Quincy Jones, lendário produtor de 'Thriller', morre aos 91 anos
"Com os corações repletos, mas feridos, queremos informar sobre o falecimento de nosso pai e irmão Quincy Jones", declarou a família em uma nota. "Embora essa seja uma perda imensa para nós, comemoramos a extraordinária vida que ele teve e temos certeza de que nunca haverá alguém igual a ele."
O artista colaborou com nomes como Aretha Franklin, Ray Charles e Frank Sinatra, acumulando um impressionante número de prêmios, incluindo 28 Grammys, dois Oscars honorários e um Emmy.
Jones foi quem criou alguns dos álbuns mais icônicos de Michael Jackson: "Off The Wall" (1979), "Thriller" (1983) e "Bad" (1987). Esses foram os primeiros trabalhos da fase mais desenvolvida do "Rei do Pop", que já não contava mais com a presença do grupo The Jackson Five, do qual fazia parte junto com seus irmãos.
O álbum "Thriller" alcançou a impressionante marca de mais de 20 milhões de cópias vendidas somente no seu ano de lançamento, e, desde então, mantém-se como um dos discos mais vendidos da história. De acordo com a Associated Press, as sugestões de trazer o ator Vincent Price para a abertura da faixa-título e o guitarrista Eddie Van Halen para um solo em "Beat It" foram de Quincy Jones.
Michael Jackson e Quincy Jones, após a cerimônia do Grammy de 1984 — Imagem: AP Photo/Doug Pizac
Ele criou "We Are The World" para um projeto que juntou várias celebridades da música em 1985, com o objetivo de angariar recursos para combater a pobreza na África. Lionel Richie, que coescreveu a canção junto com Michael Jackson, descreveu Jones como o "grande maestro".
Além de Michael Jackson e Lionel Richie, o projeto contou com a colaboração de músicos como Bob Dylan, Billy Joel, Stevie Wonder, Cyndi Lauper e Bruce Springsteen.
'We Are the World' uniu artistas para lançar uma música em prol do combate à pobreza na África — Imagem: Divulgação
Quincy Jones também criou arranjos para cantores renomados como Frank Sinatra e Ella Fitzgerald, além de ter feito parte de turnês ao lado de ícones do jazz como Count Basie, Lionel Hampton e Billie Holiday. Ele é ainda o responsável pela música tema da série "Um Maluco no Pedaço".
Quincy Jones — Imagem: Chris Pizzello/Invision/AP
Natural de Chicago, Jones recordava os hinos religiosos que sua mãe, Sarah Frances, entoava como suas primeiras recordações musicais. Aos sete anos, Sarah foi hospitalizada após ser diagnosticada com esquizofrenia, o que fez com que ele percebesse o mundo como "desprovido de sentido".
"Há dois grupos de pessoas: os que possuem pais ou cuidadores afetuosos e os que não os têm. Não existe um meio-termo", afirmou Jones em uma entrevista com a apresentadora Oprah Winfrey.
Jones passou um tempo se envolvendo com grupos de criminosos em Chicago até iniciar sua carreira ao tocar piano na residência de um vizinho. Anos mais tarde, ele começaria a tocar trompete e se tornaria amigo do jovem músico Ray Charles.
No começo da década de 1960, já com sua trajetória consolidada, Quincy Jones assumiu o cargo de vice-presidente na gravadora Mercury Records. Em 1971, ele foi o primeiro diretor musical negro a atuar em uma cerimônia do Oscar.
"A música era o único aspecto da minha vida que eu conseguia dominar", afirmou Jones em sua autobiografia. "Ela me proporcionava a única sensação de liberdade. Não precisava ir atrás de explicações. As respostas estavam bem perto, ao alcance do som da minha trombeta e das minhas notas escritas a lápis. A música me completou, me fortaleceu, me tornou popular, autoconfiante e descolado."
Quincy Jones, retratado em uma imagem de outubro de 1974 — Crédito: AP Photo/George Brich.