Pete Hegseth: quem é o comentarista de TV que comandará a Defesa dos EUA e despertou desconfianças | Eleições nos EUA 2024
Pete Hegseth, que tem 44 anos, é um comentarista da Fox News, uma emissora dos Estados Unidos. Ele é bastante admirado entre os conservadores e conta com uma grande quantidade de seguidores nas plataformas de mídia social.
O provável futuro ministro da Defesa é um ex-membro da Guarda Nacional dos Estados Unidos, com experiência no Afeganistão, no Iraque e na Baía de Guantánamo, em Cuba. Em 2012, entrou para a política e se candidatou ao Senado pelo estado de Minnesota, mas não obteve êxito.
Em 2014, começou a aparecer regularmente em programas da Fox News. Nos últimos oito anos, lançou quatro obras que abordam as forças armadas. Durante sua trajetória, proferiu opiniões polêmicas, incluindo uma dúvida sobre o desempenho das mulheres nas Forças Armadas.
Apesar de ser um membro experiente da Guarda Nacional, Hegseth é considerado por profissionais da área como "inadequado" para a função, pois possui pouca ou nenhuma vivência em administração.
Um alto representante do Departamento de Defesa, que pediu para não ser identificado ao falar com a agência Reuters, afirmou que Hegseth não tem as qualificações necessárias nem para um cargo de menor relevância na área.
Dois outros oficiais das Forças Armadas dos Estados Unidos consideraram a nomeação de Hegseth como "absurda" ou "um pesadelo" durante uma entrevista à CNN. Eles também optaram por se pronunciar de forma anônima.
Pete Hegseth, atuando como jornalista da Fox News, realiza uma entrevista com Donald Trump na residência oficial em abril de 2017 — Imagem: Kevin Lamarque/Reuters.
Hegseth é famoso por suas críticas aos parceiros da Otan. Assim como Trump, ele sustenta que as outras nações que fazem parte da aliança não estão investindo o bastante em segurança.
O analista se referiu aos parceiros da Otan como “países hipócritas e incapazes que nos solicitam que respeitemos acordos de defesa antigos e unilaterais que eles mesmos já não seguem mais”, em uma obra lançada no início deste ano.
Na Europa, a nomeação de Hegseth gerou questionamentos. Um responsável pela defesa consultado pela Reuters declarou que nunca tinha ouvido falar do analista.
Um outro colaborador comentou que Hegseth não parecia ser a opção mais adequada, mas enfatizou que cada nação tem a liberdade de selecionar seus secretários. "Vamos lidar com quem for necessário", completou.
Em uma conversa em um podcast na semana passada, Hegseth também comentou sobre o conflito na Ucrânia.
O Pentágono é o núcleo de inteligência do governo americano — Imagem: Getty Images/Através da BBC.
Em sua mais recente obra, Hegseth declarou que as Forças Armadas dos Estados Unidos contam com generais que apoiam a agenda "woke", adotando uma postura bastante progressista. Segundo ele, essa situação tem afetado negativamente a defesa nacional, resultando em soldados considerados fracos e "afeminados".
O comentarista também ridicularizou os militares transgender e afirmou que, ao fomentar a diversidade e a inclusão, as Forças Armadas dos Estados Unidos estão afastando novos recrutas. Para Hegseth, é preciso realizar uma "purificação" no Pentágono.
Nos seus escritos, Hegseth critica políticas, legislações e acordos que restringem a atuação dos militares em conflitos. Suas indagações abrangem desde normas limitadoras até as Convenções de Genebra. Para ele, esses acordos são obsoletos e não são respeitados pelos adversários.
Hegseth também argumenta que o Ministério da Defesa deveria retornar ao nome de Ministério da Guerra. Essa designação foi deixada de lado na década de 1940, após a conclusão da Segunda Guerra Mundial.