Roupa branca obrigatória em Wimbledon surgiu no século 19 e ...

3 Julho 2023

Tradição se tornou regra rígida que já pegou nomes como Roger Federer

Tenista Alcaraz usa branco em Wimblebon Ryan Pierse/Getty Images

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Foto GQ

Ser o mais antigo dos quatro Grand Slams faz de Wimbledon um evento tradicionalista, especialmente quando assunto é o código de vestimenta. Todos os tenistas que pisam na grama devem usar branco, dos pés à cabeça, em determinação que data de seus primórdios.

Este é um torneio da Era Vitoriana, que começou ainda de forma amadora em 1877. Na época, os esforços eram por um visual distinto, adequado, sem grandes manchas de suor, e a solução encontrada para isso foram os looks brancos, que esquentam menos e deixariam menos evidentes as “pizzas” embaixo do braço.

Isso, porém, passou a ser levado mais a sério em 1963, quando o “predominantemente branco” passou a constar nas regras. Algumas décadas depois, em 1995, a norma passa a ser “quase inteiramente branco”, passando a incluir os acessórios em 2014.

Wimbledon - Figure 2
Foto GQ

Ao todo, o atual livro de regras de vestimenta em Wimbledon tem dez itens, com um asterisco, válido a partir deste ano: mulheres podem usar roupa de baixo em cor escura, evitando problemas no período menstrual. A mudança foi uma conquista do público feminino, anunciada ao final do ano passado.

Roger Federer atuando em Wimbledon de 2013; suíço levou bronca na ocasião por solado laranja — Foto: Ben Radford/Corbis via Getty Images

De resto, detalhes coloridos são bem regrados, podendo estar nas mangas, costuras e gola com no máximo 1 cm, mesma coisa para bonés e faixas. Cores creme ou off white? Nem pensar, essa é a regra número dois. Até cadarços e solas dos sapatos devem ser brancos, coisa que rendeu bronca para Roger Federer em 2013, que usou solado laranja e reclamou das regras “muito rígidas”.

Wimbledon - Figure 3
Foto GQ

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O tenista australiano Nick Kyrgios ficou conhecido no ano passado por quebrar o código de vestimenta duas vezes na mesma edição, sendo multado por usar tênis e boné vermelhos. Perguntado sobre o assunto, ele disse: “Faço o que eu quiser”.

Novak Djokovic (esq.) e Nick Kyrgios na final de Wimbledon em 2022 — Foto: Julian Finney/Getty Images

A insatisfação com as regras não é de hoje e motivou boicote do estadunidense Andre Agassi por três anos, entre 1988 e 1990. No período fora, ele chegou a duas semifinais e uma final do US Open, além de ser finalista de Roland Garros duas vezes. Em 1992, no segundo ano de retorno a Wimbledon, ele foi campeão.

Wimbledon - Figure 4
Foto GQ

“Eu me ressinto de regras, mas especialmente de regras arbitrárias. Por que devo usar branco? Eu não quero usar branco. Por que deveria importar para essas pessoas o que eu visto?”, escreveu em sua autobiografia de 2009.

Iga Świątek com laço de solidariedade à Guerra da Ucrânia, em Wimbledon — Foto: Robert Prange/Getty Images

Algumas exceções foram feitas nos últimos anos, com protestos contra a guerra entre Rússia e Ucrânia. Um ano atrás, as ucranianas Lesia Tsurenko e Anhelina Kalinina tiveram permissão para incluir uma fita azul e amarela em seus looks, em solidariedade à causa. A polonesa Iga Świątek, número 1 do mundo, também aderiu, tanto em 2022 quanto em 2023.

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