Putin faz proposta inédita para colocar fim à guerra; Ucrânia e Otan rejeitam
Na sexta-feira (14), o líder russo Vladimir Putin afirmou que a Rússia estaria disposta a um cessar-fogo imediato e iniciar negociações sobre a guerra na Ucrânia, caso o país retire suas tropas das regiões de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporozhye, que foram anexadas pelos russos durante o conflito, e também não manifeste interesse em ingressar na Otan. Entretanto, a proposta foi prontamente recusada por Kiev.
Na iminência do início da cúpula de paz sobre a guerra da Ucrânia, que acontecerá na Suíça nos dias 15 e 16 de junho, uma afirmação foi emitida. O evento terá como tema as condições da capital ucraniana para o término do conflito. Não foi concedido um convite para a conferência à Rússia.
As exigências são bem claras: as forças militares da Ucrânia devem se retirar completamente das áreas das Repúblicas Populares de Donetsk, Lugansk, bem como das regiões de Zaporozhye e Kherson. É importante ressaltar que essa retirada precisa abranger todo o território das regiões, conforme suas fronteiras administrativas na época em que foram incorporadas à Ucrânia - afirmou.
Durante uma reunião com líderes do Ministério das Relações Exteriores, Putin afirmou que ordenará imediatamente um fim às hostilidades e iniciará as negociações assim que Kiev declarar prontidão para uma retirada efetiva de suas tropas dos territórios das regiões de Donetsk, Lugansk, Zaporozhye e Kherson. Ele enfatizou que isso deve ser acompanhado pela recusa da Ucrânia em aderir à Otan.
O líder russo enfatizou que é necessário que as forças ucranianas abandonem integralmente as áreas mencionadas no leste da Ucrânia. Estas regiões foram anexadas por Moscou em setembro de 2022 e integradas à sua constituição. No entanto, a Rússia apenas exerce um controle parcial sobre as áreas anexadas.
Em relação à sugestão da Ucrânia de desistir de se unir à Otan como condição para a finalização da guerra, o líder russo requisitou que Kiev fosse um "país neutro, independente e desprovido de armamentos nucleares", como também que assegurasse os direitos dos cidadãos que são simpatizantes da cultura russa no país vizinho.
Concomitantemente, a Rússia assegura a retirada desimpedida e segura das equipes e grupos militares ucranianos. O líder russo sublinhou que a capital moscovita está pronta para iniciar negociações "imediatamente". Além disso, o presidente admoestou que, se Kiev e o Ocidente dispensarem a proposta de paz, as situações porvir serão distintas. Por conseguinte, as circunstâncias no local de confronto "seguirão se alterando, desfavoravelmente para o governo de Kiev".
Em contrapartida, a Ucrânia rejeitou as sugestões de Putin como sendo "inválidas". De acordo com o assessor do comandante do escritório do presidente da Ucrânia, Mikhail Podolyak, essas condições são "um modelo clássico do agressor", as quais são "altamente detestáveis no que diz respeito ao direito internacional" e demonstram "a incapacidade da atual liderança russa em avaliar os fatos de forma adequada".
Os defensores ocidentais da Ucrânia também censuraram as exigências aduzidas pelo chefe de estado russo. Segundo o líder da OTAN, Jens Stoltenberg, "não cabe à Ucrânia remover as tropas do território ucraniano, ao invés disso, cabe à Rússia remover as suas tropas das áreas ucranianas que ocuparam".
O líder da organização militar declarou que as ideias apresentadas por Putin não configuram uma oferta de paz, mas uma tentativa de "avançar na agressão e ocupação". "Isso deixa evidente que a intenção da Rússia é dominar a Ucrânia, o que tem sido o objetivo desde o início do conflito, e representa uma violação grave do direito internacional. Isso explica por que os membros aliados da Otan seguem apoiando a Ucrânia".