Kiev investigará seus próprios militares após avanço fácil das tropas da Rússia em Kharkiv

Neste momento, a Rússia está em uma ofensiva na região de Kharkiv, situada no nordeste da Ucrânia, e isso permitiu às tropas russas quebrarem o impasse que havia no campo de batalha. No começo do mês, um soldado ucraniano sugeriu que o avanço do inimigo poderia ter alguma relação com a "traição" ou "corrupção" presentes nas próprias Forças Armadas ucranianas. Diante disso, o governo do país decidiu investigar a questão.

De acordo com o site de investigação russo Meduza.io, Kiev está investigando as circunstâncias em que ocorreu o avanço das tropas russas. O Departamento de Investigação do Estado está analisando possíveis casos de ações injustificadas das unidades das Forças Armadas Ucranianas, como a retirada imprópria das posições de combate.

De acordo com a justificativa dada pelas autoridades estatais ucranianas em sua investigação, em 10 de maio de 2024, durante o ataque às posições do país, os agressores conseguiram romper o primeiro escalão de defesa e tomar controle de diversos assentamentos ao longo da fronteira com a Federação Russa, resultando em perdas significativas tanto para as Forças Armadas quanto para a população civil.

A declaração corrobora a suspeita levantada por um militar que concedeu entrevista à BBC. Denys Yaroslavsky, líder de uma unidade de reconhecimento ucraniana em Kharkiv, apresentou um vídeo registrado por drone como prova da acusação. Nas imagens, pode-se ver os russos adentrando a área através da fronteira sem que haja qualquer resposta militar.

O soldado relatou que não houve uma linha defensiva inicial, o que permitiu aos russos ingressarem no território sem problemas de minas terrestres. De acordo com ele, essa situação ocorreu devido à irresponsabilidade ou desonestidade. Ele acredita que não se tratou de um erro, mas sim de uma traição.

De acordo com o Departamento de Investigação do Estado, foi traçada uma cronologia do ataque russo revelando postos abandonados e defesas mal organizadas. A investigação buscará determinar a origem das falhas e se houve traição por parte dos ucranianos envolvidos no episódio.

A ação ofensiva russa não surpreendeu as forças de Kiev, o que justificaria a derrota. Os serviços de inteligência tanto da Ucrânia quanto dos seus aliados ocidentais já sabiam que a Rússia estava preparando cerca de 30 mil homens para um ataque e o presidente russo, Vladimir Putin, havia deixado claro que o objetivo era criar uma zona de segurança que dificultasse os bombardeios em solo russo, afastando os ucranianos dali.