WSL: saiba o que os brasileiros precisam para chegar ao Finals

22 Junho 2024
WSL

Gabriel Medina conquista nota 7,50 na competição de El Salvador da Liga Mundial de Surfe (WSL).

O grupo chegou motivado pelos resultados nas competições de El Salvador e Taiti, onde conquistaram ótimas colocações e foram os surfistas que mais avançaram no ranking. Após a fase de cortes, com Italo em 15º, Medina em 19º e Yago em 22º, parecia que pela primeira vez na história do Finals não teríamos representantes do Brasil, que venceu todas as etapas deste formato polêmico até então.

Não subestimem os competidores brasileiros no Tour. Chegamos com força em Saquarema, com Medina em sexto, Italo em sétimo e Yago em oitavo. No entanto, será possível que os três se classifiquem para as finais? Eu acho bastante improvável. O líder John John Florence já está garantido matematicamente e é quase impossível que Jack Robinson e Griffin Colapinto percam seus lugares no Top 5. Restam as vagas ocupadas atualmente por Ethan Ewing e Jordy Smith, quarto e quinto, respectivamente. O australiano está em uma posição um pouco mais confortável, mas o sul-africano não pode relaxar, senão perderá seu lugar para um dos brasileiros.

A discrepância entre Jordy e Yago, o oitavo colocado, é de meros 1135 pontos e qualquer surfista brasileiro consegue ultrapassar Jorjão se finalizar à frente dele em Saquarema. Para garantir a posição dele, basta ganhar uma bateria extra nas duas últimas etapas. Em relação ao Ethan, a diferença é de pelo menos duas fases para superar o surfista australiano.

Yago Dora competindo em El Salvador, na sétima etapa do WSL — Fotografia feita por Aaron Hughes.

Vamos transformar em números para tentar compreender a situação. Nos últimos dois anos, o circuito teve dez etapas antes do Finals, mas agora serão apenas nove. Por isso, resolvi verificar as pontuações do quinto colocado em 2022 e 2023 após nove etapas. No ano passado, Yago ocupava o quinto lugar, com 36.865 pontos e, na temporada anterior, Griffin Colapinto fechava o Top 5 com 36.800 pontos. De forma surpreendente, ambos perderam suas posições e ficaram fora do Finals após a última etapa, no Taiti. Jack Robinson e Kanoa Igarashi, respectivamente, garantiram suas vagas.

Notei uma diminuição significativa na concentração de pontos entre os cinco primeiros. No ano passado, por exemplo, os cinco melhores somavam 181.960 pontos, contra 154.925 após sete etapas. Essa distribuição mais equilibrada dos pontos ajuda a explicar por que a linha de corte subiu de 9.600 para mais de 11 mil pontos e pode sugerir que o limite para permanecer no Top 5 talvez reduza um pouco. Em 2023, após sete etapas, a diferença entre o quinto e o décimo colocado era de 5.990 pontos. Este ano, apenas 2.850 pontos separam Crosby Colapinto, o décimo, de Jordy.

De qualquer modo, vou considerar os aproximadamente 36.800 pontos como referência para, no mínimo, estar na disputa pela vaga. Robinson e Griffin, com dois nono lugares ou até mesmo um 17º e um quinto nas últimas duas etapas, devem se classificar. Isso implica em vencer duas baterias, combinando as duas etapas. É improvável que não consigam, pelo desempenho no surfe demonstrado durante o ano todo. É importante lembrar que após o corte, com apenas 24 surfistas, perder na repescagem significa um 17º lugar e 1320 pontos no ranking. Vencer uma bateria, seja na fase inicial ou na repescagem, já garante a nona posição e 3320 pontos.

Griffin Colapinto conquista uma pontuação de 9.43 na primeira bateria das oitavas de final da competição em El Salvador.

É evidente que aqueles que disputam essa competição não podem simplesmente aceitar a derrota em Saquarema, para evitar a necessidade de vencer ou chegar pelo menos à final em Fiji. Um exemplo disso é Ethan Ewing, que, se for eliminado na repescagem, precisaria pelo menos do segundo lugar em Cloudbreak para alcançar os 36.380 pontos.

