As finanças do Santos em 2023: o pior ano da história alvinegra fica marcado por incompetência no futebol e estrago nas contas

Santos

Há anos, o clube alvinegro enfrenta uma situação financeira complicada, contando principalmente com as vendas de jovens talentos da base para obter receita, lidando com dívidas elevadas e com dificuldades em aumentar os salários de forma sustentável. Contudo, o maior problema foi a ineficiência da gestão do departamento de futebol sob a liderança do agora ex-presidente Andrés Rueda.

E as consequências são graves. Sem os ganhos provenientes dos direitos de transmissão da Série A, sem as premiações da Copa do Brasil, as fontes de lucro se esgotaram em 2024. As dívidas deixadas por Marcelo Teixeira ainda estão sendo cobradas por credores, da mesma forma que a volta à primeira divisão nacional está sendo cobrada.

Com o objetivo de tornar mais simples para o torcedor compreender a situação, o ge utiliza como referência o trabalho elaborado pelo economista Cesar Grafietti, da empresa de consultoria Convocados. Este especialista também produziu 13 episódios do podcast Dinheiro em Jogo, nos quais analisou detalhadamente as finanças de cada clube.

As contas do Santos - Imagem: Infoesporte.

Grafietti, da empresa de consultoria Convocados, atribuiu as pontuações com base nos registros contábeis dos últimos doze anos. Esse critério é utilizado no mercado financeiro para categorizar as empresas, através da análise de diversas métricas que resultam em uma pontuação.

Quando se trata da avaliação do desempenho financeiro de um time de futebol, o profissional leva em conta vários fatores, como receitas, despesas, lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA), investimentos e dívidas com bancos, organizações, agentes, fornecedores, parcelamentos, entre outros. Cada um desses itens possui uma importância específica para determinar a situação financeira de cada clube.

No ano de 2023, a receita do Santos teve um aumento, atingindo a marca de R$ 407 milhões. Houve redução em todas as áreas em comparação ao ano anterior, exceto no departamento de transferências de jogadores, que foi responsável pelo saldo positivo. No entanto, como essa receita não é recorrente, não é considerada uma notícia muito animadora.

Os custos com funcionários - compreendendo salários, encargos trabalhistas e benefícios - cresceram entre os anos de 2022 e 2023, ao mesmo tempo em que as despesas administrativas do clube aumentaram drasticamente. Somando ambos os valores, o Santos teve um total de despesas de R$ 365 milhões ao longo da temporada.

Andrés Rueda, antigo líder do Santos e responsável pela gestão financeira até 2023 — Imagem: Divulgação/SantosFC

No ano de 2023, a dívida do Santos subiu para R$ 548 milhões. Esse montante é composto por dívidas com bancos (R$ 65 milhões), impostos e acordos (R$ 275 milhões) e dívidas operacionais (R$ 210 milhões), relacionadas a compromissos atuais do clube ao longo do ano.

A estimativa de Grafietti para o débito considera todos os pagamentos pendentes, excluindo os fundos disponíveis. A existência de reservas para possíveis litígios (por processos judiciais em curso) pode aumentar os valores devidos, especialmente em situações de clubes em disputa.

A progressão das dívidas do Santos Futebol Clube.

Porém, é provável que o clube tenha créditos a receber por transferências de jogadores realizadas, ou de contratos de patrocínio e parcerias comerciais, o que pode facilitar a gestão da dívida no curto prazo.

No gráfico a seguir, a relação entre receita e dívida do clube é representada pela Convocados. Quanto mais baixo for o número, menor é a alavancagem da entidade, o que significa que há possibilidade de fazer novos investimentos em jogadores, infraestrutura, categorias de base, entre outros.

A progressão do endividamento do Santos

: Fluxo De Caixa E Aplicações Financeiras

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) representa a diferença entre as receitas e os custos de uma empresa. Essa métrica é importante para avaliar a situação financeira de um negócio e, no caso do Santos, o resultado positivo indica que a empresa está em uma posição favorável.

A situação se torna desagradável ao considerar todos os demais elementos: encargos financeiros (R$ 22 milhões em 2023), a quitação das obrigações devidas, bem como diversos investimentos. Dado que o EBITDA não é satisfatório, a administração adiantou receitas e, mesmo assim, encerrou com um saldo negativo.

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