Publicitário Washington Olivetto morre aos 73 anos | CNN Brasil

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Washington Olivetto

O publicitário Washington Olivetto faleceu neste domingo (13) no Rio de Janeiro. A notícia foi confirmada pela sua equipe de comunicação.

Washington Olivetto - Figure 1
Foto CNN Brasil

O Hospital Copa Star, onde o publicitário esteve internado, divulgou uma nota expressando pesar pela morte e manifestando solidariedade à família e aos amigos. No entanto, não foi permitido compartilhar mais informações.

O publicitário, que contava com 73 anos, foi o criador de algumas das campanhas mais memoráveis do país.

Olivetto veio ao mundo em 1951 e mora no bairro da Lapa, em São Paulo. Em uma entrevista realizada em 2008, ele compartilhou que uma das suas motivações para seguir a profissão de publicitário foi seu pai, que trabalhava como vendedor.

Aos 17 anos, iniciou o curso de publicidade na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), mas não completou a formação. Sua trajetória profissional teve início em 1969, aos 18 anos, quando foi contratado como redator em uma agência de publicidade. Cinco anos depois, conquistou seu primeiro Leão de Ouro.

No entanto, o destaque de sua trajetória profissional se consolidou em parceria com os sócios Javier Llussá Ciuret e Gabriel Zellmeister, com os quais Olivetto estabeleceu a agência W/Brasil em 1986.

Uma das propriedades mais notáveis de suas criações era a musicalidade. Em anúncios para a marca de sandálias Grendene Rider, Olivetto incorporou a voz de músicos como Jota Quest e, em diversas situações, de Tim Maia. Em duas dessas campanhas, “o síndico” apareceu com os hits “Descobridor dos Sete Mares” e “Como Uma Onda”, esta última de Lulu Santos.

A agência também inspirou o título de uma música de Jorge Ben Jor, chamada “W/Brasil (Chama o Síndico)”. Essa composição surgiu a partir de um diálogo entre Olivetto e Ben Jor durante uma festa da empresa, prestando tributo a Tim Maia.

No entanto, sua admiração provinha de campanhas memoráveis que obtiveram reconhecimento a nível internacional.

No vídeo "Hitler" (1989), produzido para a Folha de S.Paulo, o debate se concentra em como verdades parciais podem distorcer a informação. Enquanto isso, em "Primeiro Sutiã" (1987), realizado para a Valisère, a campanha abordou temas sensíveis e procurou desmistificar o diálogo sobre puberdade e desenvolvimento feminino.

Os dois são os únicos anúncios brasileiros escolhidos pela jornalista americana Berneci Kanner na relação dos 100 maiores anúncios da história.

Durante sua trajetória profissional, ele recebeu mais de 50 Leões no Festival de Publicidade de Cannes, somente na categoria "Filmes", conforme informações disponibilizadas em seu site oficial.

Olivetto foi o idealizador de importantes anúncios publicitários. Ele é o responsável pela criação do icônico "garoto Bombril", que estrelava as campanhas da marca e era interpretado pelo ator Carlos Moreno.

Além disso, a campanha foi registrada no Guinness como a publicidade que permaneceu no ar por mais tempo na história da propaganda global. Em 2004, ao concluir o contrato com a Bombril, Moreno havia gravado 337 anúncios para a empresa.

Em 1994, o publicitário desenvolveu a campanha do "cachorrinho da Cofap" para a marca de suspensões.

Com uma trajetória marcada por quase mil reconhecimentos, a W/Brasil se destacou como a maior agência em termos de faturamento no Brasil e uma das mais renomadas globalmente. Olivetto, por sua vez, é o único publicitário não anglo-saxônico a ser homenageado no Hall da Fama do The One Club de Nova Iorque, além de ter recebido o prêmio de Contribuição Vitalícia.

A empresa já teve filiais nos Estados Unidos, na Espanha e em Portugal.

Em 2010, a renomada agência publicitária americana McCann Erickson, um dos maiores grupos de publicidade do planeta, declarou sua fusão com a W/Brasil, que então passou a ser chamada de W/McCann, onde assumiu a presidência do conselho. Ao ser constituída, a nova marca se destacava como uma das cinco principais agências do Brasil e a maior do estado do Rio de Janeiro.

Outro momento marcante em sua trajetória ocorreu em 1981, quando Olivetto participou do movimento que estabeleceu a Democracia Corinthiana, que desafiou a Ditadura Militar no fim do regime. Em 2013, as Gaviões da Fiel prestarão uma homenagem a ele durante um desfile de Carnaval, cujo tema abordava a história da publicidade no Brasil.

Em dezembro de 2001, Washington Olivetto foi interceptado em uma falsa operação policial na cidade de São Paulo. O grupo, liderado por um chileno, manteve o publicitário sequestrado por um período de 53 dias.

Durante os quase dois meses de cativeiro, os sequestradores mantiveram comunicação com a família para discutir um pagamento de milhões em troca da libertação da vítima.

O grupo se comunicava por meio de mensagens ocultas em entregas dirigidas à residência de Olivetto, como arranjos florais, latas de tinta e até mesmo um pacote de medicamentos.

Olivetto foi solto após uma queda de energia no Brooklin. Os sequestradores suspeitavam que a falta de luz era, na verdade, parte de uma ação planejada pela polícia. Como resultado, decidiram deixar o cativeiro e abandonaram o publicitário na residência.

Ao ouvir os pedidos de ajuda dele, uma residenta da casa ao lado finalmente ligou para a polícia e Olivetto foi salvaguardado. Todos os participantes do sequestro foram detidos.

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