Santander (SANB11) sofreu com 'fator Americanas' já no 4T22, diz XP

2 Fev 2023
Negócios

Banco possui R$ 3,6 bilhões emprestados à varejista e sofreu com provisionamento no balanço divulgado nesta quinta (2)

Eduardo Vargas

Analistas da XP Investimentos disseram que o rombo de mais de R$ 20 bilhões e a recuperação judicial da Americanas (AMER3) afetaram o Santander (SANB11) já no resultado referente ao quarto trimestre de 2022 – ainda antes da revelação pública feita pelo então CEO, Sergio Rial, no dia 11 de janeiro.

O grande impacto no resultado do Santander foi o provisionamento – uma reserva de dinheiro feita pela empresa com foco em casos de inadimplência. Com isso, o lucro do banco foi de R$ 1,68 bilhão, ante projeções de R$ 2,7 bilhões da XP e R$ 2,89 bilhões do consenso Bloomberg.

Questionado por analistas durante a teleconferência de resultados do Santander no 4T22, o CEO, Mario Leão, alegou que não comentaria casos específicos, citando que se trata de uma política interna.

Contudo, destacou que o banco acompanha a situação com atenção o caso e que ajustará seu provisionamento em função do cenário.

Além disso, citou que a exposição da carteira de crédito do Santander ao varejo gira em torno de 3%, um número que considera positivo e que atende aos critérios de diversificação do banco.

“Apesar da menor carga tributária, o lucro líquido recorrente do banco no 4T22 atingiu R$ 1,7 bilhão, resultado pior que o esperado, em grande parte devido a Outras Receitas/Despesas Operacionais mais fracas e à Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa mais alta”, diz a XP.

“Além de ser afetado pela pior dinâmica da inadimplência de pessoa física, também foi impactado pelo provisionamento de um evento subsequente no segmento de Atacado durante o trimestre (provavelmente o caso da Americanas). Como resultado, o ROAE (retorno sobre patrimônio médio) anualizado foi de 8,3%”, completa.

A recomendação da XP para os papéis SANB11 é neutra, com preço-alvo de R$ 34 por unit, enquanto as ações são negociadas a cerca de R$ 27,50 atualmente.

Segundo levantamento do Bank of America (BofA), a expectativa para os resultados trimestrais do Santander era a segunda pior para este 4T22, ficando somente atrás do Bradesco (BBDC4).

Em uma pesquisa com investidores globais e locais, o banco constatou que 35% esperavam que o banco reportasse os piores números do setor no trimestre – no Bradesco, a expectativa era de 58%.

Além disso, nenhum entrevistado afirmou ter expectativas de que o banco tivesse os melhores números do trimestre.

Analistas da XP também destacaram, antes da publicação do balanço, que “as altas taxas de juros de longo prazo devem continuar pressionando a margem” de bancos como o Santander – o que deve seguir acontecendo ao longo dos próximos trimestres.

Quanto o Santander emprestou à Americanas?

Conforme os dados de credores da Americanas publicados quando a companhia pediu recuperação judicial, o Santander tem uma exposição de R$ 3,6 bilhões à dívida da companhia.

O banco é, nominalmente, o terceiro mais exposto, atrás somente do Bradesco (BBDC4), que possui R$ 4,8 bilhões em empréstimos à varejista.

Impacto da Americanas nos bancos, segundo projeções da XP InvestimentosImpacto da Americanas nos bancos, segundo projeções da XP Investimentos

O Deutsche Bank é o maior credor, com R$ 5,2 bilhões.

Apesar disso, conforme analistas do Citi, a maior exposição fica com o BTG Pactual (BPAC11), pelo fato de que, proporcionalmente, a exposição da sua carteira de crédito é maior.

O banco emprestou R$ 3,5 bilhões à varejista. Segundo o Citi, o impacto nos lucros do banco de investimentos de André Esteves deve ser de 3,3% a 5,6%.

Mais dados sobre SANB11 no trimestre

Conforme reportado pelo Suno Notícias, no consolidado, o Santander lucrou R$ 12,57 bilhões no acumulado de 2022, representando uma queda de 21% no lucro em relação ao ano de 2021.

O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) foi de 8,35%, representado uma queda de 7,3 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior.

No agregado de 2022, o ROE do Santander ficou em 16,3%, queda de 4,9 p.p. em relação ao ano de 2021.

A carteira de crédito atingiu R$489.687 milhões representando crescimento de 5,8% se comparado com o mesmo período do ano anterior.

O segmento de pessoas físicas, especificamente, subiu 8% durante o trimestre dentro da careira do Santander. Pequenas e Médias Empresas, por sua vez, cresceram 7,2% no período.

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