Sua Culpa é um filme melhor do que o primeiro - mas não significa que seja bom

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Sua Culpa

Minha Culpa virou um fenômeno no mundo do streaming. Embora tenha enfrentado várias críticas da mídia, o filme, que é baseado na trilogia escrita por Mercedes Ron, tornou-se o longa em língua não inglesa mais assistido na história do Prime Video. Portanto, era apenas uma questão de tempo até que Sua Culpa, a continuação da saga literária, fosse divulgada. A data de estreia finalmente chegou, e o sucesso parece ser garantido. Contudo, mesmo que essa nova produção eleve o padrão em relação ao primeiro filme, a qualidade ainda não é totalmente satisfatória.

Dentre os muitos romances adolescentes que se destacam na cultura pop, a franquia Minha Culpa pode não ser tão envolvente quanto as outras. O relacionamento proibido entre Noah (Nicole Wallace) e Nick (Gabriel Guevara), que surgiu da união de seus pais que os obrigou a viver sob o mesmo teto, é tão superficial que parece fundamentar-se quase exclusivamente na atração física. Não há grandes segredos ou profundidades a serem desvendadas: ele é, como muitos outros, um jovem insatisfeito com a vida que oculta um lado sensível, enquanto ela se recusa a aceitar o privilégio que acaba de conquistar em um mundo regido pela riqueza.

O jeito rebelde do jovem, que tem uma paixão por corridas e confrontos secretos, lembra uma interpretação de James Dean realizada pelo icônico Casseta & Planeta. Essa abordagem não oferece nada de novo ao gênero. Enquanto isso, Noah abandona sua valiosa consciência social assim que se envolve com os ricos e se sente atraída pelo rapaz. Sem um casal cativante para nos apoiar, torna-se complicado sentir aversão pelas ações dos pais, que assumem um papel de vilões em Sua Culpa por desaprovarem o relacionamento dos filhos.

Ciente da baixa qualidade do material a ser adaptado, a sequência parece buscar respaldo no aumento das cenas de sexo para conquistar aqueles mais céticos. Embora não seja tão exagerada quanto uma Elite da vida, Sua Culpa demonstra entender que colocar dois protagonistas com aparência convencional em situações íntimas em vários ambientes da casa atrai a audiência. Não é surpresa que as cenas picantes tenham sido ressaltadas desde os primeiros teasers lançados pelo Prime Video.

O que impede (por um triz) que a sequência se transforme em um fiasco é que os conflitos enfrentados pelos personagens são mais humanos do que os apresentados em Minha Culpa. Enquanto o filme original se concentrava na perseguição do pai de Noah e na rivalidade insana com o bad boy Ronnie (Fran Berenguer), Sua Culpa se aprofunda no luto. Nick ainda lida com a relação conturbada com a mãe, que reaparece para complicar ainda mais sua vida, enquanto Noah enfrenta as consequências de ter sido sequestrada pelo pai e testemunha sua morte diante dela. Muito mais do que a história de amor, esses dramas tornam a sequência um filme mais empático.

Com alguns acertos, Sua Culpa consegue ganhar força para mostrar que pode finalizar a trilogia de maneira mais impactante. As reviravoltas finais trazem vitalidade à história e certamente deixarão os admiradores dos livros animados para o que está por vir. Agora, resta descobrir se aqueles que são menos familiarizados com o conteúdo original também se deixarão envolver.

Tempo: 120 minutos no mínimo.

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