Jovem baleada por agentes da PRF continua em estado grave no hospital

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A jovem Juliana Leite Rangel, de 26 anos, encontra-se em estado crítico no Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes (HMAPN), localizado em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Ela foi admitida na instituição às 21h12 da terça-feira (24), após ser alvejada com um tiro de fuzil na cabeça por membros da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na Rodovia Washington Luís (BR-040), também em Duque de Caxias.

A Prefeitura de Duque de Caxias, por meio da Secretaria Municipal de Saúde e da administração do HMAPN, comunicou que a jovem foi trazida para a unidade pela PRF. A direção do HMAPN informou que a paciente, que sofreu um disparo de arma de fogo na cabeça, foi intubada e imediatamente levada ao centro cirúrgico, onde passou por um procedimento sem complicações. Neste momento, ela permanece internada no CTI, em estado hemodinamicamente instável, intubada e sob a supervisão de uma equipe multidisciplinar. A paciente continua com um quadro de saúde extremamente grave, conforme nota divulgada no início da manhã desta quinta-feira (26).

Em entrevista realizada ontem no Hospital, a médica intensivista Juliana Paitach, da unidade Adão Pereira Nunes, afirmou que, apesar do estado crítico, Juliana Leite Rangel tem mostrado uma boa resposta aos medicamentos administrados. “Desde a sua chegada, não houve piora no quadro dela. Ela se mantém em um nível de gravidade que se estabilizou com os remédios que estão sendo ministrados, e a pressão arterial se mantém sob controle. Trata-se de uma paciente jovem que recebeu atendimento rápido e eficiente, e existem chances de uma evolução positiva, embora não possamos prever com certeza”, declarou.

O Ministério Público Federal (MPF) abriu um Procedimento Investigatório Criminal, assinado pelo procurador da República, Eduardo Santos de Oliveira Benones, levando em conta que, conforme estabelecido pela Constituição de 1988, essa instituição é responsável por assegurar a ordem jurídica, o sistema democrático e os direitos sociais e individuais que não podem ser renunciados.

No relato, o procurador enfatizou que a mulher de 26 anos estava dirigindo com parentes para celebrar o Natal quando sofreu ferimentos extremamente graves. Benones ressaltou que ela não foi a única afetada, já que o pai dela, Alexandre, também foi atingido por disparos.

O procurador decretou que, tendo em vista a necessidade de realizar investigações, "com o objetivo de reunir informações, documentos e outros elementos que possam orientar e definir a atuação deste órgão ministerial no caso em questão", a Superintendência da Polícia Federal do Rio de Janeiro deve fornecer informações sobre as ações tomadas. Além disso, solicitou à Superintendência da Polícia Rodoviária Federal, também no Rio, que identifique os policiais rodoviários federais envolvidos no incidente e os responsáveis pelos disparos.

O procurador também solicitou a imediata suspensão das atividades de patrulhamento dos policiais implicados no incidente, bem como a apreensão dos veículos "mantendo integralmente suas condições, conforme constatado após a ocorrência".

Benones também decidiu que as armas, de qualquer tipo ou alcance, que estavam nas mãos dos policiais envolvidos deveriam ser recolhidas e guardadas, "independentemente de terem sido ou não utilizadas, para a realização de uma perícia".

No que diz respeito ao HMAPN, o procurador solicitou a emissão de um ofício para que o diretor da unidade comunique ao MPF sobre a condição de saúde das vítimas, independentemente dos boletins médicos existentes, além de solicitar o envio imediato dos respectivos Boletins de Atendimento Médico referentes a Juliana e Alexandre.

No mesmo documento, o procurador ordenou que a Polícia do Ministério Público Federal se deslocasse até o Hospital Adão Pereira Nunes para verificar a condição de saúde da vítima. Ele solicitou uma declaração médica, além de informações sobre os membros da equipe médica que prestaram os primeiros atendimentos, e também sobre aqueles encarregados de supervisionar o tratamento.

A Polícia Federal abriu um inquérito para investigar os acontecimentos da noite desta terça-feira (24), que envolvem agentes da Polícia Rodoviária Federal. Segundo informações da PF, as investigações tiveram início após um chamado da PRF. Um grupo de investigadores se deslocou até a Rodovia Washington Luís (BR-040) para realizar as primeiras diligências, que incluíram “a perícia no local, a coleta de depoimentos dos policiais rodoviários federais e das vítimas, além da apreensão das armas para análise pela perícia técnica criminal”, conforme foi informado em um comunicado divulgado na tarde de ontem.

Em comunicado, a Polícia Rodoviária Federal revelou nesta quarta-feira (25) que, por ordem da Corregedoria da PRF em Brasília, foi iniciado, na manhã da terça-feira, um processo interno para investigar os eventos associados aos tiros ocorridos na BR-040, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Segundo a PRF, "os policiais envolvidos foram temporariamente afastados de suas funções operacionais".

A empresa expressou seu profundo pesar pelo ocorrido e informou que, seguindo a orientação da Direção-Geral, “a Coordenação-Geral de Direitos Humanos está monitorando a situação e oferecendo suporte à família da jovem Juliana”.

Em relação às investigações, mencionou que está colaborando com a Polícia Federal ao fornecer informações que possam ajudar na elucidação do caso.

Ministério Da Justiça E Segurança Pública

"A polícia não deve enfrentar a criminalidade perpetuando atos criminosos. As polícias federais devem servir de exemplo para as demais forças policiais", destacou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, em um comunicado oficial do ministério.

Lewandowski expressou pesar pelo incidente, que para ele, “evidencia a necessidade de uma regulamentação federal que uniformize o uso da força pelas forças policiais em todo o território nacional”.

"O Ministério da Justiça e Segurança Pública expressa seu pesar pelo que aconteceu e demonstra apoio à vítima e a seus parentes. Adicionalmente, ressalta que está dedicando todos os esforços necessários para que as responsabilidades sejam corretamente investigadas", concluiu o comunicado.

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