de "Live and let die" não provocou um impacto mais profundo, já que todos estavam mais interessados em registrar tudo com seus smartphones.

Paul McCartney fará um show em São Paulo em 2024 — Imagem: Marcos Hermes/Divulgação

Após o término dos fogos de artifício que iluminavam o palco, tornava-se quase impossível recordar que o artista que estava à frente de tudo isso era um octogenário.

Se as "na na"s produzissem energia, seria viável suprir a cidade de São Paulo por aproximadamente dois anos (ou dois temporais inesperados) com o famoso refrão de "Hey Jude", que foi entoado logo antes do encerramento do show – que não durou muito, mas foi o bastante para a banda pegar bandeiras do Brasil, do Reino Unido e da comunidade LGBTQIA+.

Um Até Logo E Um Bis

Ao voltarem, Paul revelou que "I've Got a Feeling" tinha um significado especial para ele. Durante a apresentação, a plateia percebeu a participação de John Lennon (1940-1980) por meio de uma gravação exibida nos telões, capturada diretamente do icônico terraço da Apple Corps – que foi o último show da banda.

O medley que encerrou o show, composto por "Golden Slumbers", "Carry That Weight" e "The End", proporcionou uma oportunidade para que o incrível baterista Abe Laboriel Jr. mostrasse seu talento, tornando a celebração do talentoso grupo que acompanha Paul há muitos anos ainda mais especial.

Antes de sair do palco, o cantor se despediu com um "até logo". Isso pode ocorrer já nesta quarta-feira. O show ainda conta com ingressos disponíveis, e Paul já demonstrou que seus admiradores não se importam com reprises.

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