A visita de Xi Jinping e a conexão Bahia/China
Divulgado na quinta-feira, 21 de novembro de 2024, às 5h20 | Redator: Armando Avena - A TARDE
Leia A Coluna Do Economista Armando Avena
O líder chinês, Xi Jinping, teve uma reunião com o presidente Lula - Imagem: EVARISTO SA / AFP
Nesta quarta-feira, o dirigente da China, Xi Jinping, se reuniu com o presidente Lula em um encontro bilateral inédito, o que é extremamente benéfico para a Bahia. Estou redigindo este artigo antes da reunião, por isso ainda não posso avaliar os acordos que foram firmados. No entanto, é possível afirmar que, do ponto de vista brasileiro, a visita irá elevar as relações comerciais entre o Brasil e a China a um novo patamar. Em termos da economia nacional, já foram negociados acordos nas áreas de finanças, infraestrutura, cadeias produtivas, desenvolvimento sustentável e tecnologia, além da integração entre a China e a América do Sul. Para a Bahia, a visita de Xi Jinping vai criar mais oportunidades de negócios com a China, que já é nosso principal parceiro em comércio e investimentos.
A relação entre a Bahia e a China já pode ser analisada em diferentes áreas. No comércio internacional, a China se destaca como o principal comprador de produtos baianos, com quase 30% das nossas exportações direcionadas ao país entre janeiro e outubro de 2024. Desde a visita do presidente Lula à China em 2004, as exportações baianas para lá quase triplicaram e atualmente ultrapassam a soma das vendas feitas pela Bahia para seus quatro principais parceiros comerciais – Singapura, Estados Unidos, Canadá e Espanha. As exportações da Bahia para a China são superiores ao total enviado a todos os países da União Europeia e são bem diversificadas, abrangendo soja, celulose, algodão, além de uma variedade de outros produtos, como óleo combustível, químicos, petroquímicos, calçados, carne bovina e ferro. A Bahia se destaca como o estado nordestino que mais exporta para a China, ocupando o 10º lugar entre os estados brasileiros com maiores vendas para os chineses.
Além das atividades de comércio internacional, a Bahia se tornou um local significativo para investimentos chineses em diversas áreas, incluindo produção de veículos elétricos, agronegócio, infraestrutura, indústria, painéis solares, energias renováveis e muito mais. Vale ressaltar também a ponte Salvador/Itaparica, cuja construção já conta com um contrato firmado com empresas chinesas.
Outro aspecto que reforça a ligação entre a Bahia e a China é a logísticia. O navio MSC Orion, que chega ao Porto de Salvador, já criou a rota Bahia/Ásia e, com seus 366 metros de comprimento, pode expandir significativamente nosso comércio com a China, uma vez que é capaz de carregar mais do que todos os contêineres que estão atualmente no Porto de Salvador.
Há também uma questão nas relações Brasil/China que diz respeito à Bahia: a inclusão do Brasil, mesmo que de maneira não oficial, mas fundamentada em iniciativas que apresentem uma sinergia clara entre as nações, na "Nova Rota da Seda" — um enorme projeto de infraestrutura com investimentos aproximados de US$ 1 trilhão em vários países, no qual a Bahia pode se conectar, caso conte com ferrovias e portos competitivos.
A relação entre a Bahia e a China é uma realidade consolidada, o que torna a visita de Xi Jinping ao Brasil crucial para o comércio e os investimentos na Bahia. Hoje em dia, no que diz respeito à ampliação de oportunidades de negócios, aprender mandarim é mais vantajoso do que o inglês.