MPF abre investigação contra policiais da PRF por tentativa de homicídio após jovem ser baleada no RJ | CNN Brasil
O Ministério Público Federal (MPF) iniciou um inquérito criminal para investigar a tentativa de homicídio contra Juliana Leite Rangel, de 26 anos, que levou um tiro na cabeça durante uma ação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na rodovia Washington Luís, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, na última terça-feira (24). A jovem encontra-se hospitalizada em estado crítico no Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes.
Ao falar com a CNN, o procurador da República Eduardo Benones, que coordena o Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial do MPF no Rio de Janeiro, declarou que o órgão já iniciou algumas ações. “Iremos abrir um procedimento investigativo, entrar em contato com o hospital para monitorar a condição de saúde da vítima e averiguar se a Polícia Federal já instaurou algum inquérito. Também solicitaremos a apreensão das armas utilizadas na abordagem,” afirmou.
Benones enfatizou a seriedade do caso e declarou que a investigação inicial é por tentativa de homicídio. “Estamos esperançosos pela recuperação da jovem, para que isso não evolua para um inquérito por homicídio”, comentou o procurador.
A CNN obteve, em exclusividade, um documento oficial do Ministério Público Federal (MPF) que permite a instauração do Procedimento Investigatório Criminal (PIC) contra os policiais rodoviários federais que estiveram envolvidos na abordagem que resultou em ferimentos graves na jovem Juliana Leite Rangel, de 26 anos, que foi atingida por um tiro na cabeça, em Duque de Caxias. Entre as solicitações, o Procurador da República Eduardo Benones exige:
À concessionária responsável pela BR-040 (CONCER):
Outros Casos Da PRF No Rio De Janeiro
A PRF também enfrenta processos judiciais em dois incidentes recentes de violência no estado. Em abril de 2024, a Justiça Federal acatou parcialmente a denúncia do MPF contra quatro agentes da polícia rodoviária federal envolvidos na morte de Anne Caroline Nascimento Silva, de 23 anos, ocorrida durante uma blitz na rodovia Washington Luís, em junho de 2023.
Os envolvidos enfrentarão acusações de homicídio qualificado, tentativa de homicídio e lesão corporal grave. Anne foi ferida por um dos oito tiros de fuzil que foram disparados contra o veículo em que se encontrava com seu marido. O incidente também causou mais uma vítima, a diarista Cláudia dos Santos, que foi atingida por um dos tiros.
Mais um caso em andamento é o da menina Heloísa dos Santos, de apenas 3 anos, que faleceu em setembro de 2023 no Arco Metropolitano, em Seropédica. A Justiça Federal aceitou a denúncia apresentada pelo MPF contra três policiais rodoviários, que são acusados de homicídio consumado, quatro tentativas de homicídio e fraude processual.
Benones esclareceu que as acusações contra os agentes já foram apresentadas e estão em processo. “Quanto ao caso de Anne Caroline, estamos aguardando a audiência de instrução, prevista para março. Em relação a Heloísa, estamos na expectativa da decisão do juiz sobre o julgamento dos réus pelo tribunal do júri”, detalhou o procurador.
Os três episódios suscitam dúvidas acerca do emprego excessivo da força por parte da polícia. De acordo com o Ministério Público Federal, as apurações sugerem que os profissionais da PRF agiram de maneira imprudente e com a intenção evidente de provocar prejuízos, como evidenciado nos casos de Anne Caroline, Heloísa e Juliana.
Atuação Da PRF E Da PF Em Foco
Em comunicado, a Corregedoria-Geral da PRF, localizada em Brasília, informou que foi iniciado um processo interno para investigar os eventos relacionados à abordagem que levou ao ferimento de Juliana Leite Rangel.
“A PRF expressa sua profunda tristeza pelo ocorrido. Por ordem da Direção-Geral, a Coordenação-Geral de Direitos Humanos está monitorando a situação e oferecendo apoio à família da jovem Juliana”, informa o comunicado.
Os profissionais envolvidos na operação foram suspensos de maneira preventiva de todas as atividades operacionais.
A Polícia Federal anunciou a abertura de um inquérito para investigar os acontecimentos. “Após receber um chamado da Polícia Rodoviária Federal, uma equipe da PF se deslocou até o local para realizar os procedimentos iniciais, que compreenderam a perícia da cena, a coleta de depoimentos dos agentes rodoviários federais e das vítimas, além da apreensão das armas para análise pela perícia técnica criminal”, declarou a PF.
As duas instituições declararam que estão trabalhando juntas para elucidar o ocorrido e assegurar que as ações apropriadas sejam implementadas.