Ações da Petrobras (PETR4) saltam até 6% na bolsa e lideram altas do Ibovespa; analistas enxergam espaço para dividendos ainda maiores em novo plano e
Depois de uma semana caracterizada por mais um feriado e pela expectativa em relação ao pacote de redução de despesas anunciado pelo governo, é a Petrobras (PETR4) que atrai toda a atenção do mercado nesta sexta-feira (22).
A empresa pública anunciou na noite de ontem o Plano Estratégico para o período de 2025 a 2029. Os aspectos mais relevantes do documento já haviam sido revelados no início da semana, e as informações adicionais, em sua maior parte, atendem às expectativas do mercado.
Embora não tenha sido uma surpresa, a apresentação minuciosa do plano e um anúncio adicional de pagamento de R$ 20 bilhões em dividendos extraordinários posicionaram as ações da petroleira entre as mais valorizadas do Ibovespa na sessão de hoje.
Por volta das 13h45, as ações preferenciais (PETR4) apresentavam uma valorização de 4,80%, negociadas a R$ 39,73, enquanto as ações ordinárias tinham um aumento de 6,33%, com preço de R$ 43,69.
Planos Da Petrobras Para Os Próximos 5 Anos
Magda Chambriard, presidente da Petrobras, destacou em uma coletiva de imprensa ocorrida hoje que o resultado financeiro da Petrobras no terceiro trimestre, o primeiro sob sua liderança, ultrapassou as expectativas do mercado.
A empresa estatal reportou um lucro líquido de R$ 32,5 bilhões, apresentando um crescimento de 22,3% em comparação ao mesmo período de 2023. "Conseguimos resultados e é graças a eles que consideramos este planejamento estratégico como viável, prático e relativamente simples de implementar", declarou Chambriard.
Conforme o plano, a Petrobras planeja destinar US$ 111 bilhões nos próximos cinco anos — um incremento de 8,8% em comparação ao plano anterior, que estipulava um capex de US$ 102 bilhões até 2028.
Conforme anticipado pelo mercado, a empresa estatal priorizou o setor de Exploração e Produção (E&P), que receberá US$ 77,3 bilhões, representando 69,3% da previsão total. Esse montante é aproximadamente US$ 4 bilhões, ou 5,5%, superior ao estimado para essa área no planejamento anterior.
Uma nova informação é que o limite da dívida da Petrobras foi elevado de US$ 65 bilhões para US$ 75 bilhões no Plano Estratégico 2025-2029.
De acordo com a companhia petrolífera, a alteração está "alinhada à redução do custo de capital, aos riscos associados ao fluxo de caixa e a uma administração eficiente do caixa e da liquidez". Além disso, o montante mínimo de recursos que a empresa estatal deve manter foi reduzido de US$ 8 bilhões para US$ 6 bilhões. Confira todos os pormenores do novo plano aqui.
O documento também estima a distribuição de dividendos regulares entre US$ 45 bilhões e US$ 55 bilhões nos próximos cinco anos. Em relação aos proventos adicionais, a Petrobras demonstra a possibilidade de realizar pagamentos variando de US$ 5 bilhões a US$ 10 bilhões até 2029.
No plano anterior, que se estende até 2028, a previsão era de uma mesma faixa de valores. No entanto, como destacou o diretor financeiro Fernando Melgarejo na coletiva de imprensa realizada hoje, a administração não pretende manter um caixa excessivo no futuro. Os valores que ultrapassarem o novo limite mínimo poderão ser alocados em novos projetos ou direcionados às distribuições para os acionistas.
Análises E Opiniões Dos Especialistas
Além da avaliação do CFO, especialistas de duas das principais instituições financeiras do país acreditam que o novo plano da Petrobras proporciona oportunidades para aumentos nos dividendos.
"Apesar de ser improvável que a Petrobras leve a alavancagem ao seu nível mais alto, a alteração na diretriz ainda indica um aumento nos pagamentos, especialmente se a possibilidade de fusões e aquisições continuar fora de cogitação”, afirmam os analistas do BTG Pactual em um relatório publicado recentemente.
O banco ressalta também que sua estrutura de capital é prudente, o que abre oportunidades para possíveis dividendos extraordinários e gera uma "assimetria" nos rendimentos de dividendos nos próximos 24 meses. Esse indicador avalia o retorno de uma ação com base nos pagamentos de proventos.
Consequentemente, a instituição financeira de investimentos considera a empresa como sua preferida no segmento, com uma sugestão de compra e uma meta de preço de US$ 19 para os ADRs que são negociados em Nova York sob o código PRB.
De acordo com o Itaú BBA, a parcela total do capex que é classificada como leasing — o que significa que não deve ser contabilizada na distribuição dos dividendos ordinários — cresceu “significativamente”, o que pode resultar em revisões positivas nas previsões de pagamento aos acionistas.
Os experts estão convencidos de que a divulgação de R$ 20 bilhões em dividendos especiais, feita ontem, embora alinhada com as previsões do mercado, evidencia que a companhia se dedica a balancear seus projetos de expansão com a compensação aos acionistas.
A instituição financeira especializada sugere a aquisição das ações da Petrobras, tanto no mercado brasileiro quanto nos Estados Unidos. O objetivo de preço estipulado é de R$ 48 para as ações PETR4 e de US$ 17,5 para os ADRs.