Alagoana busca rede de apoio para tratar depressão na cidade mais populosa do Brasil: 'A vida em São Paulo é muito solitária'

28 Set 2023

O isolamento social é o assunto em destaque. Victor Hugo, que foi poeta e romancista na França, afirmou que "o inferno é contido nesta palavra". Maria Simone dos Santos, natural de Alagoas e com 38 anos de idade, afirma que essa sensação a acompanha desde que mudou para São Paulo quase 17 anos atrás. Mesmo residindo na cidade mais populosa do Brasil, ainda assim sente-se afastada e solitária.

Durante o mês da campanha Setembro Amarelo, que visa a prevenção do suicídio e a promoção da saúde mental, o g1 AL está divulgando uma série de matérias que abordam o tema. As reportagens contam histórias de pessoas que passaram por momentos traumáticos, mas conseguiram superar essas situações graças ao acompanhamento de especialistas e apoio psicológico.

Nos seus primeiros anos na cidade recém-chegada, ela trabalhou como profissional da limpeza residencial, e agora é dona de um centro estético localizado na Zona Oeste, onde reside. A escolha de se mudar de estado veio da vontade de conquistar estabilidade financeira e oferecer bem-estar aos seus entes queridos, porém ela acabou sofrendo crises de depressão e precisou recorrer a assistência médica.

"Viver em Maceió foie um grande desafio na minha vida, cheio de limitações e de escassez de oportunidades. Desde muito jovem, comecei a trabalhar, mas infelizmente nunca tive a minha carteira profissional regularizada pelos empregadores. Quando vim para São Paulo, acabei chegando sem registro algum. Contemplando os primeiros dias da nova realidade, percebi algumas grandes alterações na minha vida, algumas positivas e outras nem tanto", contou Simone.

Ao notar e reconhecer todos esses incômodos, ela optou por buscar um médico geral, que a encaminhou imediatamente para um profissional de psicologia na Unidade Básica de Saúde (UBS) da sua localidade.

Segundo o psicólogo Diógenes Pereira, o sentimento de solidão é amplamente reconhecido como uma das emoções mais aflitivas que alguém pode enfrentar, mesmo quando se encontra entre outras pessoas. Essa sensação de vazio pode acarretar em algumas patologias físicas ou em uma depressão, por isso é fundamental buscar ajuda profissional.

Um especialista explicou que tal situação é extremamente prejudicial para a saúde emocional do ser humano, pois pode gerar uma sensação avassaladora de desesperança. Esse sentimento de vazio tende a crescer de forma natural, sendo comparável à perda gradativa da essência pessoal.

Aos 38 anos de idade, a pessoa em questão é Maria Simone dos Santos. A imagem disponível é de arquivo pessoal.

Fases de mudanças acarretam uma variedade de ajustes tanto psicológicos quanto físicos. Simone compartilha que, além da sensação de isolamento em São Paulo, ela também carregava consigo marcas de experiências difíceis, como o casamento precoce aos 15 anos de idade e a consequente experiência de uma "solidão a dois", assim como um relacionamento conturbado e abusivo.

Enquanto estava distante da sua casa, a internet era sua melhor amiga para diminuir a distância da sua família. Contudo, os apps de mensagem e as redes sociais não eram o suficiente. Segundo Simone, sua maior dificuldade era ficar longe da família. Ela mencionou que sempre que visitava Maceió, recarregava suas energias.

Ao participar de reuniões em grupos de saúde mental disponíveis para pacientes registrados no Sistema Único de Saúde (SUS), reconheceu-se a relevância dessa rede de suporte, especialmente para o público feminino.

Atuar em um salão de beleza oferece a oportunidade de auxiliar outras mulheres que enfrentam dilemas semelhantes. Segundo a alagoana, ao selecionar uma cor de esmalte ou decidir mudar o estilo do cabelo, a mulher está dedicando cuidado a si mesma. Aprimorar a autoestima é um fator crucial no processo de recuperação da confiança plena.

A ação conhecida como "Setembro Amarelo" é uma empreitada criada pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), em conjunto com a Associação Brasileira de Psiquiatria e o Conselho Federal de Medicina. O CVV provê assistência preventiva e emocional a pessoas que têm ideação ou desejos suicidas através do telefone 188.