Mergulhadores capturam 140 peixes-leão em Fernando de Noronha | CNN Brasil
Uma ação de mergulho executada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) levou à apreensão de 140 peixes-leão em Fernando de Noronha (PE).
A atividade, realizada na semana passada, foi organizada em colaboração com o centro de mergulho Sea Paradise.
Conforme informou o mergulhador e gestor da empresa, Fernando Rodrigues, a atividade foi realizada no Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha e na Área de Proteção Ambiental (APA).
"Concentramos nossos esforços em investigar locais previamente mapeados para avaliar a taxa de repovoamento do peixe-leão, analisando a densidade e os tamanhos dessa espécie. O menor exemplar registrado tinha apenas 10 centímetros, enquanto o maior superou os 45 centímetros”, afirmou Rodrigues, em declaração divulgada pelo ICMBio.
O especialista destacou que, até agora, essa foi a operação com a maior quantidade de captura da espécie.
O mergulhador também destacou que a intervenção no controle da população do peixe-leão, visto como um predador, assegura a sobrevivência das espécies que estão, de maneira direta ou indireta, em risco devido à disseminação desse animal marinho.
O peixe-leão (Pterois volitans) é originário da área indo-pacífica. Sua primeira aparição no Brasil ocorreu em 2014, e foi oficialmente documentado no arquipélago em 2020.
De acordo com o Instituto Chico Mendes, mais de mil peixes-leão foram apanhados em Fernando de Noronha desde essa data.
O predador é capaz de devorar até 20 peixes em apenas 30 minutos e possui uma taxa de reprodução elevada, podendo gerar até 30 mil ovos de uma só vez.
O responsável pelo Projeto Conservação Recifal (PCR), Pedro Pereira, explicou que os peixes-leão se encontram predominantemente em locais de maior profundidade, mas está surgindo uma tendência de deslocamento para áreas mais rasas.
“É fundamental ressaltar que essas capturas ocorreram em regiões que não têm recebido atenção regular, o que indica que a população está crescendo em virtude da ausência desse trabalho de captura, tornando ainda mais urgente a necessidade de colaboração, a inclusão de novas operadoras e o incentivo à pesquisa, a fim de que o manejo prossiga”, enfatizou Pereira.
Fernando também mencionou a alternativa de permitir o uso da espécie como uma estratégia de controle de suas populações.
No entanto, neste momento, o Núcleo de Gestão Integrada (NGI) do ICMBio-Noronha estimula as empresas de mergulho a prosseguirem com a gestão.
"Um aumento populacional pode impactar negativamente a biodiversidade e o setor do mergulho. Participar da gestão do peixe-leão é uma forma de apoiar a sustentabilidade", concluiu Lilian Hangae, líder do NGI.
*Sob a orientação de Bruno Laforé*