Zapping - Cristina Padiglione: Programa Silvio Santos venceu a ...

5 Junho 2023

São Paulo

A celebração pelos 60 anos do Programa Silvio Santos rendeu ao SBT uma folgada vice-liderança ao longo de mais de quatro horas, e deu ainda à emissora uma liderança absoluta que há muito tempo não acontecia nas noites de domingo, por 52 minutos. O feito ocorreu após o fim do Fantástico. Mas mesmo na concorrência com o Show da Vida, a atração superou 9 pontos na maior parte do tempo, um êxito raro para o programa de dez anos para cá.

Silvio Santos - Figure 1
Foto F5

Segundo dados prévios de audiência na Grande São Paulo, antecipados pelo site TV Pop no Twitter e confirmados pela coluna, o programa obteve 8,8 pontos, ante 14,3 da Globo das 19h15 à 0h43. A Record ficou em terceiro lugar, com 6,3 pontos. Cada ponto de audiência na região equivale a 206.674 telespectadores, segundo projeção da Kantar Ibope Media para este ano.

Foi o melhor desempenho das últimas 118 semanas --em 28 de fevereiro de 2021, o programa marcou os mesmos 8,8 pontos de média. A liderança aconteceu das 23h51 à 0h43, quando o SBT registrava 8,1 pontos de média, ante 6,3 da Globo e 2,7 da Record.

Fazia pelo menos quatro anos que o Programa Silvio Santos não assumia a liderança de audiência em São Paulo, façanha que durante muito tempo foi praxe após o Fantástico. A criação do Sai de Baixo, nos anos 1990, passava pela tentativa da Globo de frear esse êxito, que foi se arrefecendo ao longo dos anos.

Houve um período, na última década, que o Programa Silvio Santos liderava o ranking da TV em sua última hora, contagiando o programa seguinte, posto que foi de Marília Gabriela até 2015, e depois, de Roberto Cabrini.

Com cinco horas de duração, a edição comemorativa do Programa Silvio Santos pesou para que o SBT fechasse o domingo em segundo lugar, como nos velhos tempos, superando a Record. A média do dia todo ficou em 6,2 pontos, sendo o SBT sintonizado por 13,9% dos televisores ligados na Grande São Paulo.

É mais que a metade do saldo da Globo, que concluiu o dia com 12 pontos (26,8% das TVs ligadas). A Record obteve 4,8 pontos e a Band, 1,4. As demais redes abertas tiveram menos de 1 ponto na soma do dia.

PROGRAMA SILVIO SANTOS, SEM SILVIO

A edição comemorativa dos 60 anos do Programa Silvio Santos não contou com a presença física do animador, mas todo o elenco que teve sua imagem vinculada à atração ao longo dessas seis décadas esteve em cena, presencialmente ou por imagens icônicas.

O campeão do Qual É a Música, Ronnie Von, lá esteve para relembrar como se preparava para a competição, e reencontrou fiéis participantes do quadro, como Nahin, Ovelha, Sylvinho, Márcio do Trio Los Angeles, Jane, Lilian e Silvio Brito.

Eliana e Adriane Galisteu se enfrentaram em um duelo no Jogo das Três Pistas. Foi Silvio quem botou os olhos nas duas, ainda pequenas, cada uma a seu tempo, e viu nelas um potencial artístico além dos repertórios infantis que as conduziram ao seu programa.

Galisteu, que teve fortes embates com o empresário anos mais tarde, ao apresentar lá o programa Charme, lembrou que "não foi fácil" sua passagem pela emissora naquele período, mas reconheceu que ele a ensinou muito do que ela aprendeu para fortalecer sua carreira de apresentadora.

Além de Patrícia Abravanel, que conduziu o programa, como tem feito desde que o pai se afastou de vez do expediente nos palcos, as outras cinco filhas do patrão --Cintia, Silvia, Daniela, Rebeca e Renata-- estiveram presentes e acompanharam tudo da plateia ao longo de um dia inteiro de gravações. A primeira-dama, Iris Abravanel, fez companhia a todas na primeira fila do animado auditório.

Antigos jurados do Show de Calouros se reencontraram para lembrar os idos em que adentravam aquele auditório sob a inconfundível trilha do "laralaralará, laralará, laralaralará [...] É coisa nossa", com imagens dos lendários Pedro de Lara, Araci de Almeida, Wagner Montes e Elke Maravilha.

O vice-presidente Geraldo Alckmin também passou por lá, para lembrar que participou das gincanas do programa quando era prefeito de Pindamonhangaba (SP), no quadro Cidade x Cidade. Quando era governador de São Paulo, em 2001, Alckmin foi apontado por Silvio como alguém que salvou sua vida, ao comparecer presencialmente à sua casa, no Morumbi, para negociar a rendição do sequestrador de Patrícia Abravanel, Fernando Dutra Pinto.

O ex-todo-poderoso da Globo, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, gravou vídeo parabenizando pela data e afirmando, mais uma vez, que Silvio é o maior animador do mundo. Aproveitou para lembrar e agradecer os empréstimos que Senor Abravanel fez a Roberto Marinho quando o empresário carioca comprou a TV Paulista, que viria a se tornar a estação da Globo em São Paulo.

Foi lá, na Rua das Palmeiras, no bairro de Santa Cecília, em São Paulo, que o Homem do Baú deu início ao Programa Silvio Santos, ainda em 1963. Pertencente às Organizações Vitor Costa, a emissora só passaria a ser Globo em 67 e ainda abrigaria o Programa Silvio Santos até 1977.

A atração depois passou por Tupi e Record, até ganhar a tela da TVS, canal 4 de São Paulo, quando Silvio ganhou a concessão daquele espaço, fruto da falência da TV Tupi, pelas mãos do então presidente João Figueiredo, cuja esposa, dona Dulce, era fã confessa do animador.

Nem todas essas histórias foram contadas na edição dos 60 anos, onde foi sentida a ausência de Luciano Callegari, braço direito de Silvio até o fim dos anos 1990, que o acompanhava não só no expediente de auditório, mas nas viagens da caravana do Peru que Fala, como Silvio ficou conhecido, por ficar ruborizado em suas primeiras incursões como apresentador.

A edição dos 60 também mal mencionou sua voz mais marcante, a do locutor Lombardi, dono da marcante voz que conversava com o patrão em cena, sem exibir o rosto, morto em 2009. Mas a celebração foi como uma espécie de Canal Viva dentro do próprio Viva, só que em versão Silvio Santos, no melhor conceito de que "agora é hora de alegria, vamos sorrir e cantar", que "da vida não se leva nada".

Zapping - Cristina Padiglione

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Cristina Padiglione é jornalista e escreve sobre televisão. Cobre a área desde 1991, quando a TV paga ainda engatinhava. Passou pelas Redações dos jornais Folha da Tarde (1992-1995), Jornal da Tarde (1995-1997), Folha (1997-1999) e O Estado de S. Paulo (2000-2016). Também assina o blog Telepadi (telepadi.folha.com.br).

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