Wikileaks revelou espionagem dos EUA sobre Dilma Rousseff e integrantes de seu governo

25 Junho 2024
Wikileaks

Nesta terça-feira (25), o presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva (PT) expressou sua felicidade com a soltura do jornalista Julian Assange, criador do site Wikileaks, que é australiano.

"Atualmente, o panorama global apresenta uma melhora significativa e menos desigualdade. Julian Assange foi libertado após passar 1.901 dias na prisão. Sua soltura e seu regresso ao lar, embora tardios, simbolizam uma conquista democrática e uma vitória na batalha pela liberdade de imprensa", afirmou o presidente do Brasil em um comunicado compartilhado em suas plataformas online.

Desde que assumiu o cargo em janeiro de 2023, Lula tem se destacado como uma das principais vozes em favor da libertação de Assange. Um dos documentos divulgados pelo Wikileaks ao longo de mais de dez anos impactou diretamente a política externa do Brasil: a exposição de documentos que confirmavam a espionagem contra a ex-presidenta Dilma Rousseff.

No mês de julho de 2015, o portal Wikileaks, criado por Julian Assange, divulgou uma relação contendo os nomes de 29 membros do governo brasileiro, incluindo a então presidente Dilma Rousseff, que estavam sob vigilância constante pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA) desde o ano de 2011.

A Agência de Segurança Nacional monitorou 10 linhas telefônicas que estão diretamente associadas a Dilma Rousseff, incluindo telefones fixos de escritórios e celulares pertencentes ao seu assistente pessoal, Anderson Dornelles, além de ministros como Antonio Palocci.

Os segredos vieram à tona em um período em que Dilma estava restabelecendo os laços com o governo do presidente Barack Obama, após as informações divulgadas por Edward Snowden em 2013 indicarem que a presidente brasileira estava sendo monitorada pela NSA. Naquela primeira semana de julho de 2015, a chefe de Estado realizou sua primeira visita oficial aos Estados Unidos, viagem que havia sido cancelada após as revelações feitas por Snowden em 2013.

A Presidência da República, por meio de sua Secretaria de Comunicação, declarou que a presidente considera que a questão foi resolvida. Dilma reafirmou sua confiança no presidente Obama e no compromisso que ele assumiu. Ambos os países, Estados Unidos e Brasil, fortalecerão cada vez mais sua parceria estratégica, fundamentada no respeito mútuo e no progresso de suas populações, conforme afirmou o gabinete da Presidência da República.

Assim, refugiado na embaixada equatoriana em Londres, Assange declarou em um comunicado que as atividades de espionagem do governo dos Estados Unidos não haviam sido interrompidas naquele instante, apesar das promessas feitas por Obama ao governo brasileiro.

Assange questionou como a presidente Rousseff pode assegurar às empresas brasileiras que suas concorrentes americanas não terão vantagem devido à espionagem, se ela realmente quer mais investimentos dos EUA no Brasil após sua recente visita. Até que ponto ela pode garantir que a vigilância cessou - não apenas sobre ela, mas em todas as questões relacionadas ao Brasil?

Na segunda-feira (24), Assange foi libertado da prisão de alta segurança em Londres, onde esteve detido por mais de cinco anos, e partiu em direção às Ilhas Marianas, onde uma audiência deve confirmar sua liberdade. Depois de passar um curto período no território dos Estados Unidos no Oceano Pacífico, as ilhas estão mais próximas da Austrália do que da América continental, onde o jornalista será solto e poderá retornar ao seu país natal, a Austrália.

Durante o período de 2010 a 2011, diversos renomados jornais internacionais veicularam extensas reportagens sobre os abusos cometidos por militares dos Estados Unidos no Iraque e Afeganistão. Entre os 250 mil documentos vazados pelo WikiLeaks, havia informações sobre práticas de tortura do Exército em Guantánamo.

Ao revelar esses delitos, o repórter Julian Assange foi alvo de perseguição por parte do governo dos Estados Unidos. Inicialmente, foi acusado por um crime sexual frágil - posteriormente retirado - o que o forçou a buscar refúgio na embaixada do Equador em Londres. Durante sete anos, ele permaneceu em um pequeno e abafado aposento, acompanhado por um gato e recebendo a visita de diversas personalidades. No entanto, em 2019, ele acabou sendo detido.

A partir desse momento, surgiram preocupações quanto à possibilidade de extradição para os Estados Unidos, onde poderia enfrentar uma sentença de até 175 anos de prisão.

No final de 2022, os periódicos que divulgaram os documentos sigilosos do WikiLeaks em 2010 - The Guardian britânico, The New York Times dos Estados Unidos, El País espanhol, Le Monde francês e Der Spiegel alemão - solicitaram em uma carta que os Estados Unidos retirassem as acusações contra Assange.

No dia seguinte, Lula, que já tinha sido eleito presidente, uniu-se ao clamor: "Assange deve ser libertado de sua prisão injusta". Compreenda o conteúdo das revelações feitas por Assange e os motivos pelos quais ele está sendo alvo de tanta perseguição.

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