“Meu Nome: Mamãe”: Solo do ator Aury Porto, com direção de Janaina Leite, chega a Fortaleza para apresentação, dia 12 de janeiro, no TJA

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"Alzheimer: Novidades De Aury Porto"

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A apresentação, que já foi assistida por mais de mil pessoas, conta a história da jornada de um filho diante da enfermidade da mãe causada pelo Alzheimer.

O Theatro José de Alencar, parte da Rede Pública de Equipamentos Culturais (Rece) da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult Ceará) e administrado em colaboração com o Instituto Dragão do Mar (IDM), acolherá, no dia 12 de janeiro de 2025, às 19h, na Sala de Teatro Nadir Papi Saboya (CENA TJA), o espetáculo “Meu Nome: Mamãe”. Esta apresentação solo é protagonizada pelo ator Aury Porto e dirigida por Janaína Leite. A entrada é gratuita, e os ingressos podem ser retirados por meio da plataforma Sympla (https://site.bileto.sympla.com.br/theatrojosedealencar/).

A experiência de Aury Porto ao lado de sua mãe, que enfrenta o Mal de Alzheimer há 15 anos, assim como a dinâmica familiar diante do gradual processo de perda cognitiva e de memória causado pela doença, foram aspectos fundamentais para a elaboração de “Meu Nome: Mamãe”, um espetáculo solo do artista. Esta obra representa sua primeira exploração no campo da autoficção, sob a direção de Janaina Leite. Desde sua estreia em junho de 2023, a montagem tem realizado diversas apresentações, tanto na cidade de São Paulo quanto em outras localidades.

A obra teatral de Claudia Barral se concentra em duas figuras, Filho e Mãe, ambas interpretadas pelo ator Aury Porto. A peça explora a troca de “máscaras” e transita entre as lembranças de quem vive com a Doença de Alzheimer e um universo surrealista, onde imagens e situações emergem diretamente do inconsciente.

Elaborado a partir de histórias engraçadas contadas por Aury Porto para seus amigos íntimos sobre as experiências que ele e sua família passaram, o texto incorpora, além dos cuidados médicos, a força de resistência típica da cultura sertaneja no Ceará. A maneira leve, animada e carinhosa com que aborda as situações do dia a dia para tratar de temas complexos frequentemente provocava o comentário: “Você deveria levar isso para o palco”.

“A alegria e a boa disposição, raras entre as famílias de pessoas com Alzheimer, onde frequentemente se observa tristeza, medo e constrangimento por parte dos familiares, além da tendência ao isolamento do paciente, representavam um avanço significativo para a realização da montagem. Assim, conheci Janaina Leite, uma artista com um vasto trabalho que aborda questões autobiográficas”, comenta o ator.

Os toques finais na dramaturgia de Claudia Barral conferiram uma dimensão ainda mais poética ao texto. “Ações, esboços de diálogos, depoimentos e intervenções foram sendo cuidadosamente refinados e reorganizados em um trabalho sutil de entrelaçamento de memórias e experiências. A dramaturgia busca, de fato, reconstituir, em forma de mosaico, os laços que conectam mãe e filho. São cenas do cotidiano que, sob a influência do Alzheimer, se reconfiguram não para o esquecimento, mas para revelar uma transformação”, explica a dramaturga.

A trajetória das obras de Janaina Leite, inserida na linha dos teatros do real, ganha uma nova profundidade em “Meu Nome: Mamãe”, ao colocar a memória como foco central em um tema tão sensível quanto a saúde mental. “A maneira como Aury e sua família enfrentam a doença revela uma nova perspectiva que me fascina como diretora, além da relação entre mãe e filho, que já tem me impactado há algum tempo. A abordagem lúdica que eles encontram para lidar com essa convivência reflete o próprio espírito do teatro ao se conectar com a vida”, afirma a diretora.

Desmistificando O Tabu

Embora represente um testemunho do amor eterno do Filho por sua Mãe, a produção tem um objetivo voltado para a saúde: contribuir para o debate acerca das enfermidades típicas da idade avançada, considerando que a população brasileira está envelhecendo. “A expectativa de vida no país tem aumentado, e é essencial uma mudança de perspectiva. Estamos nos afastando de ser uma nação jovem e é urgente que nos voltemos para a velhice como um fenômeno social”, ressalta Aury.

A diretora Janaina Leite afirma: “Meu Nome: Mamãe” oferece a oportunidade de desmistificar tabus e explorar novas formas de nos relacionar com a presença singular daquelas pessoas queridas que ainda estão conosco. Não se trata mais de um passado guardado, mas de uma memória viva, que se renova por meio dos laços afetivos e da criatividade da linguagem.