A matemática é um tanto complicada para os surfistas brasileiros. O 17º lugar pode significar o fim das chances de chegarem ao Finals, já que seria necessário buscar a vitória na última etapa. Ou seja, em Saquarema, no mínimo, precisam vencer uma bateria e alcançar o nono lugar, o que implicaria na obrigação de vencer a etapa seguinte para superar os desempenhos dos anos anteriores. Para aqueles que almejam chegar em Fiji na briga por Trestles, é fundamental chegar, no mínimo, até as quartas de final em Itaúna, conquistando assim o quinto lugar. Mesmo assim, seria necessário chegar a uma semifinal para ultrapassar a marca dos 36.000 pontos.

Analisando as necessidades individuais para alcançar a pontuação dos anos anteriores, parece que podemos ter uma redução no total de pontos. Após Saquarema, teremos um panorama mais claro.

Vamos até o mar e conversar um pouco sobre Saquarema e o desempenho dos competidores que lutam pelas duas vagas no Finals, nos cinco anos em que a etapa brasileira aconteceu em Itaúna. Yago, atual campeão, com pontuações máximas no CT e no QS (venceu em 2021), é sem dúvida o surfista com o melhor histórico em Itaúna. Em 2017, surpreendeu o mundo ao derrotar campeões como Medina, John John e Mick Fanning para chegar em terceiro lugar, perdendo apenas para o campeão Adriano de Souza. Em termos de percentual de vitórias, o oitavo colocado no ranking só fica atrás de Filipinho Toledo, campeão em 2019, 2021 e 2023, que possui incríveis 90,5% de baterias vencidas. Yago está em segundo lugar, com 72,7%.

Medina e Ítalo ainda buscam alcançar a vitória no Brasil. Ítalo competiu em Saquarema quatro vezes e teve seu melhor desempenho em 2022, quando chegou à semifinal e foi derrotado por Filipinho. No ano passado, ele ficou em nono lugar, e também teve um 17º lugar em 2019 e um 13º em 2018, quando foi eliminado por Yago. Por outro lado, Medina obteve seus melhores resultados em 2018 e 2019, terminando em quinto lugar nos dois anos. Nas duas últimas temporadas, foi eliminado na repescagem e conquistou o 17º lugar. Além disso, teve um nono lugar em 2017, sendo derrotado por Yago em Itaúna.

Italo Ferreira conquistou o título em Teahupoo, no Taiti, pela WSL - Foto: WSL

Ambos competidores já alcançaram a segunda colocação em Itaúna, despertando o interesse dos brasileiros. No ano passado, Ethan Ewing ficou em segundo lugar atrás de Yago, enquanto Jordy perdeu a final para Filipinho em 2019. Em 2022, o australiano foi derrotado por Yago nas oitavas de final, terminando em nono lugar. Sua outra participação foi em 2017, quando ficou em 17º. Jordy, por sua vez, além do segundo lugar, tem um nono lugar em 2023, um 17º em 2022, um 13º em 2018 e um quinto lugar em 2017.

Estamos nos concentrando nos líderes, no entanto, os brasileiros devem ficar de olho também em dois competidores que estão em nono e décimo lugar. Jake Marshall e Crosby Colapinto, se tiverem um bom desempenho em Saquarema, podem surpreender nesta competição.

Diante de todos esses números, em quem você apostaria? Fiz essa pergunta em duas enquetes no eX-Twitter. Uma delas tinha um olhar positivo, perguntando quais surfistas se classificariam, com a opção de os três entrarem. A dupla Medina/Yago obteve 52% dos votos, Medina/Italo teve 38%, Italo/Yago apenas 1% e os três juntos 9%. Já na outra enquete, queria saber se escolhessem apenas um surfista, com a possibilidade de não escolher nenhum. Medina foi o mais votado disparado, com 80%, Yago ficou em segundo com 10%, Italo em terceiro com 8% e nenhum teve apenas 2% dos votos.

As competições em Saquarema e Fiji contribuem para esclarecer esses dados. Yago tem uma forte ligação com Itaúna, enquanto que Medina reina absoluto em Cloudbreak.

Para não me limitar apenas à pesquisa e à minha opinião, consultei Pedro Robalinho, que acompanhou de perto o circuito por ser treinador de Imaikalani De Vault, surfista que não está na disputa. O brasileiro, que reside em Maui e trabalha com surfistas locais, inclusive jovens atletas há alguns anos, concorda que há somente duas vagas em jogo.

