'Lukashenko foi essencial para fim do conflito na Rússia', diz ...

25 Junho 2023
Rússia

Ainda assim, a situação em Moscou ainda é de cautela. O regime de operação antiterrorista ainda está em vigor, e esse regime não foi imposto a nenhuma cidade russa desde 1999, na época da Guerra da Chechênia.

Ele amplia os poderes dos órgãos de segurança, que passam a ter direito, por exemplo, de confiscar veículos das pessoas para usar em operações, ou mesmo o direito de entrar nas casas e apartamentos, desativar comunicação por celular, restringir o movimento na cidade. Tudo isso continua em vigor, assim como a decisão que estabeleceu feriado na capital na segunda-feira (26/06), para que as pessoas não precisem ir ao trabalho, e assim evitar uma maior circulação de civis.

Como este conflito pode afetar a Operação especial na Ucrânia?

As ações lideradas pelo Prigozhin podem afetar as operações russas no front, que atravessam um momento muito delicado. Até agora, a contraofensiva ucraniana não obteve resultados significativos, mas as autoridades russas sempre dizem, reiteradamente, que a capacidade ofensiva de Kiev não acabou.

Aliás, há uma informação de que existem tropas ucranianas treinadas pela OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) que chegariam ao campo de batalha neste fim de semana, talvez já tenham entrado hoje. Portanto, ainda há muito em disputa nessa contraofensiva, os próprios meios russos não estão cantando vitória.

Claro que, nesse cenário, ter que deslocar tropas do front para um conflito com o Grupo Wagner dentro do território russo seria complicadíssimo, e as autoridades russas não queriam iniciar uma situação que poderia levar a uma guerra civil.

Por isso, vimos durante o dia todo vídeos de figuras importantes do país, inclusive alguns ex-soldados do Wagner, com apelos aos que estão em Rostov para que deixem de seguir as ordens do Prigozhin e que sejam leais ao Putin.

Esses apelos das autoridades russas incluem declarações nas quais eles reconhecem a importância das ações do Wagner, por exemplo, para a libertação de Artyomovsk (antiga Bakhmut). Portanto, a estratégia russa não é a de acusar todos os combatentes do Grupo Wagner. A acusação é apenas contra o Prigozhin, que estaria atuando em função de seus interesses pessoais e posições políticas.

Como se iniciou o conflito em Rostov-no-Don?

Na noite desta sexta-feira (23/06), Prigozhin, alegou que o campo que seus soldados ocupavam na retaguarda teria sido atacado pelo Ministério da Defesa russo. Ele mostrou um vídeo em seu comunicado, mas a verdade é que esse vídeo não comprova se esse ataque teria mesmo acontecido. Não há crateras de mísseis, não se vê cadáveres tampouco. O Prigozhin assegura que morreram 2 mil pessoas no ataque e pelas imagens não é possível checar se isso aconteceu de fato.

Porém, o mais importante é que o Grupo Wagner também acusou o ministro de Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, de ter se deslocado até Rostov para dar a ordem e conduzir o ataque. Prigozhin também disse que seus soldados foram até essa cidade para capturar o ministro.

Vale lembrar que Rostov-no-Don é uma cidade muito importante na Rússia. Os brasileiros talvez lembrem que o Brasil chegou a jogar lá na Copa de 2018 (contra a Suíça, pela fase de grupos), mas ela é ainda mais importantes no contexto da guerra pela sua posição estratégica, próxima à fronteira com as regiões de Donetsk, Lugansk, Zaporozhie e Crimeia.

Neste sábado pela manhã (24/06), o Grupo Wagner publicou vídeos onde se via o Prigozhin dentro do quartel-general do Sul, das Forças Armadas da Rússia, exigindo a presença do ministro Shoigu. Como esse pedido não foi atendido, ele iniciou uma marcha rumo a Moscou. Alguns meios russos chegaram a reportarar tiros dentro desse quartel-general de Rostov.

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