Opositora impedida de assumir cargos públicos declara vitória em primárias na Venezuela

Venezuela

A oposição deflagrou uma competição para selecionar um candidato unificado capaz de enfrentar o presidente Nicolás Maduro, que pretende se candidatar a reeleição no próximo ano. A situação se agrava ainda mais com as constantes ameaças dos Estados Unidos de reverter a suspensão das sanções, caso não haja a anulação das medidas que proíbem a participação de determinadas figuras da oposição em cargos políticos.

Machado, que assumiu o compromisso de vender a empresa estatal de petróleo PDVSA se for eleito presidente, estava liderando com 93% dos votos contados, com mais de 26% das urnas apuradas até aproximadamente meia-noite de domingo (horário local), como informado pela comissão organizadora das eleições primárias.

Prevíamos que a contagem dos resultados, que sofreu atrasos por causa de um servidor bloqueado, pudesse seguir na segunda-feira. Não há clareza sobre o momento em que ocorrerá a próxima atualização dos dados.

A adesão às eleições, organizadas independentemente do governo, superou em mais de duas vezes a estimativa em determinados Estados, apesar da relocação dos pontos de votação, das extensas filas e da escassez de combustível e transporte público em algumas regiões.

Uma fotografia de Nicolás Maduro exibindo barras de ouro foi divulgada pela agência Reuters.

O concorrente mais próximo de Machado era Carlos Prosperi, um ex-legislador que detinha apenas 4,75% dos votos. Com 56 anos, Machado liderava as pesquisas com uma vantagem de aproximadamente 40 pontos sobre os seus oponentes.

No ano de 2015, as autoridades venezuelanas condenaram a indivídua em questão por supostamente não ter informado acerca de determinados favores que lhe foram oferecidos -- embora ela negue ter aceitado tais benefícios. O prazo de tal restrição estava prestes a expirar, mas o regime optou por prorrogá-la por motivos que serão explanados a seguir:

A prorrogação do veto a Machado, motivada por uma solicitação de José Brito, deputado aliado ao governo de Nicolás Maduro, ocorreu a partir da proibição de 2015. Brito faz parte da Assembleia Nacional, instituição legislativa que é controlada pelo partido governista.

Embora Machado possa participar das eleições primárias da oposição, que são realizadas sem o auxílio do governo, não será possível seu registro oficial junto às autoridades eleitorais para constar na cédula de votação das eleições presidenciais.

Na semana anterior, foi firmado um acordo político entre a oposição e o governo que permite que cada um dos lados escolha seu candidato por meio de regras internas, mantendo, no entanto, as desqualificações.

Apesar de libertar cinco indivíduos, na semana passada o governo de Maduro comunicou que aqueles que foram desqualificados não poderão se candidatar para as eleições de 2024.

A oposição tem manifestado relutância em relação à possibilidade de Machado ganhar as primárias, mas não poder concorrer em 2024, alegando que as desqualificações são irregulares.

Machado afirmou que poderia exercer pressão sobre as instituições eleitorais para conseguir sua inscrição, ao passo que alguns defenderam que será preciso optar por um substituto.

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