Tiradentes: quem foi o 'herói sem rosto' e por que ele foi morto
Tiradentes, um mero alferes (um posto militar semelhante ao de tenente), foi o único que sofreu uma vida de pobreza. O seu apelido foi dado por ter exercido a profissão de dentista.
Um herói nascido no centro-sul de sua nação, que pereceu sem empunhar armas, traído por um camarada, Silvério dos Reis, em uma descrição que ecoa a história trágica de Jesus Cristo. Essas são as palavras de André Figueiredo Rodrigues, historiador, em uma entrevista para a BBC.
O império sentenciou os conspiradores, mas aqueles com posses foram capazes de evitar a pena capital e foram sentenciados a prisão ou exílio. Tiradentes, por outro lado, foi condenado à forca e teve seu corpo despedaçado e exibido ao público, a fim de desestimular outros movimentos revolucionários.
Não existia uma imagem definida de Tiradentes, portanto, os artistas puderam criar livremente sua representação visual. Embora o Brasil seja um país católico, os artistas da época da República retrataram Tiradentes com características semeantes às de Jesus Cristo, e esta representação venceu. Isto não ocorreu por acaso, como explicou Figueiredo, autor do livro "Em Busca de um Rosto: a República e a Representação de Tiradentes".
Considerado um delinquente, Tiradentes foi elevado à condição de pioneiro herói brasileiro imediatamente após a oficialização da Independência, em 1822.
Em 9 de dezembro de 1965, o presidente Castelo Branco instituiu o dia 21 de abril como feriado nacional, em comemoração ao enforcamento de Tiradentes. Essa medida foi tomada através da Lei N. 4.897, na qual também foi concedido o título de "Patrono da Nação Brasileira" ao herói da independência.