Frente à situação dolorosa que envolve essa enfermidade sem cura, na qual o paciente acaba por perder completamente a memória, a direção de arte de Flora Belotti foca em elementos do dia a dia, que se desdobram em significados e adicionam novas camadas à interpretação. O cenário e o figurino refletem o peso da trajetória de uma vida, utilizando objetos realistas que são comuns nas casas de interior do Nordeste. Tecidos em seu estado bruto surgem como a essência da criação, se transformando em imagens ao interagir com o espaço e o corpo, atuando como objetos, seja na cama que cobre todos os móveis do ambiente ou no mosquiteiro que se desdobra em uma tela de projeção.

A música elaborada por DiPa é formada por canções que evocam as lembranças emocionais "da mãe e do filho" durante os anos que passaram juntos no Cariri, no interior do Ceará. Além disso, inclui temas originais criados especialmente para o espetáculo, os quais fazem referência à desconstrução dos elementos sonoros que caracterizam esse ambiente rural. Por sua vez, o design de luz de Ricardo Morañez explora a fantasia, a memória, as sombras e as projeções de maneira lúdica.

Com mais de três décadas de experiência nas artes cênicas, além de atuar como ator, ele tem desempenhado papéis como diretor, produtor, professor de teatro, dramaturgo e adaptador. No início dos anos 90, estabeleceu a companhia Teatro Dragão do Dito em colaboração com o dramaturgo Paulo Faria. No ano 2000, ingressou no agora sessentão Teatro Oficina Uzyna Uzona, onde atuou como ator, produtor e administrador, permanecendo nessa companhia por nove anos. Em 2007, fundou, junto à atriz Luah Guimarãez, a companhia Mundana. Na liderança dessa companhia, que conta com uma equipe de cerca de trinta profissionais das artes cênicas, ele idealizou e co-produziu a maioria dos onze espetáculos criados ao longo dos treze anos de sua trajetória.

Destaque para as seguintes produções teatrais: **Boca de Ouro**, de Nelson Rodrigues, sob a direção de Zé Celso Martinez Corrêa no Teatro Oficina (2000/2001); **Os Sertões – A Terra, O Homem I, O Homem II, A Luta I, A Luta II**, de Euclydes da Cunha; **Cinzas**, uma adaptação de um texto de Samuel Beckett, na qual atuou e dirigiu em parceria com Renée Gumiel, dançarina francesa e pioneira da dança moderna no Brasil (2006). Já na companhia Mundana, destacam-se: **A Queda**, romance de Albert Camus; **Os Bandidos**, peça de Friedrich Schiller com direção de Zé Celso Martinez Corrêa; **O Idiota – Uma Novela Teatral**, adaptação do famoso romance de Fiódor Dostoiévski, realizada por Aury Porto em conjunto com Vadim Nikitin, Luah Guimarãez e Cibele Forjaz; **O Duelo**, versão de Aury Porto baseada na obra homônima de Anton Tchekhov, sob a direção de Georgette Fadel; **Na Selva das Cidades – Em Obras**, com texto de Bertolt Brecht e direção de Cibele Forjaz; **Lampião no Céu**, uma produção da Cia. Os Buriti, situada em Brasília, com direção de Luis André Cherubini; **Medeamaterial**, dirigido por Márcio Aurélio e escrito por Heiner Müller; **DIPTICO MUNDANA: Os Insensatos**, montagem da Companhia Mundana com direção coletiva e textos de André Sant’Anna; e **Guerra em Iperoig**, também com direção e textos coletivos de André Sant’Anna (2022).

Atriz, diretora e autora teatral, ela é uma das fundadoras do Grupo XIX e, paralelamente a essa trajetória, criou as peças Festa de Separação: um documentário cênico, Conversas com meu Pai, Stabat Mater e História do Olho – Um conto de fadas pornô-noir. Recentemente, publicou o livro Autoescrituras performativas: do diário à cena pela Editora Perspectiva, aprofundando sua pesquisa sobre autobiografia e documentário no teatro. Também lançou pela Editora Javali a dramaturgia de suas obras Conversas com meu Pai (escrita por Alexandre Dal Farra) e Stabat Mater. Ela idealizou e coordenou diversos grupos de pesquisa, como Feminino Abjeto 1 e Feminino Abjeto 2 – O vórtice do masculino, que foram laboratórios essenciais para a criação de Stabat Mater. Além disso, a artista orienta oficinas, cursos, palestras e projetos de curadoria em todo o Brasil, assim como coordena os “Laboratórios Autorais”, atividade que desenvolve desde 2012.

