Venezuela x Guiana: o que acontece após referendo ser aprovado
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O plebiscito não tem força legal absoluta - ou seja, o Estado da Venezuela não está autorizado a incorporar a região, responsável por mais de 70% do território guianense, que por sinal é maior que o da Inglaterra, apenas com base no seu resultado. Ainda assim, a votação foi interpretada por Caracas como um passo significativo para consolidar seu poder sobre o território.
No dia 4 de janeiro, Nicolás Maduro, o líder da Venezuela, declarou que houve uma "grande vitória" por parte de um grupo de pessoas que ergueu a bandeira tricolor com as oito estrelas - símbolo da nação - de forma orgulhosa, elas brilharam como nunca antes.
No dia 3 de domingo, Maduro mencionou que o resultado da reivindicação fará com que o governo recupere o que os libertadores deixaram quando o território venezuelano era considerado originalmente do país e logo foi anexado ilegalmente pelo Reino Unido, que anteriormente colonizou a Guiana.
Tanto os líderes quanto os membros da oposição apontaram diversos fatores que sugerem que o resultado não é representativo da opinião pública.
Os observadores da Reuters foram aos postos de votação em todo o país e constataram que não havia filas significativas. Na cidade de Maracaibo, localizada no estado petrolífero de Zulia, os mesários afirmaram à Reuters que a presença nas urnas foi baixa.
A oposição na Venezuela alega que Maduro está usando a questão de Essequibo e o referendo como uma manobra diversionista para as eleições programadas para 2024.
Maria Corina Machado, a vencedora das prévias da oposição, foi proibida pela Justiça da Venezuela de se candidatar. Ela afirmou que Caracas pretende prolongar as discussões sobre as implicações da consulta popular e impedir outros candidatos de concorrerem contra Nicolás Maduro.
Até a última atualização deste relatório, ela não tinha feito qualquer declaração pública sobre o resultado do referendo.
Ao esclarecer a determinação unânime da Corte de Haia, a líder do tribunal, Joan Donoghue, expressou que as afirmações do governo venezuelano recentemente deixaram entender que Caracas está "adotando medidas para assumir o poder e gerir o território em questão".
No último domingo, o mandatário Luiz Inácio Lula da Silva discursou sobre o referendum e solicitou "raciocínio sensato".
A área conhecida como Essequibo está no centro de uma disputa entre a Venezuela e Guiana. Além disso, a fronteira do estado de Roraima, no Brasil, também é alvo de atenção constante. Representações em imagens foram criadas pelo portal G1 para facilitar a compreensão desse contexto.
A Raiz Do Dilema
Aprofunde sua compreensão acerca da disputa entre a Venezuela e a Guiana.
A disputa pelo território de Essequibo acontece entre Venezuela e Guiana há mais de cem anos. Já na virada do século 20, a Guina conquistou o controle daquela área. Essa região representa 70% do território atual do país e abriga 125 mil pessoas.
Na Guiana Essequiba, localizada na Venezuela, é possível encontrar uma área repleta de florestas densas. Foi em 2015 que petróleo foi identificado nessa região.
Calcula-se que a Guiana possua depósitos de 11 bilhões de barris, com a maior concentração estando localizada "offshore", próximo a Essequibo. O petróleo tem sido o catalisador do crescimento mais expressivo entre todos os países sul-americanos na Guiana nos últimos anos.
Tanto a Guiana como a Venezuela declaram possuir legitimidade sobre a área fundamentadas em acordos internacionais.
O governo liderado por Nicolás Maduro convocou um referendo para discutir a relação entre Venezuela e o território de Essequibo. O referendo contou com cinco questionamentos:
Você concorda com a formação do estado de Guiana Essequiba e a elaboração de um plano de assistência para os habitantes desse território, que ofereça a cidadania venezuelana e integre essa região ao mapa territorial da Venezuela?