Quem é Rogério Marinho, candidato de Bolsonaro à presidência do Senado

31 Jan 2023
Rogério Marinho

A eleição para a presidência do Senado, marcada para esta quarta-feira 1º, promete ser mais equilibrada que a disputa na Câmara dos Deputados. O presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG), candidato à reeleição, é o favorito, mas a extrema-direita aposta de fato na candidatura de Rogério Marinho (PL-RN), ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL).

Pacheco, apoiado pelo governo Lula, declara a interlocutores ter mais de 50 votos. Marinho, por sua vez, alega contar com 34 votos garantidos. Se ambos estiverem dizendo a verdade, há senadores fazendo uma espécie de “jogo duplo”. Eduardo Girão (Podemos-CE), também um bolsonarista que decidiu se lançar à disputa, não tem chances reais.

Marinho parte de 23 votos com o apoio formal do bloco PP-PL-Republicanos, o coração do Centrão. Também terá endosso majoritário da pequena bancada do PSDB e conta com dissidências em siglas como União Brasil, MDB, Podemos e até o PSD. Pacheco, por sua vez, tem aliança oficial com MDB, PT, União Brasil, PSB e PDT, além, por óbvio, do PSD. O desafio é evitar traições.

Na avaliação do analista político Marcos Verlaine, do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar, uma vitória de Marinho sobre Pacheco levaria à prorrogação do conflito institucional e da pressão contra o Poder Judiciário, em especial o Supremo Tribunal Federal.

“Será uma espécie de terceiro turno”, resumiu Verlaine a CartaCapital. “Inclusive, o bolsonarismo joga em uma tática política estranha, de pouca inteligência. Se o Marinho for vitorioso, vai haver muita pressão do bolsonarismo para que ministros do STF sejam impedidos. A gente não consegue sair da crise se isso acontecer.”

O analista pondera que levar essa pauta à presidência do Senado em uma improvável derrota de Pacheco seria “sinônimo de estupidez, burrice, equívoco e falta de compreensão da realidade nacional”.

“Se o bolsonarismo chegar ao terceiro cargo na hierarquia da República com esse tipo de agenda, ficará muito difícil para o Rogério Marinho”, afirma Verlaine. Segundo ele, porém, ainda que a eleição seja secreta, não deve haver defecção suficiente na base de Pacheco a ponto de viabilizar um triunfo de Marinho. “Avalio que, apesar de todo esse frisson, o presidente vai ter uma eleição relativamente tranquila.”

Na última segunda 30, Bolsonaro participou por videoconferência, direto dos Estados Unidos, de um jantar de confraternização do PL. Ele alegou que a candidatura de Marinho significa a busca “pelo reequilíbrio dos Poderes”. Trata-se de uma referência negativa ao STF, a reforçar que a extrema-direita planeja usar a presidência do Senado para continuar a fustigar a Justiça.

Horas antes, uma entrevista de Rogério Marinho à GloboNews ganhou ampla repercussão nas redes sociais devido ao fato de a jornalista Andreia Sadi, apresentadora do programa Estúdio I, questionar a tentativa do bolsonarista de defender a “liberdade” de parlamentares que publicam conteúdos fraudulentos (assista abaixo).

“Estou defendendo a democracia. O senhor está dizendo que existe uma ‘censura prévia’ de algo que ninguém sabe que vai ser dito, mas não é sobre isso. Nós estamos falando de pessoas que divulgam conteúdo fraudulento, incitando violência, golpismo, atos terroristas e por aí vai. Não posso crer que o senhor, um democrata que o senhor está dizendo que é, compactue com isso”, afirmou a jornalista.

Marinho, por sua vez, havia declarado não ter condições de “impedir que o deputado, no seu conceito de violabilidade do mandato, possa se expressar”.

Rogério Marinho foi eleito senador em outubro passado com 41,8% dos votos válidos no Rio Grande do Norte. Ele fez carreira nos legislativos municipal e federal, foi presidente da Câmara de Vereadores de Natal e até março de 2022 era ministro do Desenvolvimento Regional.

O correligionário de Jair Bolsonaro nasceu na capital potiguar e é formado em Economia. Foi vereador em Natal por dois mandatos e deputado federal por três. Na Câmara dos Deputados, foi relator da reforma trabalhista de 2017. Disputou a Prefeitura de Natal em 2012, sem sucesso. No Executivo federal, também foi secretário especial de Previdência e Trabalho (2019-2020). Ele é neto do ex-deputado federal Djalma Marinho.

Assista a um trecho da entrevista de Marinho à GloboNews:

Rogério Marinho defendeu parlamentares que disseminam conteúdos fraudulentos e menosprezou a fala da Andreia Sadi (reparem nos gestos dele), mas recebeu uma bela resposta. pic.twitter.com/wwUZB0zgqI

— Lázaro Rosa ???????? (@lazarorosa25) January 30, 2023

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