Putin confirma retaliação contra Ucrânia e acusa EUA de fomentar conflito global
O líder russo, Vladimir Putin, afirmou que o lançamento de mísseis de médio alcance contra a Ucrânia realizado nesta quinta-feira (21) foi uma reação aos ataques feitos pela Ucrânia utilizando mísseis ocidentais de longo alcance, como os ATACMS e Storm Shadow.
Segundo ele, a ofensiva contra a cidade de Dnipro foi realizada com uma ogiva não nuclear do mais novo sistema de mísseis "Oreshnik". "Os testes foram efetivos. O objetivo do lançamento foi atingido", afirmou Putin.
A declaração foi feita durante um discurso de emergência direcionado à população, transmitido pela televisão russa e veiculado pelos canais oficiais do Kremlin. No decorrer de sua fala, Putin responsabilizou os Estados Unidos por "dilacerarem o sistema de segurança global e conduzirem o mundo a um conflito de grandes proporções".
"Quero comunicar ao corpo das Forças Armadas da Federação Russa, aos cidadãos do nosso país, aos nossos amigos ao redor do mundo, e a todos que ainda nurturam esperanças em relação à capacidade de causar uma derrota estratégica à Rússia, sobre os acontecimentos que estão se desenrolando atualmente na área da Operação Militar Especial, especialmente após a utilização em nosso território de armamentos de longo alcance de origem ocidental," declarou Putin no começo de seu discurso.
"Prosseguindo com a intensificação do conflito gerado pelo Ocidente na Ucrânia, os Estados Unidos e seus parceiros da Otan informaram previamente que estavam autorizando o uso de seus sistemas de armamento de precisão de longo alcance no território da Rússia", acrescentou.
Ao se pronunciar sobre a recente permissão dos Estados Unidos para que a Ucrânia intensifique os ataques no território russo, o dirigente russo declarou que "o conflito na Ucrânia passou a ter dimensões globais após os ataques de mísseis de longo alcance provenientes do Ocidente contra a Rússia".
"Não é viável empregar armamentos de longo alcance por todo o território russo sem a presença de especialistas dos países que os produziram, isso é um fato conhecido", afirmou Putin.
O líder do país enfatizou que a Rússia reconheceu e validou que, nos dias 19 e 21 de novembro, seis mísseis ATACMS e sistemas Storm Shadow atingiram alvos nas áreas russas de Kursk e Bryansk. Nesse âmbito, Putin afirmou que a Rússia "possui o direito de utilizar armamentos contra infraestrutura militar de nações que autorizam o uso de suas armas contra a Federação Russa".
"A decisão sobre a instalação de mísseis de médio e curto alcance será tomada por nós, levando em consideração as ações dos Estados Unidos e seus aliados. Vamos definir os alvos a serem eliminados após realizar mais testes com nossos mais recentes sistemas de mísseis, considerando as ameaças à segurança da Federação Russa", afirmou Putin.
O líder russo afirmou que a nação detém "o direito de empregar nossas armas contra alvos militares dos países que autorizam o uso de suas armas contra os nossos", acrescentando que Moscou está disposta a solucionar todas as questões de maneira pacífica, mas também preparada para responder a quaisquer "eventuais acontecimentos".
Quero ressaltar mais uma vez que não foi a Rússia, mas sim os Estados Unidos que acabaram com o sistema de segurança internacional. Ao persistir em sua luta e se apegar à sua hegemonia, os EUA estão levando o mundo a um conflito global. Sempre optamos e estamos preparados, neste momento, para resolver todas as questões problemáticas de forma pacífica, mas também estamos prontos para qualquer desdobramento que possa ocorrer. Se alguém ainda tiver dúvidas sobre isso, é em vão – a resposta sempre virá", finalizou.
A utilização de armamentos novos na guerra da Ucrânia pela Rússia se deu após o anúncio de que os Estados Unidos, após meses de expectativa por parte de Kiev, permitiram que a Ucrânia atacasse a Rússia com mísseis de longo alcance fabricados nos EUA. Moscou considerou essa decisão como um "novo aumento nas tensões".
Na terça-feira passada (19), o Ministério da Defesa da Rússia afirmou que as Forças Armadas da Ucrânia realizaram um ataque com seis mísseis balísticos ATACMS contra uma instalação na área de Bryansk.
Simultaneamente, o mandatário russo, Vladimir Putin, ratificou na terça-feira (19) a nova doutrina nuclear revisada da Rússia. O texto declara que o país se reserva o direito de empregar armas nucleares em reação ao emprego de armamentos de destruição em massa contra si ou seus aliados. Na prática, essa abordagem sugere uma ampliação das condições que permitem um ataque nuclear por parte da Rússia.