Quem é Vinicius Gritzbach, empresário delator do PCC assassinado no Aeroporto de Guarulhos
Título: Manchetes sobre o Brasil e suas Cidades
Homem Morto Era Alvo De Grande Investigação De Lavagem De Dinheiro Em SP
8 de novembro de 2024 - 18h17
O empreendedor Antonio Vinicius Lopes Gritzbach se encontrava no epicentro de uma das mais significativas investigações já realizadas a respeito da lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC) em São Paulo, que abrange as atividades da organização criminosa na área do Tatuapé, na zona leste da cidade.
As circunstâncias começaram a se transformar quando apareceram os primeiros relatos sobre sua colaboração. Era a véspera do Natal de 2023, e o empresário ainda se encontrava em prisão domiciliar, quando um disparo de fuzil foi efetuado em direção a Gritzbach, que se encontrava na janela de seu apartamento no Tatuapé.
A tiros atingiu a janela dele, mas não acertou o alvo. Naquele período, ele estava em tratativas para firmar um acordo de colaboração com os promotores do Grupo de Atuação Especial e Combate (Gaeco). A proposta de colaboração foi apresentada pela defesa em setembro de 2023. O Gaeco aceitou a delação, e o acordo foi homologado pela Justiça em abril de 2024.
O empresário decidiu expor sua perspectiva sobre as operações do crime organizado dentro do futebol. Um de seus adendos é o que ele denomina PCC Futebol Clube. Gritzbach também forneceu documentos relacionados a quatro projetos da construtora Porte Engenharia e Urbanismo localizados no Tatuapé.
A área é onde a liderança do PCC tem adquirido propriedades e desfrutado de uma vida repleta de comodidades, conforme revelam matérias do Estadão. A empreiteira está sendo investigada pelo Ministério Público Estadual, sob a suspeita de ter negociado mais de dez imóveis com traficantes de drogas associados ao PCC na localidade do Tatuapé.
De acordo com as informações obtidas por meio da delação premiada, dirigentes da Porte teriam recebido pagamentos em dinheiro por propriedades e estavam cientes de que os bens eram registrados de forma a ocultar o nome do verdadeiro proprietário. Os criminosos também teriam realizado lavagem de dinheiro ao adquirir imóveis na Riviera de São Lourenço, localizada no litoral norte do estado. Ademais, existem suspeitas de que eles pagaram propinas de altos valores a policiais civis.
Na ocasião, ao ser contactada pelo Estadão, a Porte Engenharia informou que Gritzbach se desligou da empresa em 2018 e alegou não ter conhecimento de que entre os clientes do ex-colaborador estivessem indivíduos associados ao crime organizado. A empresa também afirmou que não teve "acesso ao documento da delação" e garantiu que está em conformidade com a legislação. Nesta sexta-feira, a construtora declarou que "continua disponível para colaborar com as investigações em andamento".
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirmou que toda irregularidade cometida por agentes será investigada de forma "estrita".
Na sua colaboração, Gritzbach afirmou que conheceu os membros da facção durante suas atividades profissionais na Porte, através de um corretor de imóveis, em decorrência da negociação de dois apartamentos na região.
O delator forneceu aos promotores reproduções de conversas trocadas com executivos da Porte. Gritzbach chegava a receber R$ 1 milhão em comissões mensais. Com um mandado de morte emitido pela organização criminosa, Gritzbach estava ciente de que sua vida estava em risco.
Ele mesmo revelou aos promotores sobre a recompensa e indicou ao Gaeco o nome de quem estaria envolvido na elaboração de seu assassinato. Em janeiro, o empresário afirmou ao Estadão que era alvo de uma conspiração financiada por policiais corruptos que seriam os reais contratantes da morte de Cara Preta.
Conexão Com O Futebol
Os promotores do Ministério Público Estadual (MPE) de São Paulo estão analisando mensagens, contratos e o testemunho do empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, que denunciou líderes de empresas que gerenciam a carreira de jogadores de futebol por supostamente estarem envolvidos em lavagem de dinheiro do PCC. No momento, os crimes sob investigação não estão relacionados a atletas, dirigentes ou clubes, mas o Gaeco está investigando se a fonte dos recursos utilizados nas transações de jogadores provém do tráfico de drogas.