Janaina Leite foi a pesquisadora destacada da MITsp 2020, apresentando o Stabat Mater na programação da plataforma MITbr. Durante sua participação, fez uma “desconstrução do espetáculo”, onde compartilhou os processos e conteúdos da sua criação. Além disso, o tema foi abordado em várias discussões na programação da Mostra. O espetáculo Stabat Mater foi exibido em Festivais Internacionais como Santiago a Mil (Chile), Festival de Liège (Bélgica), FIT Cádiz (Espanha) e Festival GO e Carreau du Temple (França). No Brasil, a peça aconteceu em 40 apresentações em São Paulo e participou dos festivais FILO em Londrina, Cena Contemporânea em Brasília, FETEAG do Agreste e Festival de Curitiba.

Em 2022, foi lançada a obra História do Olho – Um conto de fadas pornô-noir, que recebeu o 13° Prêmio Zé Renato de Teatro. No exterior, ministrou palestras sobre suas pesquisas e métodos no Conservatoire National Supérieur d’Art Dramatique (CNSAD) em Paris, na Université Sorbonne Nouvelle – Paris 3, para os alunos de Pós-graduação em Dramaturgia e Argumento da Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo (ESMAE), assim como na Escola Superior de Teatro e Cinema e no espaço de criação transdisciplinar “Circolando”, ambos localizados em Portugal. Também coordenou uma residência artística na Comédie National de Caen, na França, e realizou o workshop sobre Dramaturgias Híbridas e Performativas no FIT Cádiz. Atualmente, está desenvolvendo seu Pós-Doutorado na ECA/USP.

Psicanalista e dramaturga, ela possui formação em Interpretação Teatral pela Universidade Federal da Bahia e teve uma experiência na GITIS – Academia Russa de Artes, onde participou da residência para o curso Os Fundamentos do Método de Stanislavsky. Seu trabalho abrange várias áreas da produção literária, atuando como dramaturga, roteirista e poeta. Entre suas obras mais relevantes na dramaturgia, estão O Cego e o Louco (Prêmio Copene 2000, com adaptação para a TV Cultura em 2007), Cordel do Amor sem Fim (Prêmio Funarte 2004, indicado ao Prêmio FITA 2013) e Hotel Jasmim (Premiado na Mostra de Dramaturgia em Pequenos Formatos Cênicos do Centro Cultural São Paulo e vencedor do Prêmio de Dramaturgia Feminina Heleny Guariba). No campo da roteirização, destacam-se os curtas-metragens Sal (Festival de Cinema de Gramado, 2017) e Guarani em Chamas (Produzido pelo Teatro Municipal de São Paulo), além do longa-metragem Timidez, dirigido por Thiago Gomes e Susan Kalik. Ela também colaborou com a dramaturgia de espetáculos como Os Figurantes (2009), sob a direção de Cacá Carvalho, e Erêndira (2019), um texto de Gabriel Garcia Márquez adaptado por Augusto Boal e dirigido por Marco Antônio Rodrigues. Suas obras já foram montadas, filmadas e lidas encenadas em várias partes do Brasil e em países como Portugal, Alemanha, Inglaterra, Peru e Itália.

A obra explora de maneira profunda uma trajetória pessoal do ator, acompanhando sua mãe e sua família ao longo do tempo. Aury Porto rememora e traz à tona recordações, narrativas, músicas e reflexões sobre a vivência de um filho diante da enfermidade da mãe. O espetáculo aborda a doença de Alzheimer, que afeta um número crescente de brasileiros, apresentando vivências que, apesar de serem muito pessoais, se tornam universais.

Concepção, Redação e Performance – Aury Porto

Coordenação – Janaina Leite

Teatro – Claudia Barral

Cenário e Trajes – Flora Belotti

Música de Fundo – Rodolfo Dias Paes (DiPa)

Ilustração de Luz – Ricardo Morañez

Preparação Física – Lu Favoreto

Previsões – Felipe Ghirello

Produção – Bia Fonseca e Aury Porto.

Concretização – sociedade terrena

Programação Visual – Mariano Mattos Martins Reescrevendo: Desenvolvimento Visual – Mariano Mattos Martins

“Meu Nome: Mamãe” – Performance individual de Aury Porto

Data: 12 de janeiro de 2025 (domingo), às 19 horas.

Local: Teatro Nadir Papi Saboya / CENA TJA (Rua Liberato Barroso, 525, Centro)

Classificação etária: 12 anos.

Sem custo – disponível para retirada no Sympla TJA (https://site.bileto.sympla.com.br/theatrojosedealencar/)

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