Atletas do Union Berlim celebram classificação inédita para a Liga dos Campeões (Foto: PictureAlliance/ Icon Sport)

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Em uma Alemanha amplamente dominada pelo Bayern há mais de uma década, as atenções do público naturalmente se voltam para outras histórias interessantes e imprevisíveis. Entre elas, nos últimos anos, está a fábula do Union Berlim, que saiu das profundezas da segunda divisão para se meter entre os grandes, mesmo sem orçamento compatível com seu objetivo.

A fórmula é ao mesmo tempo simples e complicada de se alcançar. Junte uma torcida apaixonada, um estádio acanhado e um time modesto que contrata apenas por necessidade e encaixe, aproveitando raras oportunidades de mercado. A soma desses fatores daria uma equipe honrosa de meio de tabela, mas não é nisso que o Union pensa. Depois de estrear em competições continentais indo longe no mata-mata, a equipe da capital alemã alcançou o impensável: a vaga na Liga dos Campeões.

Mesmo claudicante nas últimas rodadas, a equipe de Urs Fischer se recuperou antes do pior e venceu o Werder Bremen, neste sábado (27), por 1 a 0. A torcida presente no An der alten Försterei testemunhou uma partida tensa e relativamente movimentada. Para que a tarde terminasse em alta nota, foi preciso que Rani Khedira marcasse no segundo tempo e que as coisas não dessem errado no jogo entre Eintracht Frankfurt e Freiburg, adversário direto do Union pelo quarto posto.

Haja vista que o RB Leipzig já havia garantido sua presença na Champions, a batalha ficou resumida a Union e Freiburg. Para a festa da torcida berlinense, o Eintracht levou a melhor por 2 a 1, gols de Randal Kolo Muani e Junior Dina Ebimbe. Infelizmente para os Águias, o triunfo não serviu para alcançar o sexto posto, ocupado pelo Leverkusen, que se classificou para a Conference League.

A sensação em Berlim é não só de euforia com a estreia na Champions, mas também de alívio: passar todo o campeonato dentro do G4 e perder a vaga no final seria trágico demais. Cabe lembrar que, além de sua história de resistência dentro da Alemanha, o Union subiu para a elite da Bundesliga em 2019. Quatro anos depois, sempre evoluindo, o time chega ao principal torneio de clubes do mundo sem empinar o nariz ou apostar mundos e fundos para sustentar seu crescimento. Por esse motivo a boa fase é tão celebrada na cidade, em contraposição ao drama do Hertha, que fez o caminho inverso, gastou demais e hoje colhe frutos não muito positivos com o descenso à segunda divisão por conta de anos de caos administrativo.

Assim sendo, ficamos com uma parte superior da tabela recheada de boas histórias na Bundesliga. O campeão Bayern que levou o título no saldo de gols (!), o quase vencedor Dortmund que voltará a dormir na mesma cama fria do vice, Leipzig e Union classificados para a Liga dos Campeões. Em quinto, o Freiburg, que tem o longo trabalho de Christian Streich como destaque. Por fim, o Leverkusen de Xabi Alonso, semifinalista da Liga Europa, conseguiu como prêmio de consolo uma vaga na Conference, após campanha de recuperação na tabela por conta de um início pavoroso sob o comando de Gerardo Seoane.

Foto de Felipe Portes

Felipe Portes

Felipe Portes é zagueiro ocasional, cruyffista irremediável e desenhista em Instagram.com/draw.portes