Após dizer 'Deus me livre de mulher CEO', Tallis Gomes é criticado e pede desculpas

"Ontem, cometi um grande erro em uma postagem aqui no Instagram. Gostaria de reconhecer minha falha e pedir desculpas. Muitas mulheres se sentiram ofendidas pelo que disse, e estou realmente triste por ter ferido esses sentimentos", disse o executivo em uma publicação nos stories.

"Errei ao expressar no meu texto o tipo de mulher que gostaria de ter ao meu lado, abordando aspectos delicados e utilizando termos inadequados", prosseguiu o empresário.

Publicação de esclarecimento do empresário Tallis Gomes — Imagem: Reprodução/Redes Sociais

Gomes também afirmou que criou a Singu, uma empresa que "ajudou muitas mulheres a saírem de situações de violência doméstica e de trabalho precário". Além disso, destacou que uma de suas sócias na G4 Educação, a diretora financeira Maria Isabel Junqueira Fonseca Antonini, é mulher.

"No G4, minha sócia e CFO, responsável pela administração financeira da empresa, é uma mulher. Isso, lamentavelmente, é incomum em companhias de grande porte como a nossa. Misa é uma profissional extremamente capacitada, e nossa organização não teria alcançado o sucesso que teve sem ela. E sem as diversas mulheres que fazem parte da nossa equipe", declarou Gomes.

O executivo também afirmou que em nenhum momento teve a intenção de duvidar da habilidade de uma mulher para assumir o cargo de CEO. Ele ressaltou que se expressou de maneira inadequada e com o tom incorreto ao mencionar quem gostaria de ter ao seu lado como parceira.

"As minhas declarações não refletem a essência do G4 como organização. Sentimos um grande orgulho em conquistar a confiança de diversas mulheres líderes de sucesso. Estou sempre aprendendo com elas a cada dia", disse o empresário, enquanto se desculpava.

Na quinta-feira passada (19), o presidente da G4 Educação, Tallis Gomes, comentou de maneira controversa sobre a presença de mulheres em cargos de liderança.

Em reação à indagação "Se sua esposa fosse a CEO de uma grande empresa, vocês estariam noivos?", feita por um de seus seguidores no Instagram, Gomes afirmou: "Deus me livre de uma mulher CEO". Ele prosseguiu explicando que, "exceto em casos excepcionais", mulheres que ocupam posições de liderança vivem um "processo de masculinização".

A postagem do empresário Tallis Gomes se espalhou rapidamente nas redes sociais — Imagem: Reprodução de Redes Sociais.

O empreendedor prosseguiu, afirmando que essa não seria a "melhor forma de aproveitar a energia feminina".

"A mulher detém o controle exclusivo de criar um lar e ser o alicerce de uma família — um homem nunca conseguiria realizar isso. Por que tornar a vida dessa mulher mais difícil dessa maneira?" indagou Gomes em suas redes sociais.

O executivo também afirmou que "o colapso mundial teve início precisamente quando o movimento feminista passou a impor às mulheres a necessidade de assumir funções tipicamente masculinas".

"Atualmente, observo um grupo de homens mais velhos encostados, se esforçando pouco e dividindo despesas com suas parceiras. Compreendo que isso pode ser uma situação passageira; eu mesmo vivenciei algo semelhante no passado — mas precisa ser algo provisório", comentou Gomes.

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Reações Nas Mídias Sociais

Depois da divulgação, o empresário recebeu críticas nas redes sociais, gerando uma onda de reações por parte de executivas.

Luiza Trajano, que é a presidente do conselho de administração do Magazine Luiza, afirmou em sua conta no LinkedIn que "não concorda de maneira alguma com a postura" de Gomes, sócio da G4 Educação.

"Criei três filhos com muito esforço, inclusive atuando como diretora executiva do Magalu. Consegui equilibrar a criação deles com os cuidados necessários aos idosos da família", afirmou a executiva, enfatizando que as mulheres têm a capacidade de ser o que desejam e escolhem ser.

"Quero deixar uma herança para as minhas netas. Elas entenderão que batalhei por nossa igualdade, ao lado de muitos homens e de todas as mulheres do Brasil. Estamos progredindo", acrescentou.

A diretora de vendas e marketing da Reckitt, Renata Vieira, a gerente geral da VTex no Brasil, Rafaela Rezende, a diretora de recursos humanos da Itaúsa, Claudia Meirelles, entre outras executivas, também se manifestaram sobre o assunto em suas redes sociais.

Em um comunicado oficial, que também foi compartilhado em suas redes sociais, a G4 Educação afirmou que "não concorda com as declarações do CEO Tallis Gomes" a respeito de mulheres em cargos de liderança.

"Ao afirmar isso, as palavras não refletem a perspectiva do G4 e, de maneira nenhuma, a trajetória da nossa empresa. O Tallis reconheceu seu equívoco e fez um pedido de desculpas público", declarou a empresa.

"O G4 se sente honrado por ter ajudado na formação de diversas mulheres líderes bem-sucedidas. Permaneceremos dedicados a essa missão", afirmou a empresa em comunicado.