Polícia suspeita da atitude dos seguranças que faziam escolta de homem executado em aeroporto de SP | São Paulo
Os quatro agentes de segurança alegaram que o veículo responsável por buscar o empresário no aeroporto apresentou problemas mecânicos durante o trajeto. Devido a esse imprevisto, somente um dos seguranças seguiu para garantir a proteção do assassinado, utilizando um carro diferente; enquanto isso, os outros três permaneceram no local onde o veículo havia apresentado a falha. A investigação está empenhada em esclarecer os eventos que realmente ocorreram.
Dado que Gritzbach era um alvo importante por ter denunciado atividades ilícitas do PCC, um investigador comentou à TV Globo que a decisão mais sensata teria sido abandonar o carro com problemas e enviar os quatro seguranças ao aeroporto para buscar o homem, em vez de apenas três deles ficarem guardando um carro supostamente danificado.
As autoridades se apropriaram do telefone do empresário no cenário do delito, na zona de desembarque do Terminal 2 do aeroporto. O dispositivo será submetido a uma análise técnica e poderá contribuir para as investigações por meio das mensagens que serão recuperadas e identificadas.
Os investigadores acreditam que Gritzbach estava sendo vigiado desde sua partida de Goiás, uma vez que os assassinos tinham conhecimento do horário em que ele chegaria. Suspeita-se que os criminosos foram informados sobre o instante da chegada para que pudessem realizar o ataque assim que ele saísse do terminal do aeroporto.
Homem é assassinado a tiros no Aeroporto Internacional de São Paulo.
Executado Revelou Ao MP Planos Do PCC
Nos seus relatos, o homem revelou detalhes sobre as operações do PCC, forneceu indícios de crimes perpetrados pela facção e se comprometeu a trazer mais informações. Assim, a principal hipótese atualmente é de que seu assassinato seja uma tentativa de eliminar provas, impulsionada por vingança.
Conforme apuraram as investigações, Vinicius chegou a exercer influência em grupos do PCC, inclusive participando de sessões do tribunal do crime — ocasiões em que se decide se um membro deve ser eliminado por traição à facção.
Homem é assassinado no Aeroporto Internacional de São Paulo. — Imagem: Acervo pessoal
Como A Execução Foi Realizada
Além dele, outras três pessoas ficaram feridas, sendo dois motoristas de aplicativo e uma mulher que estava na calçada do terminal. De acordo com os investigadores, eles receberam atendimento médico em estado grave.
Gritzbach foi socorrido pelos bombeiros, mas não sobreviveu aos ferimentos. Os disparos de fuzil calibre 7.65 foram efetuados por dois indivíduos dentro de um carro modelo Gol, de cor preta.
Um dos seguranças acompanhava o filho de Vinícius, que chegou ao aeroporto sem companhia. De acordo com as apurações, o empresário contava com quatro seguranças, todos policiais militares de São Paulo. Eles foram identificados e serão entrevistados, além de terem seus celulares confiscados.
A companheira do Vinicius saiu antes da polícia chegar, mas os agentes a reconheceram no início da noite e a conduziram ao DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), localizado no Centro de São Paulo.
Indivíduos próximos a Vinicius relataram de maneira informal aos investigadores que ele estava ciente de que inimigos estavam cientes de sua colaboração com o Ministério Público. Segundo as informações, o empresário temia pela sua segurança.
Os quatro seguranças estavam em um automóvel a caminho do aeroporto, mas o carro apresentou problemas durante o trajeto. Um dos homens acompanhou o filho do empresário até o Terminal 2, enquanto os demais permaneceram com o veículo em um posto de abastecimento.
Houve ainda outro tiroteio nas proximidades do Hotel Pullman, próximo ao aeroporto.
O Ministério Público de São Paulo informou que ofereceu diversas vezes proteção a Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, mas ele sempre rejeitou essa assistência. A defesa de Antônio Vinícius declarou que aguardará a conclusão das investigações antes de se pronunciar. Os suspeitos continuam em fuga.
Quem Foi Vinícius Gritzbach?
Vinicius Lopes Gritzbach, que foi assassinado no Aeroporto Internacional de São Paulo. — Imagem: Reprodução.
Antonio Vinicius Lopes Gritzbach atuava como corretor de imóveis no Tatuapé, na zona leste de São Paulo. Alguns anos atrás, ele começou a fechar negócios com Anselmo Bicheli Santa Fausta, que era conhecido como Cara Preta. Santa Fausta lidava com somas milionárias ao negociar drogas e armas para o PCC.
Cara Preta tinha o hábito de aplicar os lucros do crime em propriedades, mas enfrentava um obstáculo: não podia realizar as aquisições em seu próprio nome para evitar atrair a atenção das autoridades. Foi quando Vinicius surgiu com a alternativa ideal. Além de garantir imóveis de alto padrão, o corretor também cuidava de encontrar os “laranjas”, que ofereciam seus nomes para que Santa Fausta pudesse comprar os imóveis.
Cerca de cinco anos atrás, Vinícius apresentou uma nova proposta a Santa Fausta: o investimento em criptomoedas. Atraída pela suposta lucratividade desse tipo de aplicação, Santa Fausta teria confiado a Vinícius a quantia de R$ 200 milhões para que ele investisse. No entanto, em 2021, quando Santa Fausta precisou de uma parte do montante para iniciar a construção de um edifício, Vinícius começou a apresentar desculpas para não devolver o dinheiro. Os dois acabaram se envolvendo em uma discussão intensa, conforme relataram testemunhas.
Poucos dias depois, Santa Fausta e seu motorista foram mortos em uma armadilha no Tatuapé. De acordo com o Ministério Público, Vinicius foi o autor intelectual do assassinato. Ele teria ordenado a morte de Santa Fausta para evitar devolver o dinheiro.