Jordy e Ethan estão em uma situação perigosa. Se não saírem bem dessa, será o fim para eles. Vejo Gabriel muito próximo do Top 5. E ele realmente merece, devido às dificuldades que enfrentou no caminho. Ele perdeu algumas baterias muito disputadas, nas quais ele deveria ter vencido pelo menos duas. Yago é o favorito no Brasil e se ele se sair bem, poderá chegar ao top 5. Acredito que a competição será entre os três, com Medina e Yago como favoritos, principalmente devido à maior aceitação dos juízes em relação ao estilo de surfe deles em comparação com o de Ítalo. Ítalo venceu em Teahupoo porque é um pico de tubos, mas quando envolve manobras, os juízes se tornam muito criteriosos e não valorizam tanto.

Vocês devem estar se perguntando por que ainda não mencionei a Tatiana Weston-Webb. A situação da Tati é bastante complicada, pois a distância que a separa da quinta posição é considerável. Além disso, com poucas competidoras na disputa após o corte, apenas dez, fica muito difícil subir de posição. Ela tem chances, mas precisará de resultados excepcionais, como um título e uma semifinal ou duas finais. Espero que antes de Fiji eu esteja calculando as possibilidades de a Tati se classificar para Trestles.

Tati Weston-Webb competindo em El Salvador — Fotografia: WSL

Além disso, não podemos esquecer de João "Chumbinho" Chianca e Samuel Pupo, que também são surfistas experientes nas ondas de Saquarema (Samuca foi vice-campeão em 2022). Eles são os wildcards e podem surpreender os líderes do ranking. Seria ideal se os três primeiros avançassem para a próxima fase, enquanto Ethan e Jordy fossem para a repescagem e tivessem que enfrentar Chumbinho e Samuel. Claro, teríamos que torcer para que os brasileiros também caíssem para a repescagem.

Breve Navegação Por Baterias:

Mesmo estando em segundo lugar no ranking, Jack Robinson está sendo desafiado por Samuel na disputa pelo favoritismo na bateria. Samuel surfa de maneira excepcional em Itaúna, enquanto Robinson pode enfrentar dificuldades devido às condições do mar e à possibilidade de backwash. Seth está um passo atrás.

A bateria está muito disputada, mesmo com a presença de JJ Florence. Chumbinho é um especialista em Itaúna e sabe aproveitar as ondas do local. Quando as direitas para o canal aparecem, ele se torna ainda mais temível. John John e Ramzi também já se saíram bem em Saquarema, mas com a previsão de ondas fracas no domingo, a minha aposta vai para o surfista brasileiro.

Apesar do desempenho imprevisível em Itaúna, a possibilidade de conquistar uma vaga em Trestles pode ser um ponto a favor de Medina, em uma bateria desafiadora. Tanto Rio quanto Fioravante demonstram habilidades nas ondas semelhantes às de Itaúna.

A disputa pela bateria deve acontecer entre Italo e Crosby, que vem surfando muito bem e ainda tem chances de chegar às finais em Trestles. Liam O'Briem precisa de ondas mais desafiadoras para mostrar todo o seu talento no surfe.

Yago é o principal candidato, sem sombra de dúvidas, porém é importante ficar de olho em Jake Marshall. O competidor americano está tendo uma temporada excepcional e ocupa a nona posição no ranking, tendo chances reais de se classificar para o Finals.

Medina pontua 10.00 na competição em Teahupoo.

Tainá conquistou uma etapa do QS em Itaúna, Tati terá o suporte da torcida e Caitlin possui uma capacidade incrível de se adaptar a qualquer situação. Embora teoricamente a líder do ranking americana seja a favorita, nada é garantido e tudo pode mudar.

Assim como Tainá, Sophia já conquistou uma etapa do QS em Saquarema, porém a missão dela é bem difícil. Tem progredido bastante no CS, mas ainda está alguns degraus atrás de Caroline e Bettylou, que são as principais candidatas. No entanto, se as condições do mar estiverem complicadas, a surfista brasileira pode surpreender com sua experiência na onda, especialmente se tiver algumas direitas.

A atleta do Brasil foi convidada para participar da competição de elite em Saquarema pela primeira vez. A bateria promete ser disputada e Luana tem boas oportunidades de se destacar.

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